Pública (Foto: Reprodução/Facebook)
O proprietário do Seven 7 Pub, onde o transexual Bernardo Gonçalves afirma ter sido agredido, conversou com o G1 nesta sexta-feira (23) e deu sua versão do episódio. Ele disse que o segurança nega ter agredido verbalmente o rapaz, que não pediu desculpas por acreditar que os dois lados estavam errados e que concorda que os funcionários passem pelo treinamento oferecido pela Divisão de Políticas para Diversidade Sexual da Prefeitura.
"O bar é frequentado por todo tipo de público, é um dos pontos mais antigos da cidade. Foi a primeira vez que houve um problema desse tipo. Sempre tratei com respeito, sem rotular, mas por formação própria, não conhecia as leis. Tenho, inclusive, um funcionário bissexual trabalhando lá. Como sou homofóbico?", afirmou o empresário Fábio Martello.
Em sua denúncia, Bernardo alegou que foi agredido por um homem enquanto estava na fila do banheiro, que o segurança do estabelecimento apoiou a opinião do agressor e que a esposa deste usou palavras vulgares para ofendê-lo.
Após a repercussão da briga, Martello disse que conversou com o segurança e o que funcionário negou ter concordado com o cliente. "O bar não costuma ter briga. O segurança está lá mais para garantir que as pessoas não vão sair das mesas sem pagar e ele jura que não falou nada. Agora ele está com medo de trabalhar, não quer mais ir ao pub".
Começo da discussão
"Não vi o que aconteceu na fila. Segundo o suposto agressor, o Bernardo se ofendeu enquanto esperava para usar o banheiro masculino e deu um tapa em seu rosto. Quando me aproximei, o Bernardo já estava no banheiro e pedi para o suposto agressor se retirar", disse Martello.
O empresário contou que, quando Bernardo saiu do banheiro, pediu que ele ficasse do lado de dentro do bar. "Notei que o homem começou a subir a rua com a esposa. Fui até eles e, quando olhei para o lado, vi o Bernardo. Nesse momento, a mulher usou palavras baixas, foi homofóbica, e o homem afirmou que não admitia 'apanhar de uma mulher'. Isso aconteceu do outro lado da rua do bar, na calçada quase em frente à Câmara Municipal".
Martello disse que conhecia o casal apenas de vista e que pediu para o segurança não deixar que o homem e Bernardo se agredissem, que ameaçou impedir a entrada de todos no bar se não parassem de brigar e que os ânimos se acalmaram, mas por pouco tempo. "Pedi para o segurança cuidar principalmente do Bernardo porque o outro homem era mais forte e a mulher continuava falando. Dali a pouco as ameaças começaram de novo, falei mais uma vez que não entrariam no bar e o suposto agressor foi embora. Ele ficou rodeando o bar e chamei a Polícia Militar, mas, quando os policiais chegaram, não havia mais ninguém".
Questionado sobre a repercussão junto aos clientes que estavam no local no momento, ele disse que a noite seguiu como de costume e que não identificou quem começou a briga na fila. "Se soubesse, segurava todo mundo para entender o que aconteceu. Agora estamos sem provas, só com versões".
agressão (Foto: Bernardo Gonçalves/Divulgação)
Posição
Martello afirmou que, ao ver o post de Bernardo denunciando a agressão, mandou uma mensagem pedindo que ele passasse seu telefone para que pudessem conversar. "Ele não quis passar. Pedi que retirasse o post, ele falou que não ia apagar. Aí postei uma mensagem para me defender. Pessoas que não me conheciam começaram a me xingar, me humilhar, sugerir boicote ao bar, linchamento, incêndio e coquetel molotov. O Bernardo se ofendeu com eu escrever 'ela', mas não sei como mencionar, não sei qual é o jeito certo".
Questionado sobre por que não pediu desculpas, Martello afirmou que Bernardo destacou em seu post que ele não tinha culpa e que os dois lados, Bernardo e o suposto agressor, estavam errados. "Eu fiquei com vontade de pedir desculpa para os frequentadores do bar porque achei desrespeito das duas partes brigar lá dentro".
Também afirmou que o banheiro do estabelecimento é aberto para todos e justificou a demora em se pronunciar. "Não falei antes com a imprensa porque não estava bem de saúde e não fui ao encontro na Prefeitura porque meus filhos, de um ano e um mês e dois anos e cinco meses, estão de férias da creche e precisava ficar com eles naquele dia. Para vir conversar com vocês, por exemplo, minha mãe fechou o salão de beleza e ficou com os meninos".
Por fim, ele destacou que aceita que os funcionários passem por treinamento. "Eu topo a reunião, é só a gente encontrar uma boa data e combinar. Treinamentos são importantes. Meus funcionários são fenomenais, atenciosos e não quero que se sintam humilhados por acharem que não sabem lidar com todos os públicos. Mas não conhecemos as leis, quais medidas tomar, se em casos assim devemos segurar as testemunhas".