Por Marcello Carvalho, g1 Campinas e Região


Principal prevenção contra a coqueluche é a imunização — Foto: Odair Leal/Sesacre

Campinas (SP) teve pelo menos 539 casos de coqueluche desde 2007. A informação foi obtida pelo g1 com a Secretaria de Saúde da metrópole. No intervalo de 18 anos, o período com maior número infecções foi em 2014, com 124 pacientes contaminados. Neste ano, até a publicação, o governo municipal notificou dois registros em residentes do município.

Apesar do número baixo em Campinas em 2024, o Brasil e o estado de São Paulo vivem um alerta para o reaparecimento da doença e aumento de casos. No dia 3 de junho, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica sobre a ocorrência da coqueluche no país e a importância da vacinação.

A nota foi publicada depois de o Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças divulgar que pelo menos 17 países da União Europeia e outras nações, como China, Estados Unidos e Israel, registraram alta da doença.

Casos de coqueluche aumentam no mundo e geram alerta na vacinação no Brasil

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Apenas na cidade de São Paulo foram confirmados 105 casos em 2024. Apesar do aumento significativo, especialistas afirmam que não há surto da doença na capital.

A coqueluche, também conhecida como "tosse comprida", é uma doença infecciosa que afeta as vias respiratórias, causa crises de tosse seca e falta de ar. É altamente transmissível, já que o contaminado pode infectar através da tosse, espirros ou mesmo ao falar.

Veja abaixo a linha do tempo de casos de coqueluche em Campinas desde 2007. No gráfico, os registros estão somados, mas a prefeitura faz a divulgação dividida em três modelos de diagnóstico: laboratorial, clínico-epidemológico e clínico.

Infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi afirmou que a razão para o aumento que já vem sendo observado em São Paulo é uma só: índices de baixos de imunização.

Para ela, como o risco é maior em crianças, uma medida de controle é já aplicar a vacina na gestante - que também pode receber a dose.

"Esta vacina é feita também na gestante, porque o bebêzinho vacinado só alcança a proteção efetiva após a dose de reforço, com 15 meses. Então, a vacinação da gestante tem o objetivo de já proteger essa criança até um ano", disse a médica.

Segundo ela, o ideal seria que um reforço fosse aplicado na rede pública para adolescentes de 15 anos.

"Talvez nós tenhamos que pensar, em termos na saúde pública, na ampliação da vacinação contra a coqueluche para uma idade de até 15 anos. Com cinco anos, faz o reforço que já está no calendário, e depois faz o reforço com 15 anos. No momento, o reforço para 15 anos só está disponível na saúde suplementar", explicou.

Em Campinas, de 2020 até 2023, a cobertura vacinal contra coqueluche só esteve acima dos 95%, que é a meta para este tipo de imunizante, em 2020. Veja abaixo todos os números:

O que é a doença?

A coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis. Ela ocorre principalmente em crianças e bebês menores de um ano de idade.

Ela não é erradicada, ou seja, circula pelo país, o que reforça a importância de manter a vacinação atualizada.

Sintomas

Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da coqueluche podem se manifestar em níveis. No primeiro, o mais leve, os sintomas são parecidos com o de um resfriado:

  • Mal-estar geral
  • Corrimento nasal
  • Tosse seca
  • Febre baixa

Depois, a tosse seca piora e outros sinais podem aparecer:

  • Tosse passa de leve e seca para severa e descontrolada
  • Tosse pode ser tão intensa que pode comprometer a respiração
  • Crise de tosse pode provocar vômito ou cansaço extremo

Os sinais e sintomas da coqueluche duram entre seis a 10 semanas, podendo durar mais tempo, conforme o quadro clínico e a situação de cada caso.

Nesta fase, os sintomas são mais severos e, dependendo do tratamento, podem durar até mais de um mês. É normal que adultos e adolescentes tenham sintomas mais leves em relação às crianças. A gravidade da doença também está relacionada à falta de imunidade e à idade. O tratamento é feito com antibióticos disponíveis nos serviços de saúde.

Qual é a vacina e onde está disponível?

A principal forma de combate é a vacina, que está disponível na rede pública de saúde de Campinas, por fazer parte do Calendário Nacional de Vacinação. O esquema vacinal contra a doença é dividido em três etapas:

  1. três doses da vacina pentavalente aos 2, 4 e 6 meses de vida;
  2. um primeiro reforço do imunizante com a tríplice bacteriana aos 15 meses de idade;
  3. e um segundo reforço aos 4 anos também com a tríplice bacteriana.

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