27/06/2013 21h54 - Atualizado em 27/06/2013 22h29

Protesto termina de forma pacífica após 4h em Aracaju

1000 manifestantes saíram às ruas da capital nesta quinta-feira (27).
Principal reivindicação é valor da tarifa do transporte público.

Fredson Navarro e Joelma GonçalvesDo G1 SE

Manifestantes dizem que vão continuar protestos em Aracaju (Foto: Flávio Antunes/G1)Manifestantes dizem que vão continuar protestos em Aracaju (Foto: Flávio Antunes/G1)

A 3ª manifestação ‘Acorda Aracaju’ foi encerrada por volta das 20h desta quinta-feira (27) de forma pacífica. Por volta das 16h, as ruas do Centro da capital já aglomeravam dezenas de pessoas, desde crianças até idosos. A concentração foi realizada na Praça Fausto Cardoso, de lá os manifestantes seguiram em passeata pelas avenidas Ivo do Prado e Beira Mar no Bairro 13 de Julho e foi encerrada na rótula que dá acesso ao Shopping Riomar.

Manifestantes fecham entrada da ponte dá acesso ao bairro Corroa do Meio (Foto: Flávio Antunes/G1)Manifestantes fecham entrada da ponte dá acesso
ao bairro Corroa do Meio (Foto: Flávio Antunes/G1)

O ato reuniu mais de 1000 manifestantes. “Foi tudo tranquilo, eles realizaram um protesto de forma muito bonita e pacífica. Nenhum incidente foi registrado, apenas no final, um pequeno grupo tentou causar tumulto nas proximidades da ponte fechando o tráfego de veículos mas foi contido e tudo ficou normalizado”, explica o Major Paiva, diretor de comunicação da Polícia Militar.

O trânsito nas avenidas onde a passeata foi realizada ficou interditado até a rotatória da Avenida Beira Mar, nas proximdiades da ponte que dá acesso ao Bairro Coroa do Meio, praias, mas por volta das 20h30 já havia sido liberado.

Greve dificulta chegada de manifestantes
Mesmo sem ônibus circulando, os manifestantes voltaram às ruas de Aracaju nesta quinta-feira (27) para protestar contra a tarifa e qualidade do transporte público da capital, primeira reivindicação do movimento que foi iniciado há duas semanas em São Paulo e ganhou às ruas de todo o país. O 3º ato começou tímido com um número reduzido mas foi aumentando quando a passeata foi iniciada.

Motoristas e cobradores da empresa Viação Cidade de Aracaju (VCA) decidiram paralisar as atividades novamente na manhã desta quinta-feira.

Eles estacionaram os veículos que realizam o transporte coletivo de passageiros nas imediações dos principais terminais de integração da capital sergipana e todos os passageiros foram obrigados a descer dos ônibus e seguirem a pé pelas principais vias de acesso ao Centro e à Zona Sul da cidade. Eles reivindicavam o cumprimento da ordem judicial e o pagamento de ticket refeição no valor de R$ 360, que está em atraso há dois meses, além de férias e horas extras.

Número de manifestantes foi reduzindo na terceira edição do Acorda Aracaju (Foto: Flávio Antunes/G1)Número de manifestantes foi reduzindo na terceira edição do Acorda Aracaju (Foto: Flávio Antunes/G1)

Os manifestantes enfrentaram dificuldades para chegar à concentração mas apoiaram a paralisação. “A gente já esperava que hoje tivesse menos manifestantes por conta do recolhimento dos ônibus. Muita gente das grandes periferias vem de ônibus, mas quantidade presente foi suficiente para lutar pelos nossos objetivos. Consideramos a paralisação dos rodoviários, legitima, eles também são vítimas assim como os usuários, do sistema que não funciona”, defende Flavio Marcel Menezes Valerio, coordenador de comunicação do Movimento Não Pago, que pede uma manifestação pacifica.

Estudante de direito Jorge Alves Junior questiona qualidade e cobrança do transporte público (Foto: Marina Fontenele/G1 )Estudante de direito questiona a cobrança do
transporte público (Foto: Marina Fontenele/G1 )

Os motivos se ampliaram e os sergipanos confeccionaram cartazes e estão reivindicando os custos da Copa do Mundo, problemas no serviço público, corrupção, educação e cidadania.

O estudante de Direito, Jorge Alves Junior, participou do terceiro ato consecutivo e questionou a qualidade e cobrança do transporte público.

“Se o transporte é publico porque é pago? Já que é pago porque que não presta? Luto pelo futuro do irmão que tem apenas 11 anos”, orgulha-se.

