Culinaria #013

Por Mariane Rossi, g1 Santos


Culinária #013: Conheça os queijos brasileiros e aprenda a fazer batatas gratinadas

Culinária #013: Conheça os queijos brasileiros e aprenda a fazer batatas gratinadas

Os queijos brasileiros artesanais estão ganhando o interesse de muitos fãs da iguaria no exterior. Tanto que o presidente Lula presentou o presidente francês, Emmanuel Macron com cinco queijos brasileiros. Premiados e saborosos, tanto quanto os franceses, os queijos artesanais produzidos em solo brasileiro puderam ser comercializados há pouco tempo e por isso ainda são pouco reconhecidos pela população.

O registro do presente foi publicado nas redes sociais oficiais do presidente Lula em março. O presente foi dado pouco antes do almoço e oferecido ao presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio Itamaraty.

“O queijo francês é produzido no terroir de lá, com o ambiente, as regiões de lá, cada queijo é de um local. Aqui [Brasil], não é diferente. O queijo brasileiro tem suas próprias características, seu terroir, quem produz, a forma que produz, as técnicas utilizadas. As diferenças são territoriais. Qualidade, tem dos dois lados", explicou Maria de Fátima Gonçalves, professora de Gastronomia da Universidade São Judas.

Presidente Lula presenteou o presidente da França com queijos premiados, entre eles o produzido em Pardinho — Foto: Ricardo Stuckert/ Instagram/ Reprodução

Em 2022, Brasil foi considerado o 5º maior produtor de queijo do mundo. No ano passado, o país bateu um recorde e ganhou 81 medalhas no Mondial Du Fromage, um concurso internacional que acontece na França.

"O brasileiro precisa conhecer mais o seu queijo. Nós temos queijos muito bons, premiados até na França”, disse a professora.

Segundo a professora, o Brasil produz queijos em diversas regiões do país. “Tem queijo da ilha do Marajó, como tem queijo no Sul, em São Paulo, em Minas”, comenta ela. Os tipicamente brasileiros e mais conhecidos são o queijo minas padrão, o queijo coalho, o requeijão de corte e o queijo canastra.

“No mundo, tem mais de 3 mil tipos de queijos, só na França tem 400. O Brasil produz uns 100 e poucos. Pra você ver a diferença, da história, da região, da França em produzir os produtos dele com características próprias. São muito gostosos também, agradam o publico porque eles estão no mercado há muito mais tempo que os nossos queijos artesanais”, explica a professora.

Queijo Minas Artesanal Canastra — Foto: Devanir Gino/EPTV

O que são queijos artesanais?

Os queijos premiados são os artesanais porque são elaborados com leite cru, por métodos tradicionais, sem maquinários e tem maior presença do mestre queijeiro. Esses queijos podem ficar maturando por meses e até ultrapassar um ano em cavernas. Na maioria das vezes, são produzidos em pequena escala.

A exceção é o queijo canastra, de Minas Gerais. Desde 2008, ele é considerado Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, conhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “É uma região grande, produz em uma escala maior e voce consegue encontrar em outros locais que não só na região. Ela produz queijos de altíssima qualidade”, explica Fátima.

Em Minas, também existem outros tipos de queijo, como o Minas Frescal, Padrão e Artesanais, mas apenas 10 regiões podem dizer que são produtoras do Queijo Minas Artesanal ou QMA, como é conhecido.

Queijo GOA, de Aiuruoca (MG), foi dado para Presidente da França — Foto: Divulgação

Os escolhidos pelo presidente Lula:

  • O queijo canastra do Serjão, que ganhou bronze no Mondial du Fromage, na França, em 2021, e o super ouro na mesma competição. Ele tem uma casca crocante e enrugada devido ao mofo branco que se instala naturalmente no queijo.
  • O GOA Moderado, da cidade de Aiuruoca, de Minas Gerais. Com leite cru e integral feito na própria fazenda, a serra da Mantiqueira. Macio e adocicado, ele ganhou medalha de ouro em um concurso francês.
  • O Maranata Bronze, da cidade de Virginia, é um queijo de massa cozida, prensado e maturado por 100 dias. Ele conquistou a prata no prêmio Queijo Brasil em 2023.
  • O Lua Cheia, de Bueno Brandão, é baseado no camembert, tradicional queijo francês. Com leite e creme de leite pasteurizados, ele é produzido de forma manual, em pequenos lotes. É um queijo mole, suave e cremoso, com casca coberta por carvão vegetal e mofos. Ele foi medalha de bronze no World Cheese Awards na Noruega. Em 2022, ele foi considerado o melhor queijo da america latina.
  • O Cuesta, de Pardinho, é produzido no interior de São Paulo. Eles são elaborados com leite cru, maturados em prateleiras de madeira. Em 2023, quatro tipos produzidos em pardinho receberam medalhas no Mondial Du Fromage.

