Os 189 funcionários demitidos pelo grupo educacional Cruzeiro do Sul - que adquiriu a Universidade de Franca (Unifran) em 2013 - farão uma assembleia na noite desta segunda-feira (27) para decidir se acatam ou não a proposta de conciliação do grupo. Em dezembro, a Justiça determinou, em caráter liminar, a reintegração de todos os trabalhadores dispensados devido a falta de negociação com o sindicato que representa a classe, sob a pena de multa de R$ 20 mil para cada funcionário. Em cumprimento à decisão, os funcionários foram readmitidos no dia 6 de janeiro e a negociação segue em andamento.
Em audiência realizada na sexta-feira (24) na Justiça do Trabalho em Franca (SP), representantes da Universidade Cruzeiro do Sul e de funcionários demitidos, debateram um acordo para que os funcionários recebam os direitos trabalhistas. O Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino e Educação de Franca negocia a permanência do plano de saúde, da cesta básica e de bolsas de estudos até o fim deste ano, e o pagamento de um salário extra aos trabalhadores com mais tempo de carreira.
"Uma votação será feita e se a maior parte concordar que a proposta é interessante, daremos fim a essa situação e todos serão oficialmente demitidos", disse Márcio Macedo, porta-voz dos funcionários administrativos.
Segundo Macedo, a expectativa é de que os funcionários aprovem a proposta de conciliação. “Do ponto de vista da estrutura psicológica dos funcionários, não tem como trabalhar com qualidade, porque foi tudo por água abaixo no momento em que houve a demissão em massa”, diz o porta-voz.
Um funcionário, que não quis ser identificado, disse que há uma grande instabilidade na central de atendimento e no setor administrativo da universidade desde os 189 empregados foram readmitidos por decisão judicial. “Dependemos de ordens que vêm de São Paulo para dar andamento no trabalho, mas está tudo muito travado. Estamos trabalhando sob muita pressão psicológica”, afirmou.
Demissões
A Unifran foi adquirida pela Universidade Cruzeiro do Sul em maio de 2013. No entanto, no dia 10 de dezembro, anunciou o desligamento de 189 funcionários da unidade educacional em Franca. De acordo com o grupo, 89 tutores e 100 funcionários do setor técnico-administrativo deixaram de fazer parte do quadro da Unifran em janeiro de 2014.
Entretanto, o Ministério Público do Trabalho em Ribeirão Preto (SP) instaurou inquérito devido à demissão em massa, considerada abusiva, já que o sindicato alegou não ter havido tempo hábil para negociação. A Universidade Cruzeiro do Sul justificou a decisão em razão de sobreposições de funções já existentes no grupo.
Em dezembro, a juíza Eliana dos Santos Alves Nogueira, da 2ª Vara do Trabalho de Franca declarou a nulidade das demissões e determinou o fim das dispensas até que fosse realizada a negociação prévia com a entidade sindical, sob pena de multa de R$ 20 mil por dia, multiplicada por cada trabalhador.
Além da reintegração, a Justiça determinou o pagamento dos salários até o dia da efetiva dispensa e a sua comprovação.
