Corte de verba superior a 20% pode prejudicar os quatro Institutos Federais de Educação da região. Bolsas de alunos devem ser reduzidas e obras de expansão serão paralisadas. O Ministério da Educação (MEC) nega cortes e diz que houve um “contingenciamento de recursos”.
O IFSP de Matão vai receber R$ 350 mil a menos do que recebeu em 2015. “Diminuiu o consumo de energia, de água. A gente teve que diminuir a quantidade de vigilantes que a gente tinha contratado. A gente tem um vigilantes para o campus inteiro no período diurno, então a situação está chegando num ponto que a gente não tem mais de onde tirar”, afirmou o diretor administrativo do IFSP de Matão, Claudemir Mariotti Júnior.
O local só tinha 347 alunos, mas agora já são mil e a previsão para o ano que vem é que cheguem mais 300. “Cortando esses 20% corta livros da biblioteca, corta reagentes que nós necessitamos para as aulas práticas para saber como aplicar. Esses cortes vão afetar diretamente no nosso ensino”, explicou o estudante Mateus Salgaço.
Bolsas serão reduzidas
A estudante Carolina Veloso, que veio de São Paulo, ganha uma bolsa de R$ 400 para pesquisa. O benefício que ajuda no orçamento dela e de outros 30 alunos também deve ser reduzido, atendendo apenas 12. “Eu sou uma aluna que precisa não só do dinheiro, mas da parte científica também e muitos alunos vão perder a oportunidade de ter no currículo”, afirmou.
Em todas as unidades do IFSP a preocupação com o corte é a mesma. “A gente parou de receber os auxílios estudantis. Alguns pararam, alguns tiveram apenas cortes”, disse o estudante Calvin Guidoni, do IFSP de São João da Boa Vista.
Obras ficarão no papel
Como o IFSP é relativamente novo e só tem oito anos nem toda estrutura está pronta. Só que o dinheiro reservado justamente para as obras de expansão sofreu um corte ainda maior, passando de R$ 33 milhões para R$ 3 milhões no estado.
O campus de Matão fica em um terreno com 45 mil metros quadrados, mas hoje só 5 mil metros quadrados são ocupados pela construção. O projeto inicial previa várias ampliações, como a construção de uma quadra poliesportiva, um novo laboratório e, ainda pra esse ano, de um restaurante universitário.
de verbas federais (Foto: Reprodução/EPTV)
Com o novo orçamento, o que fica decidido é que, pelo menos por enquanto, nada disso vai sair do papel. “Nós não temos restaurante universitário, tem que contratar uma empresa terceirizada para fornecer e isso onera muito o nosso orçamento. A gente não tem quadra poliesportiva para oferecer para nossos alunos e temos que depender de um acordo com uma escola vizinha. A gente não consegue manter o mínimo para nossos alunos”, afirmou Mariotti Júnior.
Economia
Já a direção da unidade de São João ainda não sabe bem como vai remanejar os gastos. Por enquanto orienta os servidores a economizar com o que for possível. “Estamos analisando todos os nossos contratos continuados e negociando com os fornecedores uma possibilidade de reajuste. Nós temos várias licitações, vários processos que estão tramitando. Muitas coisas nós já compramos e algumas coisas, com esse corte, estamos impossibilitados de comprar”, disse o diretor adjunto administrativo do IFSP de São João, João Paulo Pereira.
A assessoria do MEC informou que não houve cortes em nenhum IFSP e o que aconteceu foi um contingenciamento de recursos. Disse ainda que o MEC não trabalha com a perspectiva de fechamento de qualquer instituição de ensino.