Homem é cercado por 'nuvem' de moscas e se diverte em cemitério de Iguape, SP
Um servidor público municipal foi cercado por uma 'nuvem' de moscas enquanto trabalhava em um cemitério de Iguape, no litoral de São Paulo. Apesar do incômodo com os insetos, Renato Pereira, de 47 anos, encarou o momento com bom humor e gravou um vídeo (assista acima).
"Só para registrar o carinho que essas mutucas [tipo de mosca] têm com a gente que chega aqui. É um carinho, uma alegria tão grande", brincou o servidor. "É que nem um cachorro em casa, beija orelha, beija o nariz, aquela alegria. Se você abrir a boca, beija até a sua língua", continuou.
Homem é cercado por 'nuvem' de moscas e se diverte em cemitério de Iguape (SP) — Foto: Arquivo pessoal
Renato contou ao g1 que trabalha há 12 anos fazendo manutenção no Cemitério do Prelado, no bairro Vila Garcês. De acordo com ele, as moscas sempre aparecem em 'bando' no começo de novembro e somem no final de dezembro.
O servidor afirmou que os insetos "incomodam bastante", fazendo a pele doer e coçar. No entanto, ele explicou não ter encontrado nada para espantá-los, então passa todo o período de trabalho com uma 'nuvem' de moscas na cabeça. "Inseparável", brincou Renato, que disse estar acostumado.
As imagens mostram as moscas ao redor do servidor, sendo que algumas chegaram a pousar no rosto dele e na câmera do celular. Em determinados momentos, é possível escutar o zumbido dos insetos.
"É tudo butuquinha [tipo de mosca] carinhosa. Você está aí de bobeira, não tem para onde ir? Vem para cá, olha aí que maravilha", disse Renato no vídeo gravado em 1º de novembro. "Não esquenta a cabeça com a mutuca, hein?", finalizou.
🪰 Moscas
Mosca da espécie conhecida como 'mutuca' — Foto: Pedro Cattony/Instituto Butantan
O biólogo e parasitologista Fábio Lopes explicou ao g1 que os insetos que cercaram Renato são moscas, mas não é possível afirmar que tratavam-se da espécie conhecida como mutuca, citada pelo homem no vídeo. Segundo o especialista, a identificação depende da análise de alguns exemplares.
Em geral, de acordo com Fábio, as moscas "lambem" os seres humanos. Mas, o especialista explicou que as mutucas fêmeas, da família Tabanidae, são uma das exceções e "picam" animais e pessoas para se alimentarem de sangue.
Sobre o período de novembro a dezembro, citado pelo servidor público, Fábio disse que as moscas realmente estão mais ativas durante a primavera e o verão. Depois disso, ele explicou que elas não somem. "A presença é menos incômoda pois a população diminui [há menos locais para a deposição de ovos]".
☁️Nuvem
Morador de Iguape (SP) foi cercado por moscas em cemitério da cidade — Foto: Arquivo pessoal
De acordo com o biólogo, a 'nuvem' de moscas se forma em torno de animais e seres humanos por interesse, seja para lamber, picar ou aproveitar matéria orgânica em decomposição, ou não, para a deposição de ovos.
Fábio ressaltou que os cemitérios têm tudo o que as moscas precisam e, por isso, são locais com grandes concentrações dos insetos.
"O ideal é sempre estar preparado para situações como esta, se for fazer trilhas ou frequentar lugares de matas, desconhecidos", explicou Fábio. "Afaste-se quando perceber a nuvem e não perca tempo tentando espantá-las ou matá-las", acrescentou ele.
Para evitar o 'ataque', segundo o especialista, a pessoa deve estar com repelente e chapéu com um véu no rosto. As roupas leves e claras de mangas e calças compridas também são ideais para facilitar a detecção da mosca no corpo.