Por Marcelo Gaudio*, g1 Campinas e Região


Vídeo: professor viraliza ao fazer experimento em que alunos tomam choque de mãos dadas

Vídeo: professor viraliza ao fazer experimento em que alunos tomam choque de mãos dadas

Estudar alguns temas na escola pode ser bastante cansativo e até chato, mas, e se fosse possível observar algumas manifestações da física na prática? Foi isso que um professor de cursinho de Campinas (SP) mostrou com um espremedor de frutas e os alunos com as mãos dadas.

A experiência sobre corrente elétrica foi gravada por um dos alunos e, após ser postada no TikTok, ganhou repercussão com 1 milhão de visualizações, 140 mil curtidas e diversos comentários em menos de 24 horas. "Isso sim é aula de física na prática!", diz um deles.

🚨 Atenção: a atividade não deve ser reproduzida, em nenhuma hipótese, dentro de casa ou sem a orientação de especialistas.

O vídeo acima mostra a experiência feita durante uma aula. Ele pediu aos alunos que dessem as mãos para realizar um teste sobre corrente elétrica usando espremedor de frutas.

Vídeo: professor viraliza ao fazer experimento em que alunos tomam choque de mãos dadas — Foto: Arquivo pessoal

O que você encontra nesta reportagem? 👀

⚡ Por que o choque?

O professor Márcio Miranda conta que o experimento faz parte de uma atividade para estudo da eletrodinâmica em correntes elétricas e como equipamentos transformam energias. A transformação de energia pode ser visto também, segundo ele, de pilhas que usam energia química, até hidrelétricas que transformam a força mecânica em eletricidade.

"O que eu tava mostrando para os alunos ali é que um receptor elétrico podia funcionar como um gerador", conta.

Assim, no caso do espremedor, o aparelho transforma energia elétrica em mecânica a partir da conexão na tomada. O processo também pode acontecer de forma inversa, ao girar manualmente o espremedor, a energia mecânica se transforma em energia elétrica que vai em direção ao plugue da tomada.

"A pergunta que fiz aos alunos naquela aula é: 'o que acontece nos terminais do plugue que vai na tomada se eu rodar com as minhas mãos o suporte onde a laranja é encaixada?' [...] A primeira reação dos alunos é falar: 'nada' [...] E aí é que começa a diversão, porque ao rodar o suporte a gente cria uma diferença de potencial nos terminais do plugue, os ferrinhos onde os alunos estão segurando, e a diferença de potencial é a mesma que a gente encontra nos polos de uma pilha que tem 9 volts, ou uma bateria de carro que tem 12 volts"

Os alunos dividem diferença de potencial da voltagem com as mãos dadas. — Foto: Arquivo pessoal

💡 Cuidados

O experimento vai além do que é mostrado no vídeo. Durante a aula ele mostra, com auxílio de uma lâmpada conectada aos plugues do aparelho, que quanto mais rápido girar o suporte, maior o brilho, evidenciando que a corrente elétrica ficou mais alta.

“Da forma mais rápida que consegui girar, você consegue 70 volts.”, revela.

O docente explica que a voltagem é menor que a encontrada nas tomadas, que variam entre 110 e 220, mas o que torna menos perigosa é ser dividida entre os alunos que estão de mãos dadas. Por isso, ele adverte a não reproduzir em casa e com menos pessoas, pois alguém pode se machucar.

“De fato [neste caso] não há nenhum risco envolvido, mas eu também aviso aos alunos que se alguém for portador de marca-passo, se tiver um histórico de doenças cardíacas, se estiver usando um aparelho auditivo ou qualquer equipamento eletrônico que esteja conectado ao corpo e qualquer prótese metálica, eu recomendo que você não participe da atividade.”, fala.

🤯 Reação dos alunos

Márcio conta que não foi a primeira vez que realizou a experiência, inclusive alguns alunos de turmas anteriores costumam participar e já esperam o choque, mas não revelam aos novatos para preservar a surpresa.

“Eles não acreditam até que o choque aconteça. Muitos dão risada, outros se assustam, é muito curioso”, diz.

Além disso, explica que existem vantagens em apresentar questões práticas aos alunos, pois isso possibilita a criação de construção de memórias a longo prazo.

“Se o aluno vai precisar lembrar, aqueles conteúdos que tiveram elementos emocionais vão ficar por mais tempo [...] as pessoas se envolvem com boas histórias e o que eu acho que a aula deveria fazer é construir boas histórias, construir boas memórias, fazer com que aquilo tenha conexão com a vida dos estudantes”, desenvolve.

Alunos seguram a ponta da tomada, enquanto o professo gira o suporte do espremedor de laranjas. — Foto: Arquivo pessoal

📱 Repercussão

O impacto nas redes sociais foi uma surpresa para o professor de física que começou a receber recebi mensagens de outros professores perguntando como poderia ser feito esse experimento, se ele era seguro, se passava mesmo corrente.

“Às vezes professores da área de ciências da natureza, mas que não tiveram a oportunidade de aprender desta forma, ou de fazer isso”, conta.

Márcio contou também que "trocou figurinhas” com outros professores contando sobre o experimento.

“Existem muitos professores e professoras transformando a educação e criando oportunidades de aprendizagem marcantes para os seus alunos, isso também me deixa muito feliz, porque a gente sabe como essa profissão é desvalorizada.”, finaliza.

*sob a supervisão de Marcello Carvalho

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