Obra do córrego Baronesa, em Osasco, tomada pela chuva que caiu na Grande São Paulo nesta segunda-feira (10). — Foto: Arquivo pessoal
Uma das cidades mais atingidas pela chuva que caiu na Grande São Paulo nesta segunda-feira (10), o município de Osasco decretou “estado de calamidade pública” e ainda conta os estragos da enxurrada. Entre os prejuízos do município está uma obra de combate às enchentes orçada em R$106 milhões, que ficou completamente debaixo d’água no Jardim Baronesa.
Iniciada em 2014 com o prazo de trinta meses para ser entregue, a canalização do córrego Baronesa conta com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC) e deveria ter sido finalizada em 2017. O objetivo da obra era justamente acabar com as enchentes no bairro, que faz divisa com o Jardim Rochdale e é sempre um dos mais atingidos pelas enxurradas na Região Metropolitana de São Paulo.
Obra contra enchentes em Osasco está atrasada
Segundo os moradores da área, a canalização foi várias vezes paralisada. A última delas durou quase um ano, segundo eles, tendo sido retomada no início de janeiro.
Os constantes atrasos impediram a finalização da obra e, com as chuvas desta segunda-feira (10), os prejuízos para a população devem ser ainda maiores, já que máquinas, equipamentos e materiais de construção foram cobertos ou carregados pela enchente.
“Não temos nenhuma previsão de volta ao trabalho porque, além da chuva ter coberto todo o equipamento, o solo encharcado impede a retomado da obra”, conta um dos empregados do Consórcio Constran Eit, responsável pela obra.
Máquinas e equipamentos da obra foram cobertos pela chuva que caiu no Jardim Baronesa nesta segunda-feira (10) — Foto: Arquivo Pessoal
Promessas e atrasos
No total, o córrego Baronesa tem cerca de 2.420 metros para serem canalizados. O objetivo também é alargar e aprofundar o trecho, que é conhecido como “Braço Morto do Rio Tietê”, para dar mais vazão às águas da chuva.
De acordo com os moradores da região, na última terça-feira (7), o prefeito de Osasco, Rogério Lins (Podemos), esteve no local para vistoriar o andamento da obra. Ele prometeu terminar ainda este ano a canalização de pelo menos um dos trechos de 200 metros, que liga as avenidas Loureço Belloli e Presidente Médici.
Procurada pela reportagem do G1, a Prefeitura de Osasco confirmou que deve entregar pelo menos o trecho do Jardim Baronesa em até 90 dias. Por meio de nota, a gestão Rogério Lins afirma, porém, que a canalização total do córrego não tem data para ser concluída.
“Assim que a situação estiver normalizada, as obras serão retomadas e têm prazo de 90 dias para a canalização. A obra em sua totalidade é complexa e depende, inclusive, da remoção de famílias que estão em áreas irregulares”, diz a prefeitura. (veja íntegra da nota abaixo)
Os atrasos constantes, segundo a administração municipal, são reflexo do contingenciamento de recursos do governo federal nos últimos anos.
“A obra em questão integra o pacote de intervenções com recursos do PAC 2 (Plano de Aceleração do Crescimento), do Governo Federal. A obra estava paralisada aguardando transposição de recursos, tendo sido retomada há um mês”, declarou a nota.
A Prefeitura de Osasco lamentou mais uma enchente na região e disse que a nova cheia no bairro é reflexo do transbordamento do rio Tietê, que impede a vazão das águas no córrego Baronesa.
O prefeito de Osasco, Rogério Lins (Podemos), durante fiscalização das áreas atingidas pela enchente desta segunda-feira (10). — Foto: Divulgação
Menino soterrado
Com as chuvas intensas desde segunda-feira (10), Osasco registrou deslizamentos de terra no Morro do Socó, extremo Norte da cidade, deixando um menino de 8 anos ferido. A criança foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e continua internada em um hospital de Barueri, na Grande São Paulo.
De acordo com a prefeitura, foram removidas 81 famílias de áreas com possível risco. São quase 200 pessoas que não têm para onde ir e estão sendo encaminhadas para o Centro de Acolhimento da cidade e para o Centro de Educação Unificada (CEU) das Artes, do Jardim Bonança.
A maioria das famílias desalojadas optou por seguir para casa de parentes. Mas ao menos 13 famílias foram instaladas no CEU das Artes, onde estão sendo oferecidos café da manhã, almoço e jantar, segundo a prefeitura.
As equipes de Assistência Social e da Defesa Civil de Osasco estão realizando uma triagem dessas famílias removidas das áreas de risco. Elas serão encaminhadas para a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano da cidade, onde serão incluídas no cadastro no Bolsa Aluguel, de acordo com o balança oficial divulgado pela administração local.
G1 sobrevoa com drone região atingida por deslizamento no Morro do Socó
Veja a íntegra da nota da Prefeitura de Osasco:
"A obra em questão integra o pacote de intervenções com recursos do PAC 2 (Plano de Aceleração do Crescimento), do governo federal. A obra estava paralisada aguardando transposição de recursos, tendo sido retomada há um mês. A situação ocorrida nessa madrugada é reflexo do transbordamento do Rio Tietê. Com o transbordamento do Tietê não há vazão para as águas do córrego. Assim que a situação estiver normalizada, as obras serão retomadas e têm prazo de 90 dias para a canalização. A obra em sua totalidade é complexa e depende, inclusive, da remoção de famílias que estão em áreas irregulares. Ressaltamos que trata-se de uma situação atípica, provocada pelas fortes chuvas que transbordaram o Rio Tietê. Após concluída, as obras beneficiarão centenas de famílias daquela região".
Osasco (SP) está em estado de calamidade por causa das fortes chuvas
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