O número de casos de bebês com microcefalia em Campinas (SP) subiu de quatro para dez, todos notificados de outubro a dezembro deste ano, conforme informou a Secretaria Municipal de Saúde neste sábado (5). Deste total, oito bebês nasceram do dia 1º ao dia 5 de deste mês na cidade, segundo a Prefeitura.
Todos estão sendo investigados para verificar se há ou não relação com o zika vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue e febre chikungunya. A Prefeitura montou uma comissão de profissionais da área para analisar as ocorrências e apurar os resultados dos exames, encaminhados pela Vigilância Epidemiológica da cidade para o Instituto Adolfo Lutz.
Em um dos casos investigados, o de uma mãe de 21 anos que descobriu a má formação cerebral do filho nos últimos meses de gestação, a mulher teve sintomas como coceira na pele e o médico particular chegou a suspeitar que se trataria do zika vírus.
Sete dos casos sob apuração são de mães de Campinas e os outros três de mulheres moradoras da cidade de Sumaré (SP), que realizaram o parto na metrópole. Segundo a Saúde, uma ocorrência foi em outubro, outra em novembro e as demais oito em dezembro.
A região de Campinas teve um caso confirmado de zika vírus este ano, em um homem de Sumaré, e foi o primeiro do estado de SP. O governo federal reforçou o estado de alerta para as ocorrências de microcefalia no país.
"Não temos nenhum caso confirmado de zika vírus no município de Campinas, mas a gente não pode descartar uma possibilidade de já ter tido casos de infecção", afirma a diretora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, Brigina Kemp.
parte da investigação (Foto: Arquivo pessoal)
Exames em andamento
Em todas as vítimas da doença estão sendo feitos exames laboratoriais básicos e de alta complexidade, como a tomografia, que permite saber se a infecção que causou a microcefalia teve origem viral.
A comissão reúne pediatras, infectologistas, obstetras, enfermeiros e profissionais de outras especialidades e começou a desenvolver os trabalhos nesta semana. A equipe vai investigar profundamente todos os casos registrados na cidade, seguindo as recomendações do Ministério da Saúde.
Orientação para gestantes
Segundo Brigina, as mulheres grávidas na cidade devem ficar atentas ao pré-natal, seguir todas as recomendações do obstetra que acompanha a gestação, evitar o contato com o Aedes e também eliminar possíveis criadouros do mosquito.
Doença não era notificada
Diferentemente de doenças como a tuberculose e a Aids, a microcefalia não fazia parte da lista de enfermidades com notificação obrigatória. Ao todo, cerca de 21 mil bebês nascem por ano em Campinas, no entanto, não há uma estatística que mostre quantos deles têm a má formação ou tiveram nos anos anteriores.
"Não temos uma série histórica para dar um balizamento de quantos casos nós tínhamos no passado. Microcefalia não é sinônimo de zika. Pode aparecer em toxoplasmose, citomegalovírus, alcóolatras, uma série de outros agravos de saúde", explica o secretário de Saúde de Campinas Carmino Antonio de Souza.
No país
De acordo com o Ministério da Saúde, os casos de contaminação por zika vírus são a "principal hipótese" para explicar o aumento da ocorrência de microcefalia no país. Até o dia 28 de novembro, foram notificados 1.248 casos suspeitos de microcefalia em 311 municípios de 13 estados e no Distrito Federal.
O número representa um aumento de 68,87% em relação ao dado apresentado no último balanço da pasta, no dia 24 de novembro.
Neste sábado em visita à Recife, a presidente Dilma Rousseff citou o fato de haver mais casos de microcefalia registrados em Pernambuco que em outros estados, mas destacou que a doença está se "espalhando" pelo Brasil. Pernambuco possui mais da metade dos casos registrados no país este ano, com 646 notificações.