Dona Lindalva Maria Santos participa da manifestação pela terceira vez seguida  (Foto: Flávio Antunes/G1)Dona Lindalva Maria Santos leva o neto para o ato
(Foto: Flávio Antunes/G1)

Dona Lindalva Maria Santos de Oliveira, 64 anos, está participando da manifestação ‘Acorda Aracaju’ pela terceira vez consecutiva com o seu neto de 10 anos. Eles se juntaram a uma bandinha que agita a manifestação com músicas de protesto e se divertem tocando tambor.
“Acompanhamos toda a manifestação e voltamos para casa a pé, chegamos cansados, mas felizes com o resultado. O povo está lutando por melhores condições sociais nas ruas, é um ato de democracia”, orgulha-se.

Tarifa do transporte público
Antes da manifestação, o prefeito de Aracaju João Alves Filho, reduziu a tarifa de ônibus de R$ 2,45 para R$ 2,35. Ele argumentou que a redução foi possível pelo fato de no fim de maio, o Governo Federal desonerar as empresas de ônibus do pagamento de PIS e cofins. O valor da nova tarifa foi aprovado na terça-feira por 17 votos a favor contra 5 na Câmara dos Vereadores de Aracaju e vai passar a valer a partir desta sexta-feira (28).

Mas o novo valor não agradou e os manifestantes pedem a revogação da lei. “Por mais que esse fato pareça uma vitória das pressões populares, na realidade não passa de uma falsa redução. A tarifa não foi reduzida, na verdade foi reajustada de R$ 2,25 para R$ 2,35. Com a exclusão dos impostos no cálculo da tarifa, a prefeitura sanou apenas uma das graves irregularidades contidas na planilha de custos da SMTT. Vale lembrar que mesmo com um valor de R$ 2,35, o cálculo tarifário continua incluindo custos inexistentes, sem os quais o valor tarifário real seria R$ 1,92. Lutamos também pelo passe livre dos estudantes e desempregados ”, explica Demétrio Varjão, integrante do Movimento Não Pago.

Demétrio disse que os protestos vão continuar e que eles aguardam uma resposta do prefeito João Alves Filho. “Até o momento o prefeito não nos procurou para dialogar sobre os pontos que estamos reivindicando. Desde o começo o movimento está denunciando a fraude nos gastos com o transporte publico que incluiu na planilha de custos valores que não são reais com gastos que não são feitos. A luta é que o prefeito revogue o valor com o valor real da tarifa”, explica.
Mesmo com o anúncio da redução do preço das passagens do transporte público, os protestos foram mantidos e estão sendo realizados em dezenas de municípios e devem continuar nos próximos dias.

Equipe de reportam é ameaçada após manifestação
Uma equipe de reportagem da TV Sergipe foi ameaçada por vândalos após o fim da manifestação em Aracaju. O carro a equipe que estava no Bairro 13 de Julho teve os pneus furados.

PEC 37
O servidor público Roberto Negri que trabalha no Ministério Público da União em Sergipe voltou às ruas de Aracaju nesta quinta-feira (27) para comemorar a derrubada da PEC 37. Ele está participando no ato ‘Acorda Aracaju’ pela terceira vez consecutiva e agora com outro objetivo.

Aracajuano comemora o arquivamento da PEC 37 (Foto: Flávio Antunes/G1)Aracajuano comemora o arquivamento da PEC 37
(Foto: Flávio Antunes/G1)

“Na primeira vez trouxe um cartaz explicando o que era a PEC. No segundo dia alertei que a proposta seria votara e agora participo mais uma vez comemorando a rejeição e incentivando que as pessoas denunciem no Ministério Público o uso irregular do dinheiro público”, orienta.

A Câmara dos Deputados derrubou na terça-feira (25), por 430 votos a nove (e duas abstenções), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que impedia o Ministério Público de promover investigações criminais por conta própria. O texto da PEC 37 previa competência exclusiva da polícia nessas apurações. Com a decisão da Câmara, a proposta será arquivada.

Comércio fecha mais cedo
Os comerciários de Sergipe decidiram aderir ao protesto e de acordo com o presidente da Federação dos Comerciários, Ronildo Almeida, eles fecharam as lojas no início da tarde e seguiram para às ruas com os colaboradores. “Participamos e ajudando a fortalecer essa manifestação que é um ato de cidadania. Os protestos já começaram a mudar o Brasil. Quando o povo se une em torno de um projeto coletivo, o resultado é positivo”, avalia Ronildo Almeida.

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