Por Natan Lira e Fernanda Lourenço


Polícia organizou coletiva para falar das prisões por causa do massacre na Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes — Foto: José Antônio de Assis/TV Diário

Em coletiva nesta quinta-feira (11), a Polícia Civil informou que a negociação para compra de armas para uso no massacre de Suzano não foi feita pela deep web, mas sim por meio das redes sociais. A polícia ainda afirmou que investiga a participação de um segundo adolescente apoiando o menor já apreendido a participar do crime.

Três homens foram presos entre quarta e quinta em Suzano e também na capital por suspeita de terem negociado duas armas e munição com os assassinos. Apenas um desses armamentos foi efetivamente usado no crime. Os três tiveram a prisão temporária decretada.

Segundo o delegado Alexandre Dias, responsável pela investigação, ainda está sendo feita a individualização das responsabilidades de cada um dos três, mas já há uma conclusão sobre o meio utilizado para negociação. "Facebook e WhatsApp", disse.

Jair Babosa Ortiz, delegado seccional, afirma que as redes não podem ser responsabilizadas. "Eu entendo que os meios de comunicação são como vias, podem ser usadas das mais diversas formas. Então não se fecha uma rodovia porque nela ocorreu um acidente. É basicamente a mesma coisa: os meios de comunicação por internet podem ser feitos da forma lícita, legal, como todos nós fazemos, como esse mesmo meio pode ser utilizado para a prática de crimes. É uma via apenas. Não há que se dizer que a via é culpada pelo crime. O mau uso da via pode ser culpado pelo crime", afirma.

Invetigação da polícia aponta participação de um segundo menor, que teria incentivado outro adolescente a participar do crime — Foto: Natan Lira/G1

O delegado seccional ressalta, porém, que o fato de a negociação ter sido feita pela internet não reduz a gravidade do crime.

"Essas pessoas deduzem, acreditam até, que suas identidades estão ocultadas por não estarem face a face com quem quer que seja. Estão apenas atrás de um computador e que por isso podem praticar qualquer tipo de ato criminoso porque não vão ser descobertas. O que nós estamos tentando deixar claro aqui é que aquele que se prestar a praticar crimes utilizando redes sociais ou qualquer outro meio de comunicação via internet, que estes estão sendo investidos. No caso em específico todos serão investigados. Inclusive aqueles que, embora não tenham participado diretamente do crime havido em Suzano, apoiaram de alguma forma, com aplausos, enfim, que fizeram qualquer tipo de apologia ao ocorrido", disse o seccional.

O delegado seccional ainda afirma que essas informações nunca desaparecem. "Rastros do que é feito nas redes sociais ou via internet são perenes, não desaparecem. Nós temos condições e tecnologia para rastrear tudo que já foi apagado das redes sociais e dos aparelhos celulares, como mensagem de WhatsApp", continuou o seccional.

Mais um menor

A polícia apura a participação de mais um menor no crime, que não foi apreendido. Ele teria instigado o adolescente que está em uma unidade da Fundação Casa e que é suspeito de ser um dos menores do ataque.

"Não está apreendido. Não foi nem representado. Está sendo investigado ainda. Existem indícios. Ainda não levei isso à Vara da Infância da Juventude, embora a investigação corra junto à Justiça, porque é assim que o ECA determina. O que posso afirmar que tem um menor que teve participação de menor importância, ao instigar o menor apreendido", afirmou o delegado Alexandre Dias.

Três foram presos por suspeita de envolvimento no massacre da Raul Brasil, em Suzano — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Prisões

Os mandados de prisão dos três suspeitos podem ser prorrogados por mais 30 dias. Neste período a polícia vai aprofundar a investigação. A polícia encontrou nas casas deles aparelhos de celular e equipamentos de informática.

Para a polícia, os indícios mostram que os três estavam habituados a negociar produtos ilegais pela internet. "Têm por hábito o comércio de instrumentos ilegais, como armas de fogo com numeração suprimida, pinadas, como a gente fala, através da internet. Neste caso sabiam o que estavam fazendo e para quem estavam vendendo. Por isso estão presos", disse o seccional.

A polícia afirma que ainda não é possível afirmar quem vendeu a arma usada no crime. "Nós já temos um alinha de investigação, mas ainda não posso precisar aos senhores quem efetivamente forneceu arma, quem forneceu munição. Pode ser que os três forneceram munição. Um só forneceu arma", contou o delegado Alexandre.

"O material vai ser verificado para ver se esse contato era único ou se era usual por parte desses sujeitos. Há indícios de que eram habituados a vender produtos ilícitos pela internet. Não há informações de que estejam ligados a grupos criminosos", afirmou o delegado seccional.

Dois deles vão responder por outros crimes: com um foi encontrada uma arma ilegal e outros estava com um celular roubado e responderá também por receptação.

A maior parte dos estudantes feridos no massacre ainda não voltou a estudar na Raul Brasil — Foto: Reprodução/TV Diário

De acordo com a polícia os celulares e computadores apreendidos com os presos podem fornecer novas provas.

"Para que possa individualizar conduta e não perder prova, há necessidade do material que será extraído do celular na força conjunta do Cyber Gaeco e Dipol, para que possamos extrair o conteúdo cibernético para nova análise e que possamos corroborar nossa linha de investigação", disse o delegado Alexandre Dias.

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