Queijo Lua Cheia, de Bueno Brandão (MG), foi dado para Presidente da França — Foto: Divulgação/Estúdio Cumaru

Legislação

Em 2022, o governo federal publicou Decreto que regulamentou a legislação (Lei nº 13.860/19) que trata da elaboração e comercialização de queijos artesanais a partir do leite cru.

O decreto prevê que os produtos alimentícios de origem animal produzidos de forma artesanal, com características e métodos próprios, tradicionais, culturais ou regionais, serão identificados por selo único com a indicação Arte.

“O selo ARTE, que certifica esse queijo além de ser controlado pelo Ministério da Agricultura, para saber se essa fazenda está produzindo queijo em condições higiênicas e sanitárias, que não vá causar nenhum problema de saúde para as pessoas que consomem”, explicou a professora.

Com a mudança, os queijos artesanais elaborados por métodos tradicionais, com vinculação e valorização territorial, regional ou cultural, passaram a ser identificados e também distribuídos de forma legal em todo o país.

Queijo Maranata Bronze, de Virgínia (MG), foi dado para Presidente da França — Foto: Divulgação

“A gente comia um francês de leite cru, mas não comia um brasileiro de leite cru porque era proibida a distribuição desses queijos aqui no Brasil. Há pouco tempo atrás, é que surgiu uma legislação que permitiu que esse queijo seja distribuído e ele possa passear pelo país”.

A textura, o aroma e sabor dos queijos artesanais brasileiros são únicos pois traduzem as características das regiões do nosso país. Basta, agora, é degustá-los em tábuas de frios e inclui-los em pratos e receitas.

Maria de Fátima Gonçalves, da Universidade São Judas, fala sobre os queijos artesanais — Foto: Danilo Santos

Batatas gratinadas com queijos

O chef de cozinha Marius Grewe, da Enoteca Decanter, em Santos, no litoral de São Paulo, mostrou ao g1 como fazer um gratin de batatas, ou seja, batatas gratinadas. Ele usou dois queijos brasileiros na receita: queijo minas padrão, que vai junto com as batatas, e o queijo tropeiro, para finalizar a receita.

O creme deve ser feito na panela, temperado com alho, sal e tomilho. Em seguida, ele recebe as batatas e o queijo. A mistura pronta vai para o forno para dourar dos dois lados. Em alguns minutos, as batatas gratinadas estão prontas. (veja detalhes da receita abaixo).

Chef de cozinha Marius Grewe, da Enoteca Decanter, mostrou como fazer um gratin de batatas — Foto: Mariane Rossi

Veja a receita abaixo:

Ingredientes

  • 1kg de batata escovada
  • 250 ml de creme de leite fresco
  • 2 dentes de alho
  • 3 galhos de tomilho
  • 250 gramas de queijo minas padrão

Modo de preparo: Em uma panela, coloque o creme de leite fresco, com o alho e o tomilho. Espere ferver e retire os temperos. Descasque a batata e corte em rodelas finas. Coloque as batatas na panela com o creme de leite e espere até que elas fiquem pré-cozidas. Adicione o queijo minas padrão ralado e mexa bem.

Despeje a mistura em uma forma untada. Se for individual, prefira utilizar uma forma de fundo falso. Leve para o forno pré-aquecido a 200 grais e deixe dourar de 25 a 30 minutos. Retire da forma, rale o outro queijo por cima e sirva em seguida. A receita serve até 4 pessoas.

Chef de cozinha Marius Grewe, da Enoteca Decanter mostrou ao g1 como fazer um gratin de batatas — Foto: Mariane Rossi/g1

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