Carlos Wolfart é uma das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul
Antes de ser levado pela correnteza e desaparecer, o catarinense Carlos Wolfart, que morreu no Rio Grande do Sul após ir ao estado vizinho para um casamento, se despediu da família. A vítima mandou um áudio para a esposa enquanto aguardava resgate agarrada a uma árvore em meio ao alagamento, contou a irmã dele.
“Ele ainda falou no último áudio que ele deixou ‘só por Deus, só por Deus’, e pediu para a filha dele cuidar bem da mãe”, declarou a irmã, Milena Wolfart.
Carlos estava desaparecido havia oito dias após a enxurrada que atingiu Sinimbu, no Rio Grande do Sul. O corpo dele foi encontrado na tarde de quarta-feira (8), na cidade gaúcha. Natural de Itapiranga, no Oeste de Santa Catarina, ele estava no estado vizinho para ser o padrinho de casamento do cunhado.
A vítima ficou ilhada após sair do sítio onde estava, com a esposa e os dois filhos, para verificar se havia passagem na região. Porém, se deparou com muita água no caminho, e chegou a subir em uma árvore antes de ser levado pela correnteza.
O noivo conseguiu o apoio de alguns amigos com motos aquáticas para chegar até a vítima, mas o salvamento não foi possível, contou a irmã.
"Eles chegaram em torno de 25 a 30 minutos mais tarde, e a árvore já tinha ido embora, a que ele [Carlos] estava em cima".
A esposa e os filhos da vítima ficaram ilhados no sítio onde estavam e precisaram ser resgatados de helicóptero.
Carlos foi sepultado sem velório, ainda segundo a irmã.
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Como tudo aconteceu
Carlos estava em um sítio com a família para o casamento, que aconteceria em 30 de abril. Enquanto aguardava ajuda após fortes temporais, a família e ele tentaram buscar por socorro.
"O cunhado dele que ia casar nem pensou mais no casamento. Foi atrás de bombeiros, de helicóptero, de um monte de coisas para tentar conseguir tirar ele dali. Só que todas as tentativas foram em vão", disse a irmã.
De acordo com Milena, o irmão saiu do sítio onde estava abrigado por volta das 6h para tentar verificar se havia caminho para sair com a família da região.
Como não retornou, a esposa dele entrou em contato e ficou sabendo que o catarinense estava ilhado. A última mensagem que ele trocou com a família foi às 15h16.
"Ele foi muito família, muito dos filhos. Ele era uma pessoa, assim, que tu podia contar para tudo. Tanto em família quanto em sociedade, em comunidade. Sempre que ele podia fazer, ele fazia, não media esforço para nada. Ele, como pai, era maravilhoso. Levava para cá e para lá, jogava bola, e andava de bicicleta, ele sempre foi um pai muito presente, muito atencioso, carinhoso", disse a irmã.
No Rio Grande do Sul, 113 pessoas morreram e mais de 146 estavam desaparecidas até esta sexta-feira (10).