Carol Gattaz, central da Seleção Brasileira de Vôlei nos Jogos Olímpicos de Tóquio, com a medalha de prata — Foto: Nathalia Sanches/G1
Estreante em Olimpíadas nos Jogos de Tóquio, prata aos 40 e dona do título de medalhista olímpica mais velha do Brasil, Carol Gattaz afirma que o apoio dos professores durante a época de escola foi fundamental para ela seguir no esporte.
Em entrevista ao G1, a central da seleção brasileira de vôlei nos Jogos Olímpicos de Tóquio voltou ao passado e relembrou a relação com os esportes durante a adolescência, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo.
“Eu sempre amei e tive muita facilidade com esportes. Era engraçado porque eu sempre fui muito hiperativa, então no colégio eu não queria ficar parada. Eu queria jogar de tudo. Eu jogava futebol, basquete, handebol, vôlei”, conta Carol.
“Foi muito bacana e importante esse começo e esse incentivo que eu tive na escola, com professores que eu adorava. Um deles me acompanha até hoje.”
Carol Gattaz comemora vitória do vôlei feminino — Foto: REUTERS/Valentyn Ogirenko
Mas ao contrário do que parece, o vôlei não foi a primeira paixão da rio-pretense. Apesar do gosto pelo esporte, a modalidade era a menos praticada por Carol na escola. O interesse surgiu apenas aos 15 anos, assistindo pela televisão ao Campeonato Mundial de Vôlei, em 1984.
“Eu comecei a me interessar, comecei a brincar de vôlei e dois anos depois o clube de Rio Preto começou a ter um time, que ia ser federado. Eu já jogava basquete pelo clube, aí eu comecei a jogar vôlei também. Mas como não tinha time feminino de basquete, acabou que eu fui para o vôlei e me apaixonei”, relembra a vice-campeã olímpica.
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A partir daí, Carol não saiu mais da quadra. Ela disputou campeonatos pelo clube rio-pretense até o fim da adolescência, quando foi convidada para jogar no time de São Caetano do Sul. Algumas das primeiras conquistas foram vitórias no regional e estadual.
O destino no esporte estava traçado, mas Carol conta que o voleibol se tornou uma profissão de forma natural.
“Eu gostava muito de esportes e foi uma coisa que eu fui meio que sem saber. Eu gostava, queria jogar, mas falei que se não desse certo, voltaria para casa. Fui para São Paulo, comecei a jogar em seleção paulista, seleção brasileira juvenil. Aí fui começando minha carreira e não voltei mais.”
Carol Gattaz, central da Seleção Brasileira de Vôlei nos Jogos Olímpicos de Tóquio, com a medalha de prata — Foto: Nathalia Sanches/G1
Ao longo da trajetória, a lista de conquistas foi aumentando: duas pratas em campeonatos mundiais, pentacampeonato no Grand Prix de Voleibol, pentacampeã da Superliga Brasileira de Vôlei Feminino, tetracampeã Sul-Americana, tricampeã Sul-Americana de Clubes, vitórias pelo Minas Tênis Clube. Mas a medalha olímpica ainda era um sonho.
Cortada às vésperas de Pequim 2008 e fora do grupo de Londres 2012, Carol admite ter tido medo de não defender a seleção brasileira pelos Jogos de Tóquio por conta da idade, apesar de não considerar um impeditivo.
“Eu pensava se eles iam querer me levar, pelos vários riscos que tem uma atleta de mais idade, como riscos de lesões, de cansaço. Porque as Olimpíadas são campeonatos de tiros curtos, um jogo atrás do outro. Mas eu joguei na Liga das Nações antes e fui super bem, consegui manter o nível e administrar tudo, então eu sabia que conseguiria”, diz.
“Eu acho que eram mais as pessoas que tinham esse receio [de idade]. As pessoas que colocam limitação. Para mim, idade é só um número. Eu não sinto que eu tenho 40 anos. O meu espírito é jovem, e enquanto o meu espírito for jovem, eu vou prolongar a minha carreira”, destaca Carol.
Ao G1, a estreante aos quase 40 conta ter demorado para “cair a ficha” após a notícia de que estaria no Japão.
“Foi uma alegria enorme. Parecia que todo o filme das vezes que eu fui cortada passava pela minha cabeça. Eu não estava nem acreditando. Aí a ficha foi caindo, as coisas foram acontecendo, a gente foi treinando, chegamos em Tóquio. Realmente foi um sonho.”
Mas apesar da idade, a rio-pretense prefere não falar sobre aposentadoria.
“Este ano ainda tem o Sul-Americano, que é a disputa de vagas para o Mundial do ano que vem. Não gosto de falar de aposentadoria; falo dia após dia, ano após ano. Paro de jogar pela seleção, porque acho que tem que haver renovação, mas se eu puder contribuir futuramente em algum fundamento, quem sabe?”.
Carol Gattaz fala da conquista do vôlei nos Jogos Olímpicos de Tóquio
*Sob supervisão de Heloísa Casonato
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