Alunos da Escola Estadual Raul Brasil têm primeiro dia de aula em faculdade de Suzano
A transferência dos alunos da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, para um novo endereço começou nesta terça-feira (29). Eles vão estudar no prédio de uma faculdade alugada pelo Estado durante uma reforma na unidade escolar.
A Escola Raul Brasil foi alvo de um massacre em março que deixou 7 estudantes mortos e 11 feridos.
De acordo com o governo do Estado, 2,3 mil alunos foram transferidos nesta terça-feira. Um prédio da faculdade foi destinado exclusivamente aos alunos da Raul Brasil por meio de um contrato de aluguel com valor mensal de R$ 44 mil.
Mesmo com os novos alunos, a faculdade continua com as aulas. Os estudantes da escola entram às 7h, e os universitários às 8h.
Flores em homenagem às vítimas do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano — Foto: Glauco Araújo/G1
A escola fica a 1 quilômetro de distância da faculdade. Durante a manhã, os alunos chegaram a pé e em um ônibus cedido pela Prefeitura de Suzano, que faz o trajeto entre a Raul Brasil e o prédio alugado.
Ainda assim, muitos estudantes que caminhavam até a Raul Brasil acrescentaram mais 16 minutos de caminhada até o novo prédio. "Esse ônibus é provisório. A gente vai usá-lo até o dia 2. Quando vamos ter o passe da Radial para poder pegar o ônibus", explica a estudante Maria de Paula Lima de 16 anos.
Alunos da Raul Brasil começam aulas em prédio de faculdade — Foto: Reprodução/ TV Diário
O transporte é alvo de reclamações dos pais dos alunos. Eles afirmam que o ônibus não é escolar e que falta um profissional para orientar os alunos, porque o coletivo tem só um motorista. "As crianças embarcaram em um ônibus e não houve controle de quem são as crianças que subiram e desceram aqui", observa Josmar Osmir de Oliveira que é pai de aluno da escola.
Oliveira ainda chama a atenção sobre falhas nas aulas dos alunos. "Professores de matemática e português sempre estiveram ausentes. O professor de educação física chegou agora há pouco tempo. E era só não faltar que teria nota. Eu não concordo com isso. Professores eventuais apareciam, mas professor de história não pode dar aula de matemática que não tem conhecimento para isso. Até lição é desenho e no final deixavam as crianças brincarem. Minha filha não vai para a escola para brincar. Se fosse assim eu a levaria para um parque e não uma escola."
Já Marilene Barbosa de Oliveira, mãe de uma aluna da Raul Brasil, aprovou o transporte. "Eu gostei da ideia sim. Minha filha também. E ela achou que é bom."
A Secretaria Estadual de Educação informou que a Escola Estadual Raul Brasil já conta com o professor de educação física. De acordo com a secretaria, um professor de matemática vai começar nesta quarta-feira (30) a dar aulas para o 6º ano e isso não foi feito nesta terça-feira (29) porque não havia aula da disciplina na grade horária.
Já sobre a ausência do professor de língua portuguesa, a secretaria destacou que foi uma falta pontual.
Sobre o transporte escolar, a Secretaria de Educação informou que os professores fizeram o controle dos alunos na entrada dos ônibus, e que eles também acompanharam todo o trajeto até a chegada à faculdade.
Reforma da Escola Raul Brasil, alvo de massacre, está sendo feita com verba da iniciativa privada — Foto: Secretaria Estadual de Educação/Divulgação
Reforma na Escola Raul Brasil
De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, o objetivo da obra é fazer com que os alunos tenham uma nova relação com a escola, que tem atualmente 980 alunos, além de 1348 no Centro de Estudos de Línguas.
A Secretaria Estadual de Educação informou que a obra que começa nesta terça-feira (29), tem prazo de término previsto para março de 2020.
O ano letivo termina em 16 de dezembro e o início das aulas do próximo ano ainda será no prédio alugado.
As obras terão custo aproximado de R$ 2,7 milhões. O valor é patrocinado por empresas parceiras por meio do projeto Ecofuturo, do Instituto Ecofuturo. "Não tem nenhum recurso público aqui nessa obra. Foi tudo doado pelas empresas privadas. E o Instituto Ecofuturo é quem faz todo o gerenciamento e a contratação da construtora", explica o diretor de projetos especiais da FDE, Romero Raposo.
Projeto para reforma da Raul Brasil, escola onde houve massacre em março — Foto: Secretaria Estadual de Educação/Divulgação
A escola deve receber a construção de novas áreas, incluindo um auditório, espaço para tatame e sala para criação de projetos em 3D, a reforma das salas de aula, do Centro de Ensino de Línguas (CEL), dos banheiros, cantinas e salas de leitura e informática.
Deve ser criada ainda uma área de 1,5 mil metros quadrados para uso comum, com ambientes de estar e descanso, que contará com paisagismo, além de um espaço destinado à prática de esportes, aulas ao ar livre e bicicletário.
A entrada para alunos na escola também vai mudar de lugar. Os prédios onde atualmente funcionam o Centro de Línguas e a casa do caseiro serão demolidos. "A gente vai fazer a demolição de algumas partes da escola, principalmente do CEL e de um bloco de sala de aula. Vamos construir um novo CEL e uma nova estrutura administrativa e vamos revitalizar grande parte dos prédios atuais. Então, realmente é uma grande reforma. Já equipamos a escola com novos mobiliários e a ideia é que a gente deixe a escola totalmente revitalizada na volta dos alunos", detalha o diretor de projetos da FDE.
As obras terão custo aproximado de R$ 2,7 milhões. O valor é patrocinado por empresas parceiras por meio do projeto Ecofuturo, do Instituto Ecofuturo.
Estudantes choram durante homenagem às vítimas do massacre na escola de Suzano. Nesta terça-feira, os alunos voltaram à unidade pela 1ª vez após a tragédia. — Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino
O massacre
Dois ex-alunos invadiram a escola na hora do intervalo, no dia 13 de março. Os assassinos mataram duas funcionárias e cinco alunos. Outros 11 estudantes ficaram feridos e precisaram ser hospitalizados.
Pouco antes do massacre, a dupla havia matado o proprietário de uma loja da região.
Como policias chegaram à unidade de ensino, o assassino mais jovem matou o mais velho e se suicidou.
ATAQUE EM ESCOLA DE SUZANO
-
'Cena mais triste que assisti em toda a minha vida', diz governador
-
Negociação de armas foi feita por redes sociais, diz polícia
-
Alunos passam a ter aulas em novo local, enquanto prédio da escola passa por reforma
-
Dois dos quatro acusados de fornecer arma e munição utilizadas no massacre são condenados