Os chamados trotes aplicados aos alunos que estão de entrada nas universidades em todo o país preocupam cada vez mais pai e alunos. Muitas vezes, o que era para ser uma brincadeira de recepção aos novos estudantes acaba se transformando em violência. Denúncias que passam por comportamento humilhante, ingestão obrigatória de bebida alcoólica e vão até mesmo a estupro foram noticiadas nos últimos meses. A Assembleia Legislativa de São Paulo chegou a instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a ação de alunos e a reação das faculdades sobre as denúncias.
A equipe do Jornal da EPTV, afiliada da TV Globo, recebeu alguns destes flagrantes de violência e abusos e exibe o material em uma série especial que vai ao ar nesta semana (de 24 a 27/03). Ameaças, consumo obrigatório de bebidas alcóolicas e estupro estão entre as violações de direitos ocorridas.
Além disso, a série de reportagens apresenta a opinião de especialistas sobre os traumas acarretados para os estudantes decorrentes das agressões físicas e verbais. Para o pesquisador do tema, Antônio Ribeiro Almeida Junior, este tipo de comportamento, reproduzido majoritarimente por estudantes veterenos, visa desumanizar os novatos e condicioná-los à humilhação.
Tradição?
"Realmente posso afirmar que foram os piores dias da minha vida", é o que diz uma estudante que já foi submetida aos trotes e preferiu não ser identificada. Entre os procedimentos, tidos como tradicionais por alguns grupos que atuam dentro das universidades, os alunos seriam obrigados, entre outras coisas, a mastigar papéis e compartilhar com outros, ficar semi-nus e submeter-se a outros "favores".
Em um dos flagrantes, feito em Piracicaba (SP), é possível ver um estudante sendo aterrorizado por um veterano da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) com um chicote, em uma rua da cidade. Em outro caso, um estudante tem as pernas amarradas para que tivesse as sobrancelhas raspadas por outros.
A primeira reportagem, de Eduardo Sozo, teve produção de Luana Cezarini, imagens de Toni Mendes, Vandelei Duarte e Márcio Silveira. As artes são de autoria de Edison Garcia e Leonardo Vilela e a edição de Ana Paula Cominal e Maria Angélica Pizzolatto.