Filha de funcionária da Apae desaparecida diz que presidente suspeito era amigo da família
A filha da funcionária da Apae Claudia Regina da Rocha Lobo, desaparecida desde o dia 6 de agosto, Letícia da Rocha Lobo, contou, em entrevista à TV TEM, que sua mãe e o presidente da instituição, Roberto Franceschetti Filho, preso na manhã de quinta-feira (15), são amigos próximos e colegas de trabalho há mais de 10 anos.
"A gente tinha uma convivência boa, tanto no trabalho, quanto na vida pessoal. Nos já viajamos juntos para a praia, saíamos para comer, frequentávamos a casa dele. Era uma relação muito boa entre as famílias", explica Letícia.
A jovem conta que ficou surpresa com a notícia de que uma pessoa tão próxima como Roberto havia sido presa como principal suspeita de envolvimento no desaparecimento, e que, inclusive manteve contato com o presidente diariamente desde o dia em que viu sua mãe pela última vez.
"Foi e ainda está sendo muito chocante por sermos próximos e termos essa amizade. Eu falei com ele todos esses dias. Ele foi uma das primeiras pessoas para quem eu liguei, porque eu sabia que eles tinham essa relação muito próxima no trabalho, e ele falou que não esteve com minha mãe fora da Apae", lembra a filha.
Presidente da Apae é preso suspeito de envolvimento no desaparecimento de funcionária em Bauru (SP) — Foto: Arquivo pessoal
Sobre possíveis mudanças no comportamento de Claudia, Letícia disse não ter percebido reações diferente da mãe ultimamente, e reforçou que ela é muito apegada à entidade, onde trabalha há mais de 20 anos.
"A minha mãe é uma pessoa muito aberta, então acho que, se ela tivesse desconfiado de alguma coisa, ela teria me contato. É uma coisa muito estranha, a gente não consegue entender, porque ela não estava diferente, não tinha mudado o comportamento. Ela amava trabalhar lá, então eu não consigo ver o que pode ter acontecido para terminar desse jeito", finaliza Letícia.
A Apae disse, em nota, que se surpreendeu com a notícia do envolvimento de Roberto no desaparecimento de Claudia e que o fato não tem relação com os serviços prestados pela entidade. A Feira da Bondade, considerada uma das principais maneiras da instituição arrecadar fundos, foi adiada.
Além disso, foi confirmado que Roberto não faz mais parte do corpo diretivo e que Maria Amélia Moura Pini Ferro está na presidência da instituição. A entidade também informou que os atendimentos continuam normalmente em suas unidades.
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Prisão
Um sinal de celular confirmou que Roberto esteve no local onde o carro de Claudia, que pertence à entidade, foi encontrado.
O suspeito foi preso na quinta-feira, em casa, onde uma pistola calibre 380 também foi apreendida. A arma tem o mesmo calibre de um estojo que foi encontrado no veículo que Cláudia dirigia antes de desaparecer.
Roberto foi conduzido para a Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Bauru e ouvido no final da tarde. Durante a noite, ele foi transferido para o CDP de Pirajuí (SP). Nesta sexta-feira (16), ele teve a prisão temporária de 30 dias decretada após audiência de custódia e foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pirajuí.
Presidente da Apae é preso suspeito de envolvimento no desaparecimento de funcionária — Foto: Reprodução/Facebook
De acordo com a Polícia Civil, vestígios encontrados no veículo durante a perícia realizada no dia 7 de agosto, quando ele foi localizado, foram identificados como marcas de sangue. Uma das principais linhas de investigação é de que se trata de um homicídio.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Cledson Nascimento, no final da tarde de quinta-feira, foram feitas diligências em uma área de descarte de material da Apae, no bairro Pousada da Esperança, porém, nenhum corpo foi encontrado.
Em nota, a defesa de Roberto afirmou que ainda não teve acesso ao conteúdo da investigação.
"Por conta de ter sido decretado segredo de Justiça no inquérito policial, eu não posso me manifestar sobre as investigações. A única coisa que posso te afirmar é que nosso cliente ainda não prestou depoimento até o presente momento e nós ainda não tivemos acesso ao conteúdo da investigação", afirmam os advogados Vanessa Mangile Leandro Pistelli e Lucas Matins.
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Desaparecimento
Imagens de câmeras de segurança da rua onde fica o prédio administrativo da Apae, na Rua Rodrigo Romeiro, registraram o momento em que Claudia caminha até o carro, que está estacionado na rua e pertence à entidade, com um envelope na mão (veja o vídeo abaixo).
A filha da secretária, Letícia da Rocha Lobo, contou que a mãe disse a uma colega de trabalho que iria sair para resolver coisas do trabalho e saiu sem levar a bolsa e o celular, um pouco antes das 15h.
Em entrevista ao g1, Letícia disse que não notou nada de diferente na mãe nos últimos dias. "Ela disse para a recepcionista que iria resolver umas coisas da Apae e voltava mais tarde, e até agora nada", contou.
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O carro foi localizado no início da tarde do dia 7 de agosto, estacionado na quadra cinco da Rua Alameda Três Lagoas na Vila Dutra, em Bauru.
O veículo ainda foi flagrado por câmeras de segurança transitando pela Avenida Nações Unidas, porém, não foi possível identificar o motorista.
Família divulgou o desaparecimento da moradora de Bauru nas redes sociais — Foto: Arquivo pessoal
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