18/05/2016 20h57 - Atualizado em 18/05/2016 21h06

Clientes de grupo preso por falsificar diplomas vão responder por crime

Mais de 300 pessoas compraram certificados, diz Polícia de Capivari (SP).
Suspeitos vendiam até certidão de casamento, preços chegavam a R$ 800.

Do G1 Piracicaba e Região

Um dos certificados apreendidos é de uma escola estadual  (Foto: Divulgação/Polícia Civil)Um dos certificados apreendidos é de uma escola
estadual (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

Grupo preso pela Polícia de Capivari (SP) por falsificação e venda de documentos pela internet oferecia histórico escolar, certificados de ensino médio, cursos técnicos e faculdades, RG, Carteira Nacional de Habilitação (CNH), atestados médicos e até certidão de casamento. Segundo a Polícia Civil, mais de 300 pessoas compraram os documentos e também responderão pelo crime de falsidade ideológica.

Prisão
Dois jovens de 21 e 25 anos foram presos na terça-feira (17). Com os suspeitos, foram apreendidos ainda computadores e papéis para impressão. Os homens foram encaminhados para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Piracicaba (SP).

A produção da EPTV chegou a "encomendar" um documento durante a apuração da reportagem investigativa, iniciada no ano passado (veja vídeo abaixo).

Na rede
Segundo um homem que, na rede social, se identificava como Ricardo Nascimento, os dados do cliente eram repassados a um funcionário público responsável por registrá-los no sistema de informática do governo do estado.

De acordo com informações enviadas à produção da EPTV pelo falsário, o valor do certificado variava segundo o tipo de documento. O preço médio era de R$ 600 e o prazo para entrega do certificado era de 24h.

 O criminoso chegou a dar sugestões de cursos técnicos. A Polícia Civil de Capivari também negociou um documento com objetivo de prender um dos suspeitos em flagrante, que depois entregou outros integrantes da quadrilha.

A qualidade da impressão chamou a atenção dos investigadores. Um dos envolvidos já tinha trabalhado em gráfica e conhecia programas de edição. Os certificados eram feitos na casa dele. O grupo produzia também RG, CPF, Carteira de Nacional de Habilitação (CNH) e até certidão de casamento.

Compradores
Segundo o investigador Mauro Roberto de Souza, havia mais de 80 grupos nas redes sociais que faziam anúncios de falsificação de documentos. "Geralmente, os criminosos publicavam o oferecimento do serviço à noite e, depois, durante o dia, apagavam as postagens na tentativa de burlar o trabalho da Polícia Civil", disse

"Na casa de um dos suspeitos, encontramos um arquivo, no computador, com mais de 300 compradores dos documentos falsos", detalhou.

Segundo a investigação, a dupla chegou a vender os documentos falsificados para centenas de pessoas, que faziam os pedidos pela internet. Os preços variavam de R$ 300, em caso de históricos escolares, até R$ 800, quando se tratavam de certificados de universidades públicas e privadas. Os dois jovens foram presos dentro das residências em Santa Bárbara d’Oeste (SP) e Americana (SP).

As entregas dos certificados e dos históricos escolares eram feitas em mãos pelos suspeitos, exceto em caso de pedidos de outros estados, quando os criminosos enviavam os documentos pelos Correios. No computador de um dos jovens, foram encontradas as matrizes dos materiais. Para falsificar os papéis, a dupla apenas colocava os nomes de quem fazia a solicitação no computador e realizava as entregas.

Investigação
A Polícia Civil já havia prendido outro integrante da quadrilha há dois meses. A investigação chegou  ao primeiro suspeito após uma denúncia enviada pela Polícia Federal de que o jovem vendia documentos falsos através de uma rede social. Depois de monitorar o Facebook do rapaz, os policiais prenderam o criminoso na Rodoviária de Capivari (SP) no dia 22 de março, enquanto fazia uma entrega.

Na ocasião, o computador do suspeito também foi apreendido e, através de informações armazenadas no aparelho, a Polícia Civil chegou aos outros dois jovens presos nesta terça-feira. A investigação não acredita que outras pessoas estejam envolvidas e agora deve chamar todas as pessoas que compraram os certificados falsos para prestar depoimento. Elas podem ser indiciadas por uso de documento falso.

Segundo o investigador Mauro Roberto de Souza, além de históricos e certificados, o grupo também falsificava documentos de identidade, CPFs, carteiras de estudante e comprovante de residências. "O tipo de falsificação era muito amplo, eles falsificavam vários tipos de documentos, mas a prioridade era histórico escolar e certificado. Tinha documento de escola estadual, curso técnico, faculdades e outras instituições", afirmou.

O documento mostrado pela Polícia Civil na foto acima é da Escola Estadual Vicente de Carvalho, em Guarujá (SP). ASecretaria Estadual de Educação informou ao G1 que a Diretoria Regional de Ensino de Santos (SP), que responde pelo município, não foi comunicada sobre nenhuma operação da polícia de Capivari (SP), nem de alguma suspeita de falsificação de documentos da instituição.

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Polícia Civil prendeu dois jovens por falsificação de documentos (Foto: Tonny Machado/Raízes FM)Polícia Civil prendeu dois jovens por falsificação de documentos (Foto: Tonny Machado/Raízes FM)

 

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