Por Anaísa Catucci, G1 SC


Fogo e fumaça tomaram o Parque da Serra do Tabuleiro, em Palhoça, em setembro de 2019 — Foto: Tiago Ghizoni/NSC

As queimadas estão elevando o risco de extinção das espécies ameaçadas no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, que é a maior unidade de conservação em terra de Santa Catarina e abrange oito municípios na Grande Florianópolis.

O risco é ainda maior para as espécies raras que não estão sob nenhum mecanismo de proteção e possuem uma distribuição restrita. Este é o caso, por exemplo, da Commelina catharinensis, que é uma planta herbácea rasteira.

A espécie foi encontrada em um dos pontos mais críticos do rastro de destruição provocados pelos recorrentes incêndios no parque, que é a Baixada do Maciambú, em Palhoça.

Commelina catharinensis, que é uma planta herbácea amarela encontrada no Parque da Serra do Tabuleiro — Foto: João de Deus Medeiros/ Arquivo pessoal

Além do avanço do fogo considerado "fatal", a Commelina catharinensis e outras dezenas de espécies também precisam driblar outros desafios, como estiagem, a presença de pinus e a ação humana, que ainda é considerada a maior causadora de incêndios florestais. (Veja abaixo a lista de plantas)

Diante das combinações de fatores, o G1 SC entrevistou pesquisadores e representantes do Corpo de Bombeiros, do Ministério Público de Santa Catarina, da Polícia Civil e do Instituto Geral de Perícias (IGP) para analisar os impactos das queimadas no parque nos últimos anos e as ações de recuperação. O órgão responsável pela unidade de conservação é o Instituto do Meio Ambiente (IMA).

Essa é a terceira reportagem que integra a série sobre consequências das queimadas em Santa Catarina. Outras duas contam a história do defensor de uma reserva em Florianópolis e falam sobre como uma vegetação invasora coloca em risco espécies no Parque do Rio Vermelho.

Impactos e alteração na paisagem

Combate ao incêndio em setembro de 2019 no parque da Serra do Tabuleiro, em Palhoça — Foto: Tiago Ghizoni/NSC

Segundo o levantamento feito pelo geógrafo e coordenador do Centro de Visitante do parque, Luiz Pimenta, a partir do recorte dos pontos dentro dos limites da Serra do Tabuleiro foram identificados 118 focos de incêndio entre os anos 2002 até setembro de 2020.

Incêndios no Parque da Serra do Tabuleiro — Foto: Luiz Pimenta/Arquivo pessoal

Uma das maiores queimadas da história do parque ocorreu em setembro de 2019, com cinco incêndios que provocaram alteração na paisagem e destruíram mais de 800 hectares, o que corresponde a 1% da área. (Veja abaixo lista com as ocorrências)

Os impactos na biodiversidade são inumeráveis, e os prejuízos serão sentidos nos próximos anos. A maior parte da fauna da área atingida morreu carbonizada. Segundo o coordenador do parque, Carlos Cassini, a recuperação poderá levar até 15 anos.

Antes e depois em um dos pontos do parque da Serra do Tabuleiro atingido por incêndio em 2019 — Foto: Instituto do Meio Ambiente de SC- Divulgação/Montagem G1

Em 2020, as ocorrências voltaram a ser registradas na região e foram identificadas cinco queimadas. Desde março, quatro pessoas foram indiciadas por provocar incêndios em unidade de conservação.

"As proporções de queimadas foram menores se compararmos com 2019. O incêndio deste ano [2020] com maior duração foi registrado em maio por causa do período de seca e atingiu a vegetação nativa. Apesar do combate intenso dos bombeiros e voluntários, o fogo só foi extinto quando choveu", disse Cassini.

Incêndio no parque da Serra do Tabuleiro — Foto: CBMSC/ Divulgação

Ameaça constante

Segundo o professor João de Deus Medeiros, do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), eventos extremos decorrentes das mudanças climáticas globais têm provocado em Santa Catarina situações de estiagens prolongadas que se revezam com outros fenômenos, como vendavais e enxurradas.

Professor da UFSC fala sobre os impactos das queimadas no Parque da Serra do Tabuleiro

Professor da UFSC fala sobre os impactos das queimadas no Parque da Serra do Tabuleiro

"Especificamente as estiagens mais prolongadas reduzem a disponibilidade hídrica e deixam as áreas naturais sujeitas a incêndios catastróficos", explica.

A vegetação na região não é adaptada ao fogo, o que faz com que, ao sofrer uma queimada, tenha um dano ambiental imenso e de difícil recuperação.

Para plantas já ameaçadas, o risco é considerado "fatal", avalia Medeiros. É o caso da Commelina catharinensis, uma das descobertas mais recentes nas mediações, que foi encontrada no campo de restinga em uma área de menos de 600 m².

