Presidente da Apae é preso suspeito de envolvimento no desaparecimento de funcionária — Foto: Facebook/ reprodução
A Justiça de Bauru (SP) aceitou o pedido feito pela 3.ª Delegacia de Homicídios (3.ª DH) da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) e decretou, nesta sexta-feira (11), a prisão preventiva de Roberto Franceschetti Filho, principal suspeito do assassinato da ex-funcionária da Apae Cláudia Regina Lobo.
O inquérito foi finalizado nesta quinta-feira (10) e encaminhado para o Ministério Público. Nesse contexto, o delegado responsável pelo caso Cledson Luiz do Nascimento havia solicitado a prisão preventiva, já que o período de prisão temporária de Roberto terminaria neste domingo (13).
Também no inquérito, Dilomar Batista, funcionário do almoxarifado da Apae e suspeito de ajudar Roberto a se livrar do corpo, foi indiciado pelos crimes de ocultação de cadáver e fraude processual.
A prisão dele chegou a ser pedida no curso da investigação, mas foi negada pois não foram encontrados outros elementos e os crimes pelo qual ele foi indiciado possuírem penas de prisão menores. Ele é investigado pelos crimes em liberdade.
O g1 entrou em contato com a defesa de Roberto Franceschetti Filho, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Caso Cláudia Lobo: Justiça decreta prisão preventiva de presidente da Apae em Bauru
Relembre o caso
Cláudia foi vista pela última vez no dia 6 de agosto, ao entrar em um veículo da Apae sem celular ou documentos de identificação. Dias após seu desaparecimento, esse mesmo veículo foi encontrado abandonado.
Em 16 de setembro, um laudo de confronto genético realizado com material coletado no carro confirmou que o sangue encontrado pela perícia pertencia a Cláudia.
Roberto foi preso no dia 15 de agosto como principal suspeito do envolvimento no desaparecimento e possível assassinato de Cláudia.
Durante as investigações, fragmentos de ossos foram encontrados em uma propriedade rural em Bauru. Este material segue em análise no Núcleo de Biologia e Bioquímica da Polícia Científica em São Paulo (SP).
Delegado Cledson do Nascimento, que comanda as investigações sobre o desaparecimento da funcionária da Apae em Bauru — Foto: Gabriel Pelosi/TV TEM
Rumo das investigações
Antes de ser investigado como principal suspeito do crime, Roberto tentou guiar as investigações para um possível familiar de Cláudia que foi preso por tráfico, afirmando que a secretária estava arcando com dívidas do parente.
Ao mesmo tempo, a coordenadora financeira da Apae confirmou que Roberto liberava "adiantamentos" que eram lançados como pagamentos para fornecedores diretamente para Cláudia.
O computador da vítima foi periciado e, nele, foram encontradas planilhas de contabilidade pessoal de Cláudia, com indicações de inconsistências financeiras, inclusive com valores em aberto em relação a Roberto.
"Diante disso, em diligências visando à coleta de material genético da desaparecida, apreendemos também o seu notebook, além da quantia de R$ 10 mil em espécie que havia sido deixada por Cláudia na casa da filha", consta no documento que relata a cronologia das investigações.
A investigação concluiu ainda que havia uma disputa de poder entre o ex-presidente da Apae e a secretária executiva. Segundo o delegado, Roberto seria, na verdade, subordinado a Cláudia. Supostamente, ela teria colocado o suspeito na presidência da entidade e, depois, ele quis se desvencilhar dela.
Polícia Civil fez coletiva de imprensa para atualizar as informações sobre o caso da funcionária da Apae de Bauru — Foto: Paulo Piassi/g1
Polícia confirma assassinato
No dia 26 de agosto, a Polícia Civil confirmou que a funcionária da Apae de Bauru foi assassinada. As investigações indicam que Cláudia foi morta por um tiro, disparado por Roberto, no carro da entidade, antes de o veículo ser abandonado na região do bairro Vila Dutra.
Imagens de uma câmera de segurança mostram o presidente saindo do banco de passageiro e assumindo o volante, enquanto Cláudia vai para o banco traseiro. O carro permaneceu estacionado por três minutos, momento em que, segundo a polícia, Roberto disparou contra Cláudia.
"O Roberto sai do banco do passageiro e assume a direção, indo a Cláudia para o banco de trás, tranquilamente, sem nenhum tipo de ameaça ou pressão. Esse veículo fica parado por cerca de três minutos. Para nossa investigação, é nesse momento que acontece o disparo, porque, daí, ele já sai direto para a região rural do bairro Pousada da Esperança" , explicou o delegado Cledson do Nascimento.
Após o crime, Roberto teria acionado Dilomar Batista, funcionário do almoxarifado da Apae, a quem ele teria ameaçado para ajudá-lo no descarte do corpo. Dilomar foi ouvido pela polícia no dia 23 de agosto e confessou que ajudou a queimar o corpo de Cláudia sob ameaça de Roberto.
O funcionário relatou que o corpo foi incinerado em uma área de descarte usada esporadicamente pela Apae e disse que, quatro dias depois, voltou para espalhar as cinzas em áreas de mata ao redor do local.
No dia do crime, Dilomar assumiu o veículo que Cláudia dirigia e o abandonou na região da Vila Dutra, de onde ele e Roberto partiram em outro veículo da instituição.
Corpo foi descartado e queimado por quatro dias em uma área rural de Bauru (SP) — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Buscas por Cláudia Lobo
Em coletiva à imprensa, a Apae confirmou que a área rural onde foram feitas buscas por Cláudia foi utilizada algumas vezes para descarte de material da Apae, inclusive no dia em que a secretária desapareceu, mas que isso só foi descoberto após uma sindicância interna. Também disse que os descartes acontecem exclusivamente nos ecopontos da cidade.
Durante as mesmas buscas, a polícia encontrou os óculos da funcionária, objeto que foi reconhecido por parentes dela.
Além disso, um exame balístico confirmou que um estojo de pistola calibre 380 encontrado dentro do veículo no qual a funcionária da Apae de Bauru foi vista pela última vez foi disparado pela arma apreendida na residência do ex-presidente da associação.
Mais de uma semana depois do desaparecimento de Cláudia, um sinal de celular confirmou que Roberto esteve no local onde o carro da entidade usado por ela foi encontrado.
Claudia tem 55 anos e desapareceu após sair com o carro da Apae, onde trabalha em Bauru — Foto: Reprodução/Facebook
Oficiais da 3ª Delegacia de Homicídios de Bauru analisaram imagens de câmeras de segurança que mostram a vítima ao volante do veículo que dirigia quando foi vista pela última vez.
O documento também menciona que o histórico de chamadas do celular de Roberto mostra movimentações na rodovia SP-321, que liga Bauru a Arealva (SP), e no local onde o veículo foi encontrado, no dia seguinte ao desaparecimento.
Imagens de uma câmera de segurança, divulgadas pela Polícia Civil, mostram também o veículo que a funcionária da Apae dirigia circulando próximo ao local onde ele foi encontrado, no dia seguinte.
Câmeras registraram veículo que funcionaria da Apae dirigia circulando próximo ao local em que foi encontrado — Foto: Polícia Civil/Divulgação
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