g1 testou novo aplicativo que promove encontro 'às cegas' entre desconhecidos
O cenário é uma cantina italiana em um bairro nobre de Campinas (SP): duas mesas postas à espera de 11 pessoas que talvez nunca se encontrariam, não fosse uma forcinha da tecnologia. Com um lugar reservado nesse jantar "às cegas", o g1 testou a ferramenta virtual que promove encontros reais entre desconhecidos.
O novo aplicativo funciona em cinco cidades brasileiras e, através da gastronomia e ao custo de R$ 40, realiza encontros entre pessoas com afinidades. São jantares que ocorrem sempre às quartas-feiras, às 20h, em restaurantes "surpresa".
Além de Campinas, a plataforma Timeleft funciona em São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (BH). Assista acima como foi a experiência.
O repórter João Gabriel Alvarenga se apresentou, desde o início, como jornalista do g1, e, ao final do jantar, contou que escreveria uma reportagem sobre o encontro. Esse "detalhe" ficou para depois da sobremesa para não interferir no comportamento do grupo e nem afetar a espontaneidade da experiência. Veja abaixo como foi.
A inscrição
Aplicativo tem encontro às quarta-feiras e custa R$ 39,99 — Foto: Reprodução
O g1 baixou o aplicativo e se inscreveu para participar do encontro "às cegas" no dia 21 de março. O próximo jantar em Campinas aconteceria 6 dias depois, na quarta-feira (27). A reportagem, então, pagou uma taxa de R$ 39,99 e reservou o dia.
Em seguida, o aplicativo pediu à reportagem para preencher um formulário com perguntas pessoais. Segundo a empresa dona da plataforma, um algoritmo usa essas informações para "montar" os grupos. Entre as questões, estavam:
- Idade e signo
- Profissão
- Hobbies
- Orientação sexual
- Posicionamento político
- Gosto culinário
- Valor que está disposto a pagar no jantar
- Tipo de interesse no encontro (fazer amigos, tentar um relacionamento)
Aplicativo revela o nome do restaurante apenas no dia do encontro — Foto: Reprodução
Após o preenchimento do questionário, o aplicativo confirmou o jantar para o dia 27 às 20h00 e comunicou que eu teria detalhes do perfil do meu grupo com 25 horas de antecedência e o nome do restaurante apenas 11 horas antes.
O dia do encontro
Na noite de terça-feira (26), o aplicativo liberou a profissão e signo dos integrantes do encontro, que tinha trabalhadores das áreas de tecnologia, saúde e estética.
E, na manhã de quarta-feira (27), uma notificação avisou que o nome do restaurante estava liberado. Foi escolhida uma cantina italiana no bairro Cambuí, área nobre de Campinas.
Aplicativo revela signo e profissão apenas no dia anterior ao encontro — Foto: Reprodução
A noite de quarta estava chuvosa e com trânsito na metrópole campineira, o que parecia espantar os participantes, mas isso não aconteceu.
O repórter do g1 foi o primeiro participante a chegar ao restaurante, às 19h45, e logo, foi avisado por um funcionário que a mesa já estava reservada. A única surpresa foi que, em vez de seis pessoas como prevê o aplicativo, uma mesa para 12 estava montada. O atendente explicou que havia juntado dois grupos.
Entre 10 e 15 minutos depois, a segunda participante chegou. Também era uma "novata" no aplicativo e estava com um "frio na barriga". Logo, a mesa de 12 lugares foi enchendo e, com apenas uma falta, o encontro começou.
O dono do restaurante e 10 dos 11 participantes do encontro em Campinas — Foto: Arquivo pessoal
Perfil dos participantes
Dos 11 participantes, 10 usavam o aplicativo pela primeira vez. O veterano, aparentemente, estava mais tranquilo. Os demais relatavam nervosismo e medo de não encontrar ninguém no restaurante. O grupo era diverso em vários aspectos, mas em comum havia a vontade de conhecer gente nova e diferente.
Na faixa etária, participantes entre 24 e 36 anos, seis homens e cinco mulheres. Havia profissionais da área da tecnologia, empresária, barbeiro, médica, gerente financeira, desempregado, professora e jornalista - o repórter do g1. Além de Campinas, pessoas de diferentes cidades de SP: Itupeva, Paulínia, Sorocaba e Hortolândia.
Houve um momento em que os 11 interagiram juntos, mas depois 2 ou 3 grupos foram criados com pessoas revezando entre eles. Tirando duas duplas de amigos, que foram juntos e estavam em mesas separadas, ninguém realmente se conhecia.
Entre os assuntos, trabalho, festas, gostos musicais, dicas de viagens, vida amorosa e experiências em outros aplicativos. Tudo isso em um ambiente respeitoso e com todos tendo a oportunidade de falar.
Do encontro, saiu um grupo no Whatsapp com todos os onze. E do aplicativo de mensagens, um novo encontro em bar, uma balada agendada e um samba que deve sair em breve, além de marcação de viagens para a praia.
A opinião dos participantes
No final do encontro, o repórter g1 contou que escreveria uma reportagem e entrevistou três participantes. A gerente financeira Andréia Brandini explicou que fez uma viagem sozinha em 2023 e gostou da experiência de conhecer pessoas novas, por isso, baixou o aplicativo.
"Depois que a gente fica mais velha, fica um pouco mais difícil da gente conhecer pessoas novas. Geralmente a gente conhece gente nova no trabalho ou na escola. E eu gosto de conhecer a história das pessoas, de falar da minha história,".
Andréia Brandini — Foto: João Gabriel Alvarenga/g1
"Foi legal. O pessoal tem toda a mesma vibe de querer conhecer, querer conversar, de se propor a sair daqui e se conhecer mais. Então, foi muito bom", afirmou Andreia.
Experiência positiva também para o Desenvolvedor de Software Johnny Rezende. "No meu dia a dia tenho dificuldade de conhecer gente nova. Então, apareceu o Timeleft (aplicativo) e, para mim, parece que foi uma boa", contou.
O engenheiro de dados, Gabriel Lavaqui, estava no segundo encontro pelo aplicativo e não deve parar por aqui. "É sempre interessante os vários tipos de pessoas que você encontra".
Outros países
O Brasil é o primeiro país da América Latina a receber a experiência que ocorre em Paris, Londres, entre outras cidades na Europa e Nova York, nos Estados Unidos.
O aplicativo tem o custo de R$ 39,99 por encontro, mas há a opção de pacotes com mais encontros e descontos progressivos. O Timeleft está disponível para Android e iOS.
Para o fundador do aplicativo, Maxime Barbier, para usar a plataforma não é preciso muito além de uma mente aberta a novas experiências. “Dê o passo inicial e nós fazemos o resto”.