Um carro roubado, munições e um carregador de submetralhadora foram encontrados em uma chácara próximo à Rodovia Anhanguera, em Ribeirão Preto (SP), na tarde desta terça-feira (5). Segundo a polícia, a propriedade foi alugada e usada para planejar o mega-assalto à empresa de segurança e transporte de valores Prosegur, na madrugada.
Segundo as investigações, 20 homens efetuaram três explosões para invadir o prédio da empresa, na Avenida da Saudade, e trocaram tiros com a Polícia Militar em vários pontos da cidade. O cabo Tarcísio Wilker Gomes, de 43 anos, foi baleado na cabeça na Rodovia Anhanguera, chegou a ser socorrido e morreu no hospital.
Até a noite desta terça-feira, nenhum suspeito havia sido preso. Em nota, a empresa Prosegur, alvo dos assaltantes, informou que nenhum funcionário foi ferido no assalto "e que está à disposição das autoridades e colaborando para o andamento das investigações". Ainda não há informações sobre o que foi roubado pelos suspeitos.
Chácara
Segundo o delegado Cláudio Sales Júnior, o proprietário da chácara, próximo ao Clube Recra de Campo, fez a denúncia sobre a utilização da propriedade pelos assaltantes. “Ele achou muito estranho a desordem deixada, além de encontrar todos os pertences e um carro e nos procurou”, afirmou.
Entre o material encontrado pela Polícia Civil dentro da chácara, foram apreendidas toucas ninja, luvas, munição de diversos calibres, carregador para submetralhadora, materiais para explosivos usadas no assalto a Prosegur e roupas camufladas. Galões de álcool e panos usados para apagar marcas de digitais também foram apreendidos.
Segundo o delegado, de dentro da propriedade saiu parte do planejamento do roubo. “O local pode ter sido usado para a finalização do crime antes da fuga. O planejamento poderia estar ocorrendo há meses, ou seja, a chácara pode ser apenas um dos núcleos usados pela quadrilha” disse Sales Júnior.
Carro roubado
Além do material usado no crime, os policiais encontraram também um carro roubado na fuga dos assaltantes. O veículo foi abandonado no local e reconhecido pelo proprietário, que também teve a casa invadida por cinco dos suspeitos.
“Quando olhei, vi um dos suspeitos em cima do muro pedindo para abrir o portão e mais quatro deles entraram, todos estavam armados e nervosos pedindo a chave do carro”, lembra o vidraceiro Natanael Moralis.
Ataque na madrugada
Segundo os moradores do bairro Campos Elíseos, os suspeitos chegaram ao local por volta das 4h30 em dez veículos. Um vídeo gravado por vizinhos registrou o barulho dos tiros disparados pelos assaltantes e o momento da explosão da empresa. Os tiros duraram pelo menos 40 minutos.
De acordo com o tenente da PM Tiago Pedroso, o grupo estava fortemente armado. "Eram diversos calibres, desde pistolas até fuzis 556, 762, ponto 50, que é munição antiaérea, então eles estavam bem equipados", disse.
Além do armamento de guerra, eles usaram explosivos para entrar no prédio da empresa de valores. "Ainda não temos informação de que tipo, mas usaram explosivos, granada não", comentou o policial.
Um explosivo deixado para trás pela quadrilha foi detonado no início da tarde desta terça-feira pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) de São Paulo.
Os suspeitos também atiraram contra dois transformadores de energia na Rua Basílio Gama, o que deixou 2.245 imóveis sem eletricidade, segundo a CPFL Paulista. A empresa informou que às 7h desta terça-feira, 80% do serviço já haviam sido restabelecidos.
PM assassinado
Durante a fuga pela Rodovia Anhanguera, parte da quadrilha atirou contra dois policiais que faziam patrulhamento pela via, por volta de 5h. Segundo a Polícia Militar Rodoviária, os agentes estacionaram no acostamento, desceram do veículo e deitaram no asfalto, na tentativa de se proteger.
O cabo Tarcísio Wilker Gomes, de 43 anos, foi baleado na cabeça, chegou a ser levado à Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE), mas não resistiu aos ferimentos. Gomes era casado e pai de um menino de 8 anos.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, até o momento, dois veículos usados pelo grupo foram apreendidos. O policiamento foi reforçado na divisa com Minas Gerais.