Por g1 Bauru e Marília


Em vídeo, universitárias de Bauru debocham de colega de sala de mais de 40 anos

Em vídeo, universitárias de Bauru debocham de colega de sala de mais de 40 anos

Uma das três estudantes de uma universidade particular de Bauru (SP) que viralizaram ao aparecem em um vídeo debochando de uma colega de sala por ela ter mais de 40 anos disse que está arrependida e que a gravação do vídeo foi "uma brincadeira de mau gosto".

Ao g1, a estudante Bárbara Calixto disse que as jovens não esperaram a repercussão que o caso teve. Bárbara disse ainda que as imagens foram postadas inicialmente no "close friends" do Instagram (recurso que permite que o usuário selecione seguidores específicos), mas acabou saindo da roda de amigos e viralizou.

"Nunca foi na intenção de dizer que pessoas de mais idade não podem adquirir uma graduação, pois não tenho esse pensamento. Foi uma fala imprudente e infeliz que tomou uma proporção que não imaginávamos", disse.

Além de Bárbara, as outras jovens que aparecem no vídeo são as estudantes Beatriz Pontes e Giovana Cassalatti. Todas estão no primeiro ano do curso de biomedicina.

A reportagem voltou a tentar contato com as três envolvidas nesta segunda-feira (13), mas não obteve retorno. Por serem maiores, elas podem responder judicialmente pelas ofensas.

A publicação feita na sexta-feira (10) no Twitter já passa de três milhões de visualizações. No vídeo, uma das universitárias ironiza: “Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?”. Logo depois, outra responde: “Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”. “Realmente”, concorda a terceira.

Em seguida, a estudante que grava o vídeo diz: “Gente, 40 anos não pode mais fazer faculdade. Eu tenho essa opinião”. Elas chegam a dizer que a mulher “não sabe o que é Google” (veja o vídeo acima).

No mesmo dia, estudantes do 4º ano do mesmo manifestaram apoio à aluna, Patrícia Linares, e entregaram flores, cartas e chocolate a ela.

Patrícia recebe flores de colegas após ser vítima de etarismo na universidade. — Foto: Arquivo Pessoal

O g1 conversou com a vítima do caso, que cursa o primeiro ano da faculdade, mas ela preferiu não se manifestar por enquanto.

Sobrinha se manifestou

O vídeo das estudantes foi compartilhado por várias pessoas nas redes sociais, inclusive pela sobrinha da vítima. Em uma publicação na rede social, ela desabafou sobre o episódio.

“Ela sempre teve o sonho de estudar e nunca teve oportunidade. Hoje, ela conseguiu entrar em um curso que ela sempre quis e estava muito feliz e animada para começar as aulas, e daí surgem três meninas que só vivem na própria bolha, gravando vídeo zombando pela minha tia ser a mais velha da turma”, disse.

Sobrinha da estudante de 40 anos se manifestou sobre o caso em Bauru em uma rede social — Foto: Instagram/Reprodução

O que diz a universidade

A Unisagrado publicou uma nota na rede social horas depois, mas sem fazer menção direta ao caso.

No comunicado, afirma que não compactua com qualquer tipo de discriminação e que acredita que “todos devem ter acesso à educação de qualidade, desde pequenos até quando cada um quiser, porque educação é isso: autonomia”.

A publicação também diz que “as oportunidades não são iguais para todo mundo em todos os momentos da vida. Sabemos, por exemplo, que os pais, muitas vezes, abrem mão da sua formação para oferecer as melhores oportunidades para seus filhos e, somente depois, optam por se profissionalizarem”.

Universidade publicou nota de posicionamento horas depois — Foto: Instagram/Reprodução

Ao g1, a assessoria da universidade disse que está tomando medidas em relação às universitárias envolvidas no caso. "Mas por respeito a todos os envolvidos estamos trabalhando no âmbito institucional e não divulgaremos", disse.

De acordo com uma das jovens que aparece no vídeo, a faculdade orientou as estudantes e "deu a oportunidade de recomeçar e amadurecer, mudar nossos pensamentos e perceber que comentários assim, sendo brincadeira ou não, são levados muito a sério".

Preconceito com idade

Etarismo é o nome dado à discriminação e ao preconceito relacionado com a idade de uma pessoa. Essa repulsa pode resultar, inclusive, em violência verbal, física ou psicológica.

No dia a dia, o etarismo pode se manifestar de diferentes maneiras: como piadas, infantilização ou atitudes que geram exclusão da vítima. No meio profissional, esse preconceito também se mostra em postagens de candidaturas de vagas de emprego com limite de idade ou em frases como "você está velho para isso".

As denúncias de violações de direitos humanos podem ser feitas de maneira anônima pelo Disque Direitos Humanos, o Disque 100.

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