Há pouco mais de 2 anos, rompimento provocou prejuízos na Lagoa
O rompimento do reservatório da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) no bairro Monte Cristo, em Florianópolis, que atingiu 92 casas, não foi o primeiro episódio desse tipo na capital catarinense. Há pouco mais de dois anos, uma lagoa de tratamento de esgoto se rompeu e escoou para a Lagoa da Conceição. Os estragos chegaram a pelo menos 35 imóveis.
Era dia 25 de janeiro de 2021. O rompimento causou uma enxurrada. A Avenida das Rendeiras, que é a principal via do bairro, ficou debaixo d'água. Carros ficaram submersos e dezenas de pessoas tiveram prejuízos.
A Servidão Manoel Luiz Duarte foi o local mais atingido. A responsável pela lagoa que se rompeu também é a Casan.
Alagamento na Avenida das Rendeiras, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, em janeiro de 2021 — Foto: Defesa Civil/ Divulgação
Os bombeiros retiraram na época 70 moradores durante o rompimento. Uma pessoa foi levada para o hospital com ferimentos leves.
Segundo a associação de moradores da região, as famílias foram indenizadas pelo que perderam. Mas um ressarcimento por danos morais nunca aconteceu. A Casan não se manifestou sobre isso.
Carros atingidos pelo alagamento na Lagoa da Conceição, em Florianópolis — Foto: Defesa Civil/ Divulgação
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Alagamento na Lagoa da Conceição, em Florianópolis — Foto: G1 SC e NSC
Outros casos
Outros rompimentos também ocorreram no ano passado. No dia 18 de abril de 2022, uma adutora da Casan quebrou o asfalto das quatro pistas da Avenida Gustavo Richard, no centro da Capital, em frente à Passarela do Samba Nego Quirido.
Tubulação rompeu na manhã desta segunda-feira (18) — Foto: PMF/Divulgação
Nove dias depois, ainda em abril, outra adutora rompeu em Florianópolis. Desta vez, na Rua Lauro Linhares, perto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
No dia 16 de maio de 2022, um caso parecido ocorreu na Avenida Madre Benevenuta, em frente à Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). O abastecimento de água e o trânsito na região foram afetados.
Opiniões
Segundo o engenheiro sanitarista Vinícius Ragghianti, as causas de todos esses rompimentos são distintas. "O problema que acontece em uma adutora na região da Trindade vai ser diferente de um problema que aconteceu em uma adutora na região do Itacorubi. Estou falando de solos diferentes, topografias diferentes, etc", explicou.
"Já o problema do rompimento de hoje é um problema, de fato, estrutural. Rompeu uma parede de um reservatório. Um reservatório que é projetado para não romper em hipótese alguma, principalmente em condições normais de operação", declarou.
Rompimento aconteceu às 2h desta quarta-feira (6) na comunidade do Monte Cristo, em Florianópolis — Foto: Alexandre Vieira/ PMF
A saída, segundo especialistas é investir pesado na prevenção, para que episódios deste tipo não voltem a acontecer.
"Inspeções, manutenções periódicas, garantir a integridade das estruturas e tudo mais. Isto é a lição de casa dos profissionais de engenharia civil, geotecnia, de segurança do trabalho. É sabido que a Casan tem esse corpo, esse trabalho é feito. Não significa que, fazendo isso, a gente não está sujeito a sofrer algum acidente, alguma tragédia, como o que aconteceu hoje", declarou.
O professor de governança pública da Udesc Danilo Melo disse que é fundamental refletir para prevenir situações semelhantes.
"É importante perceber que esses casos não são isolados. É importante que a gente reflita sobre esses fenômenos não os isolando e nem isolando as populações que são afetadas, atingidas por esses eventos, ou esses desastres, essas tragédias. Precisa, neste primeiro momento, de uma ação de resposta, de restabelecimento e de recuperação para essas comunidades. Mas isso não pode parar por aí. Isso tem que seguir além, num processo de preparação para que isso não volte a acontecer", opinou.
Imagens aéreas mostram destruição de comunidade após rompimento de reservatório em SC
O rompimento em um reservatório de água no bairro Monte Cristo vem em um momento de tensão entre a Prefeitura de Florianópolis e a Casan.
Isso porque, em julho deste ano, o munícipio ameaçou romper o contrato com a companhia caso as obras da estação de tratamento de esgoto do Sul da Ilha não comecem até o fim de outubro.
O contrato entre a prefeitura e a Casan está vigente desde 2007, mas a cobertura sanitária na região continua em 0%. Se o acordo não for cumprido no prazo estabelecido, a prefeitura disse que o contrato será rescindido e uma licitação pra contratar uma nova empresa será aberta em novembro.
Rompimento no Monte Cristo
O reservatório da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) que rompeu na madrugada desta quarta-feira (6), atingindo 92 casas na comunidade Monte Cristo, em Florianópolis, foi inaugurado em março de 2022, segundo a companhia.
Comunidade do Monte Cristo após rompimento de reservatório em Florianópolis — Foto: Alexandre Vieira/ PMF
Imóveis, comércios, carros e ruas ficaram destruídos. Duas pessoas que se feriram sem gravidade foram atendidas pelos bombeiros e levadas a unidades de saúde. A Casan não informou o que motivou o rompimento.
Segundo a delegada Michele Rebelo, diretora da Polícia Civil da Grande Florianópolis, um inquérito foi instaurado para apurar as causas do ocorrido.
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