Torta de banana famosa em Santos tem origem espanhola e segredo está na massa; conheça a história

A lanchonete, que lançou a torta, foi fundada em 1962 no Centro de Santos. Os donos eram espanhóis, da cidade de Sevilha, e batizaram o local com o nome da terra natal. Nessa época, eles começaram a produzir e vender a torta de banana. Por isso, a suspeita é que a receita tenha origem espanhola.

O comércio foi transferido para um prédio na avenida Ana Costa, na década de 60, onde permanece até hoje. Nessa época, o português Joaquim Fernandes comprou o local e deu continuidade a tradição da torta da banana.

“Já tinha uma certa fama. Do decorrer dos anos, quando ela foi feita, a gente foi aperfeiçoando até chegar no ponto de hoje. A gente continua mantendo a mesma receita”, conta o Marcelo Fernandes, filho de Joaquim, que comanda a lanchonete há 20 anos.

A receita da massa, segundo ele, é segredo. Mas, ele contou ao g1 alguns detalhes. Ela deve estar bem macia, para que a torta fique crocante. A massa é feita, basicamente, com farinha, leite, açúcar, sal e gordura. Depois, é misturada numa masseira aos poucos até dar o ponto. “O segredo dela é na mão, no tato que você vê se está no ponto ou não”, conta Marcelo.

Já o recheio de uma torta leva 24 bananas, além de açúcar e groselha. A banana tem que estar no ponto, bem fresquinha, e não pode estar verde. A torta é fechada com o restante da massa e levada para assar no forno. Antes de ir para a vitrine da lanchonete, ela ganha uma camada de açúcar polvilhado (veja como fazer no vídeo no início da reportagem).

Todos os dias são produzidas de 15 a 20 tortas de banana. “A gente faz uma remessa, para usar a tarde. Faz a tarde para a noite. Faz de noite para a manhã seguinte. Todo dia. É o dia inteiro fazendo torta”, conta Marcelo.

Há mais de 30 anos, Renato Santana é um dos cozinheiros responsáveis por preparar essa delícia. Com a receita na ponta da língua, é difícil errar na mão. E, mesmo depois de tanto tempo fazendo o mesmo preparo, se orgulha ao receber elogios dos clientes.

“Eu acho que é por causa do dom de fazer. Fazer com carinho, dá tudo certo. Isso que é o diferencial”

Na bancada do Sevilha, clientes novos e antigos. São gerações que entram em saem da lanchonete, sempre com os olhos voltados à torta de banana. “O pai trazendo os filhos e agora está trazendo os netos. Vem o pai, o filho e neto. Tudo junto”, diz, com orgulho, o proprietário.

A dona de casa Fernanda do Vale foi de Cubatão à Santos para saborear a torta com o marido e a filha. “Na minha adolescência, eu fiz Ensino Médio em Santos e a gente saia no intervalo para comer. Eu tinha 16 anos, na época. Daí, hoje eu falei: eu vou te mostrar [para a filha] a melhor torta de banana de Santos. E trouxe ela para experimentar”, conta Fernanda.

“A torta de banana é algo mágico. Gostosa. Você sai [daqui], o estômago não pesa e você sempre tem vontade de voltar para comer mais”, diz Carlos de Freitas, marido de Fernanda.

A filha do casal provou a sobremesa pela primeira vez. “Meus pais me trouxeram aqui para conhecer a torta e é realmente muito boa. Acho que tem algo diferente na massa, não sei explicar. Mas, é muito bom”.

A torta ficou tão famosa que alguns clientes encomendam uma inteira para a família toda. Outros pensam até em levar para fora do país. A verdade é que a torta virou uma referência de sobremesa na cidade. E, se depender dos clientes, ela vai continuar sendo por um bom tempo.

“Ela é boa, é gostosa. E, tem outras? Eu conheço só essa. Olha que fatia enorme!”, comenta a aposentada Sônia. Fernanda aposta que o diferencial é mesmo o recheio. “É bastante banana, ela é bem servida, a massa super leve. Não é aquela coisa doce, ela é bem agradável”

O proprietário nunca pensou em incrementar a receita ou inserir novos recheios no cardápio. Afinal, a torta virou um item indispensável na vitrine, uma tradição que o pai passou para ele e que até hoje está boca do santista. “Torta de banana tem várias. Vários lugares fazem. Mas, o pessoal fala em torta de banana e lembra de nós. Isso é bom, é gratificante. Sinal que é um bom trabalho, que tem sido feito ao longo desses anos”