Ampola contendo 5 ml do imunizante Oxford/AstraZeneca utilizado na vacinação contra Covid-19 — Foto: ALLISON SALES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O governo de São Paulo anunciou nesta sexta-feira (10) à noite que irá vacinar com Pfizer quem estiver com a segunda dose da Astrazeneca atrasada. Só a cidade de São Paulo tem cerca de 200 mil pessoas com a imunização atrasada pela falta de imunizante nos postos de saúde (leia mais abaixo).
Poderá se vacinar quem estiver com a dose de Astrazeneca vencida entre os dias 1 e 15 de setembro. A vacinação deve ocorrer a partir da próxima semana.
Durante o final de semana, o governo de São Paulo afirmou que vai entregar aos municípios 400 mil doses de Pfizer extras que chegaram nos últimos dias ao estado e serão remanejadas para a aplicação desta segunda dose. Os municípios também poderão aplicar vacinas da Pfizer que eventualmente tiverem em seu estoque.
A intercambialidade das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca foi chancelada pelo Comitê Científico do Governo do estado e pelo Programa Estadual de Imunizção, que embasaram a decisão em estudos da Organização Mundial de Saúde e orientações do próprio Ministério da Saúde. A decisão também foi aprovada em deliberação bipartite com o Conselho dos Secretario Municipais de Saúde de São Paulo (Cosems).
Também nesta sexta, o governador João Doria (PSDB) afirmou que que vai entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) caso não receba cerca de 1 milhão de doses da AstraZeneca que, segundo ele, estão em atraso e seriam destinadas para a aplicação da segunda dose no estado de São Paulo.
"O Ministério deve, sim, um milhão de doses da AstraZeneca e, se não der por aquilo que representa a proporcionalidade de São Paulo e seus 645 municípios, dará por determinação do STF, porque se nós não recebermos a vacina até a próxima terça-feira, como é a promessa do Ministério da Saúde, nós ingressaremos com outra medida no Supremo", afirmou.
Doria também disse que o governo do estado já enviou dois ofícios ao governo federal, até quinta-feira (9), cobrando o envio da vacina que deveria ter sido repassado ao Plano Nacional de Imunização (PNI), mas não obteve resposta.
A falta do imunizante impede que a população complete o ciclo vacinal contra a Covid-19. O problema ocorre desde o início da semana, e gerou um novo impasse entre as gestões estadual, municipal e o Ministério da Saúde.
Tanto governo do estado como a prefeitura da capital paulista acusam o governo federal de alterar cronograma de envio, atrasar repasse de lotes e provocar desabastecimento dos postos, principalmente na cidade de São Paulo.
Já o Ministério da Saúde afirma que "não deve segunda dose de vacina Covid-19 da AstraZeneca ao estado de São Paulo". Segundo o governo federal, o desabastecimento teria ocorrido porque o estado utilizou parte do imunizante destinado à segunda dose em aplicações de primeira dose.
"Dados inseridos por São Paulo no LocalizaSUS mostram que o estado utilizou como primeira dose vacinas destinadas à dose dois. O estado aplicou 13,99 milhões de dose 1 e 6,67 milhões de dose 2."
Capital paulista
Na manhã desta sexta-feira (10), quase 100% dos postos de saúde da cidade de São Paulo já não tinham mais nenhuma dose disponível.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB), que também participou da coletiva de imprensa após o lançamento de um programa estadual de auxílio aos empreendedores informais, negou que o município tenha usado vacinas para aplicação da primeira dose.
"A Prefeitura de São Paulo, ela não utilizou a vacina da AstraZeneca ou de qualquer outra de segunda dose como primeira dose", declarou.
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Contradição
Mais cedo, Nunes disse que até a próxima semana, serão mais de 340 mil doses em atraso. No total, a cidade precisa de 1,721 milhão de doses da AstraZeneca para completar a vacinação da população que já recebeu a primeira dose do imunizante até dezembro.
De acordo com o prefeito, o problema poderá ser solucionado com a utilização da Pfizer como segunda dose. Entretanto, a declaração contradiz o que o próprio secretário da saúde do munícipio vem afirmando desde a semana passada: a cidade também já registra falta de doses da Pfizer.
Na semana passada, Edson Aparecido havia dito que a capital passaria a priorizar a aplicação da Pfizer para doses de reforço na população idosa, quando recebesse um novo lote da vacina, previsto para chegar no dia 15 de setembro.