Sites internacionais apontam que vestígios do homem foram perdidos após ter, supostamente, matado um homem em Montenegro — Foto: Reprodução
A morte do sérvio Darko Geisler, inicialmente identificado como um esloveno chamado Dejan Kovac, repercute na imprensa internacional. Sites de notícias do país onde nasceu o procurado pela Interpol, suspeito de ser matador de aluguel, especulavam que ele sequer estaria vivo, pois "todos os vestígios dele teriam sido perdidos" há cerca de uma década. (entenda mais abaixo).
Geisler foi executado na Rua São José, no bairro Embaré, em Santos, na última sexta-feira (5). O sérvio chegou a ser resgatado consciente pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas sofreu uma parada cardiorrespiratória a caminho da Santa Casa da cidade e morreu.
O site sérvio Bric publicou sobre a suspeita de que ele teria usado uma identidade falsa no Brasil. Ainda de acordo com a página, a mídia internacional aponta que Darko Geisler teria morrido após um assassinato cometido em dezembro de 2014.
Título de matéria do site sérvio Bric sobre o homem, assassinado em Santos (SP) — Foto: Bric/Reprodução
Outro site de notícias sérvio, o Kurir, afirmou que ele era acusado pela morte de Andrija Mrdak, no dia 25 de dezembro daquele ano, em frente à entrada do presídio de Spuž, em Montenegro. O homem estaria visitando o irmão na prisão e, assim como Geisler, morreu na frente da esposa.
A polícia de Montenegro o procurava desde o assassinato, depois de terem encontrado vestígios do DNA de Geisler na cena do crime.
Clandestino
A Polícia Civil em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (11) informou que o homem usava o nome falso, de um esloveno, e vivia clandestinamente no Brasil há 9 anos.
Geisler estava em posse de um passaporte de nacionalidade eslovena, levando a polícia a acreditar que ele havia nascido no país. No curso das investigações, segundo apurado junto ao consulado da Eslovênia, ficou comprovado que o documento não era dele. A numeração mostrou que o passaporte pertencia a um cidadão esloveno e que havia sido extraviado em 2017.
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Mesada da família
Geisler não tinha documentos brasileiros, tampouco uma fonte de renda ativa. Ele vivia de rendimentos enviados pela família mensalmente, de um comércio que teria no leste europeu.
Esposa e filho
Antes da Polícia Civil descobrir a real identidade do estrangeiro, a esposa de Geisler disse não ter conhecimento sobre o passado do marido. Segundo a Polícia Civil, o casal se conheceu entre 2015 e 2016, em São Paulo. Eles vieram morar na Baixada Santista em 2017.
Um fato que chamou atenção da polícia é que o filho do casal, prestes a completar 4 anos de idade, é registrado somente com o sobrenome da mãe. Segundo a Polícia Civil, a esposa dele já prestou depoimento mas deve ser chamada novamente para prestar mais esclarecimentos.
Marceneiro e matador de aluguel
A equipe de reportagem havia apurado que o homem trabalhava no Brasil como marceneiro. Vizinhos e a funcionária de uma panificadora local o definiram como uma pessoa "reservada" e "tranquila".
O registro da Polícia Civil, porém, apontou que o nome de Darko Geisler constava na lista de 'difusão vermelha' da Interpol (leia mais sobre isso dois tópicos abaixo) como suspeito de ser "matador de aluguel".
Homem com criança na cadeirinha de bicicleta é executado em SP
Outros crimes
Ainda de acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Civil, contra Darko Geisler havia uma ordem de prisão internacional. Ele era integrante de uma organização criminosa que atua na Sérvia, segundo o registro, e era suspeito de cometer homicídios, além de portar armas e explosivos em Montenegro.
Retirado da lista de Difusão Vermelha da Interpol
Homem foi executado na frente da esposa e do filho em Santos (SP) — Foto: Reprodução e Yasmin Braga/TV Tribuna
Darko Geisler estava na lista de Difusão Vermelha, também conhecida como 'red notice', da Interpol.
Ela permite a prisão da pessoa que está em um país estrangeiro. Portanto, é válida para a detenção de quem está no Brasil e tem a custódia decretada em outro país, como é o caso de Darko, que vivia com documentos falsos.
A equipe de reportagem apurou que o nome e a foto dele deixaram de ser exibidos na lista de difusão vermelha da Interpol após a execução.
Homem com criança na cadeirinha de bicicleta é executado em SP — Foto: Reprodução
Assim que os investigadores enviaram uma cópia do passaporte ao consulado, o órgão informou que ele pertencia tinha sido perdido por um cidadão em 2017. O documento, inclusive, foi cancelado.
A Polícia Civil concluiu que a vítima da execução em Santos não era o esloveno Dejan Kovac, mas sim uma pessoa até então "desconhecida". A corporação localizou uma publicação em um site sérvio que mostrava um homicídio cometido por uma pessoa com traços "idênticos" aos do homem.
Foi quando acionaram o Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol) e também a Interpol. Segundo o BO, após tratativas com as autoridades sérvias, a corporação confirmou a identidade da vítima da execução como sendo de Darko Geisler
Quem matou sérvio?
Ainda segundo o delegado, há possibilidade, dentro das inúmeras que ainda se apresentam na investigação policial, de que esse homicídio esteja relacionado com a atuação do sérvio nos homicídios múltiplos praticados no leste europeu.
Investigações
A Polícia Civil, agora, investiga a vida do homem antes conhecido como Dejan Kovac no Brasil.
Homem executado na frente do filho era suspeito de ser matador de aluguel
Assassinato
O homem foi morto a tiros na frente da esposa e filho pequeno. Um vídeo, obtido pelo g1, mostra a criança em uma cadeirinha na bicicleta caindo no chão após a vítima ser executada (assista acima).
Nas imagens, é possível ver a vítima chegando de bicicleta ao prédio com o filho e a esposa, que aparece de vermelho em outra bike. Em seguida, um homem aparece por trás de Darko e atira algumas vezes antes de fugir.
De acordo com a PM, a corporação foi chamada para atender a ocorrência às 19h46. Inicialmente, o chamado citava que o autor dos disparos teria passado de bicicleta pelo local e atirado contra a vítima. Posteriormente, foi repassado que um carro preto teria sido utilizado no crime. As imagens não confirmam nenhuma das versões.
Pessoa 'reservada'
Uma fonte da Polícia Civil informou ao g1 que o homem trabalhava no Brasil como marceneiro. Vizinhos e a funcionária de uma panificadora local definiram o homem como uma pessoa "reservada" e "tranquila".