Perseguição, ameças e estupro coletivo estão entre os relatos de estudantes vítimas de violência em universidades paulistas. "Eles abaixaram a minha roupa. Um dos agressores abaixou a própria roupa e começou a esfregar o órgão genital em mim", é o que conta um ex-aluno de ciências exatas da USP em São Carlos (SP).
O estudante denunciou o caso à polícia e a partir disso passou a ser ameaçado e perseguido. "Vi meu sonho destruído, não sabia o que fazer", relata a vítima que preferiu não ser identificada. Apesar da denúncia, os acusados de cometerem o abuso não foram punidos.
Estupro coletivo
Uma estudante da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP), diz ter sido vítima de estupro cometido por oito alunos em 2002 em uma república. Ela conta ainda ter sido atraída para uma festa, embriagada, e abusada pelo grupo. A instituição nega ter recebido denúncias sobre o caso.
Após uma série de denúncias de trotes violentos na USP ter motivado a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as festas dos calouros nas universidades do estado, o Jornal da EPTV, afiliada da TV Globo, produziu uma série especial com relatos dos estudantes.
A segunda reportagem da série mostra depoimentos de vítimas de violência em instituições de ensino e a análise de especialistas sobre os traumas e consequências deste tipo de prática.
Sindicâncias
No campus da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos (SP) foi concluído o processo aberto para apurar o suposto abuso de um aluno por oito rapazes dentro do alojamento. A instituição decidiu suspender os envolvidos e disse que a punição está em vigor.
Na Esalq, em Piracicaba, nenhuma sindicância foi aberta nos últimos cinco anos mesmo com 43 notificações de trotes. A PUC Campinas abriu 13 investigações desde 2005, o que resultaram na punição disciplinar de quatro casos.
Neste mesmo período, foram três sindicâncias abertas com a suspensão dos alunos envolvidos. Na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) foram duas investigações no ano passado, em nenhum dos casos houve punições.