Por Flávia Santucci, Rodolfo Tiengo, g1 Ribeirão Preto e Franca


Interdição na Rodovia Antônio Machado Sant'Anna, na região de Ribeirão Preto (SP), em meio a onda de incêndios — Foto: Nicolas Braga/ Arquivo pessoal

Desde quinta-feira (22), uma série de incêndios em vegetação no interior de São Paulo tem causado transtornos em diversas cidades. Motoristas ficaram sem visibilidade em diversas rodovias na região de Ribeirão Preto. Em Urupês, dois funcionários de uma usina morreram tentando controlar o fogo. O Governo do Estado criou um gabinete de crise para discutir soluções ao problema.

Na capital, o céu ficou cinza, com grande aspecto de poluição, devido à fumaça dos incêndios do interior do estado e também da Amazônia, no Norte do país. Segundo dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) desta sexta, todas as estações que medem a situação do ar na Grande São Paulo indicavam qualidade ruim ou moderada.

Na Rodovia Brigadeiro Faria Lima (SP-326), a fumaça formada pelas chamas causou um engavetamento entre sete veículos. Duas pessoas foram socorridas com ferimentos, de acordo com a EcoNoroeste, concessionária que administra o trecho.

O Centro Paula Souza informou que a Faculdade de Tecnologia (Fatec) em Sertãozinho (SP) cancelou as aulas presenciais no período noturno nesta quinta-feira devido aos incêndios.

A opção pelas aulas on-line, segundo a unidade, foi adotada com o objetivo de "preservar a segurança dos estudantes moradores das cidades vizinhas" e "também para evitar prejuízos acadêmicos dos alunos que não conseguem chegar à faculdade devido ao incêndio".

Um incêndio de grandes proporções que atingiu as margens da Rodovia Armando de Sales Oliveira (SP-322) também fez com que funcionários de uma usina que fica próxima ao local deixassem as instalações, em Sertãozinho.

Funcionários são obrigados a evacuar usina em Sertãozinho, SP, após incêndio em rodovia — Foto: Arquivo pessoal

A situação também é crítica em São José do Rio Preto (SP). Em 24 horas, bombeiros locais foram acionados para 60 ocorrências. Na região, foram registrados 335 focos de incêndio em quatro dias. Os incêndios suspenderam aulas em escolas e interditaram rodovia no noroeste paulista.

Em Urupês (SP), os funcionários de usina que morreram tentando combater o fogo estavam em um caminhão em uma área de pastagem. O veículo tombou e eles não conseguiram fugir das chamas.

Funcionários de usina morrem tentando apagar incêndio em Urupês (SP) — Foto: Reprodução / WhatsApp

O tempo seco e os ventos de pré-frontais favorecem propagação de incêndios que atingem todo o estado de São Paulo e o fenômeno é conhecido como 'plumas de fumaça', que é grandes nuvens de fumaça provocadas por queimadas são capazes até de encobrir o sol.

Imagem de satélite mostra avanço da coluna de fumaça sobre o estado de São Paulo — Foto: CPTEC/INPE

Em Iracemápolis (SP), a cortina de fumaça proveniente de um incêndio em uma mata às margens da Rodovia Dr. João Mendes da Silva Junior invadiu a pista. Essa é a terceira ocorrência de queimada na área da usina em dois dias.

Visibilidade prejudicada pela fumaça

Motoristas enfrentaram, nesta sexta-feira (23), interdições e condições perigosas de visibilidade em diferentes rodovias da região de Ribeirão Preto (SP) em função de uma onda de incêndios em vegetações e plantações de cana em meio à estiagem e ao calor extremos.

Até o início da tarde, diversos trechos sob concessão da Arteris ViaPaulista e EcoNoroeste nas rodovias Antônio Machado Sant'Anna (SP-255), Carlos Tonani (SP-333) e Cândido Portinari (SP-334) precisaram ser bloqueados totalmente devido à aproximação das chamas e ao acúmulo de fumaça, levando a congestionamentos.

Não havia confirmação de acidentes e feridos até a última atualização desta notícia.

"A maioria das liberações de tráfego ocorreu com o apoio da Polícia Militar Rodoviária, por meio do sistema de comboio, em apoio aos usuários. Todas as interdições foram sinalizadas e mensagens de alerta foram exibidas nos painéis das rodovias", informou, em nota, a Arteris Via Paulista.

Veja os locais afetados:

Congestionamento na Rodovia Cândido Portinari, em meio a incêndios na região de Ribeirão Preto (SP) — Foto: Isabela Diógenes/EPTV

SP-255 - Rodovia Antônio Machado Sant'Anna, em Cravinhos

  • km: entre 14 e 23
  • tipo de pista: dupla
  • interdição: total nos dois sentidos, por volta das 14h

SP-334 - Rodovia Cândido Portinari, em Jardinópolis

  • km: 320
  • tipo de pista: dupla
  • interdição: total nos dois sentidos das 13h55 às 15h20

SP-334 - Rodovia Cândido Portinari, em Brodowski

  • km: 342
  • tipo de pista: dupla
  • interdição: total no período da tarde.

SP-333 - Rodovia Carlos Tonani, em Barrinha

  • km: 98 na pista oeste/ 83 na pista leste
  • tipo de pista: dupla
  • interdição: total nos dois sentidos

Em nota, a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) também confirmou uma interdição no quilômetro 98 da Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-255), em Barrinha, devido a um incêndio de grande porte.

"Diante dessa situação crítica, a Agência reforça a importância de os motoristas evitarem essas rotas sempre que possível, buscando alternativas seguras para seus deslocamentos. Além disso, é fundamental que todos permaneçam atentos às atualizações constantes sobre as condições de tráfego, que estão sendo monitoradas em tempo real pelas equipes de emergência e pelas concessionárias responsáveis", comunicou.

Além dos locais com interdições, há outras rodovias que pedem atenção aos motoristas devido ao acúmulo de fumaça e à proximidade do fogo, como na Rodovia Brigadeiro Faria Lima (SP-326), no quilômetro 376, em Bebedouro (SP). Segundo a concessionária responsável, o trânsito flui normalmente.

Também afetada por interdições e muito fogo principalmente na quinta-feira, a Rodovia Armando de Salles Oliveira (SP-322) foi liberada por volta das 16h30 desta sexta-feira.

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Produtores repudiam incêndios

Em nota, a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana, que representa mais de 12 mil produtores de cana no país, repudiou o que definiu como incêndios criminosos que têm ocorrido em propriedades rurais da região de Ribeirão Preto e garantiu que os associados seguem as diretrizes do protocolo agroambiental "Etanol Mais Verde", que proíbe o uso de fogo na colheita da cana.

"Além disso, apoiam a campanha de combate e prevenção a incêndios da ABAG/RP (Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto), que trabalha proativamente contra as ocorrências de fogo no campo, e esclarece que os produtores de cana-de-açúcar e as usinas não são os responsáveis pelos incêndios e, sim, que atuam para afastar o fogo de suas produções", comunicou.

A organização enfatizou ainda que os incêndios prejudicam o meio ambiente, a segurança das pessoas e a rentabilidade dos produtores rurais.

"Diante da baixa umidade do ar, falta de chuvas e temperaturas elevadas, toda a cadeia de produção da cana-de-açúcar está mobilizada contra os incêndios e comprometida com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente."

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