"A conservação desta espécie na natureza fica ainda mais crítica com as queimadas, pois é uma planta com endemismo restrito [que ocorre exclusivamente em determinada região geográfica] e atualmente já ameaçada de extinção. O cenário é frustrante, por causa da ameaça constante de incêndio, depósito de lixo e trilhas irregulares, além da expansão imobiliária mesmo em áreas de proteção permanente", diz.

Lixo nas proximidades do Parque da Serra do Tabuleiro, em Palhoça, na Grande Florianópolis — Foto: Gabriel Lain/NSC

A espécie ameaçada tem uma característica principal da cor, com tons amarelos. Segundo o professor, é um tipo de planta comum, popularmente conhecida como trapoeraba, mas, na América do Sul, as espécies têm flores azuis. Ela floresce e frutifica, de acordo com as informações disponíveis até o momento, entre outubro e março.

“Desde 2011, quando a observamos pela primeira vez, vasculhamos a área e não encontramos em nenhum outro local. Com o evento de fogo, o risco de extinção é total. Ela é muito frágil e uma pequena queimada seria fatal”, afirma.

Commelina catharinensis foi encontrada no campo de restinga das mediações do Parque da Serra do Tabuleiro, em Palhoça — Foto: João de Deus Medeiros/ Arquivo pessoal

Outras plantas

Ainda de acordo com o professor, na mesma área existem três espécies reconhecidas pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) classificadas como em perigo de extinção. Outras 17 espécies identificadas não avaliadas quanto ao grau de ameaça.

"Essas são espécies sensíveis aos incêndios e que pouco ainda conhecemos e estão na região conhecida como a Baixada do Maciambú [Palhoça]", explica.

Plantas que estão em grau de perigo de extinção:

  • Noticastrum malmei
  • Hippeastrum breviflorum
  • Hippeastrum striatum

Hippeastrum striatum, Noticastrum malmei e Hippeastrum breviflorum — Foto: João de Deus Medeiros/Arquivo pessoal

Plantas que estão em grau de ameaça:

Proserpinaca palustris, Proserpinaca palustris, Canavalia bonariensis, Passiflora mediterranea, Calydorea campestris e Sinningia allagophylla — Foto: João de Deus Medeiros/Arquivo pessoal

  • Euphorbia sarcoceras
  • Commelina catharinensis
  • Pleroma asperior
  • Pleroma trichopodum
  • Matelea denticulata
  • Portulaca mucronata
  • Acisanthera alsinaefolia
  • Butia catarinensis
  • Passiflora capsularis
  • Passiflora mediterranea
  • Proserpinaca palustris
  • Salicornia fruticosa
  • Calydorea campestris
  • Philodendron renauxii
  • Sinningia allagophylla
  • Bidens laevis
  • Canavalia bonariensis

Matelea denticulata, Philodendron renauxii, Acisanthera alsinaefolia, Pleroma trichopodum, Euphorbia sarcoceras, Portulaca mucronata, Salicornia fruticosa, Pleroma asperior, Butia catarinensis, Passiflora capsularis L. — Foto: João de Deus Medeiros/Arquivo pessoal

Danos ambientais e animais sobreviventes

De acordo com Luiz Pimenta, a perda ambiental em casos de incêndio, principalmente o que devastou o parque em 2019, são incalculáveis.

Geógrafo fala sobre os impactos das queimadas no Parque da Serra do Tabuleiro

Geógrafo fala sobre os impactos das queimadas no Parque da Serra do Tabuleiro

Aves, pequenos mamíferos, anfíbios e répteis, entre outros animais, lutam para sobreviver na vegetação devastada.

"A área do parque é cheia de ninhos que possivelmente viraram cinzas. Tem muitos animais que conseguiram escapar, mas acabam indo pra áreas diferentes e acabam causando outros impactos", explica o geógrafo.

Animais encontrados nos locais do incêndio — Foto: Paulo Muller/NSC TV

Ao longo de duas décadas que trabalha no local, Pimenta conta que já houve registro de outras queimadas dentro do parque. Mas um dos maiores desafios é romper com o desfecho comum envolvendo a responsabilização pelos incêndios e conscientização ambiental.

"Temos trabalhado com a prevenção e a resposta a esses eventos com mais parcerias e elaboração de planos, como o de contingência para buscar minimizar e conscientizar as pessoas em relação a essa questão".

Resgate do jabuti encontrado no incêndio em setembro de 2019 no parque da Serra do Tabuleiro, em Palhoça — Foto: Divulgação/PMA

Espécies raras e ameaçadas

  • Mais de mil espécies de flora
  • 89 espécies de mamíferos
  • 48 espécies de anfíbios
  • 50 espécies de répteis

Parque Estadual da Serra do Tabuleiro durante a queimada de setembro de 2019 — Foto: Tiago Ghizoni/NSC TV

Investigações do MPSC

De acordo com o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), que tem uma promotoria temática da Serra do Tabuleiro e acompanha a história do parque também há 20 anos, a maioria das queimadas investigadas pelo órgão são registradas na Baixada do Maciambú, que fica nas proximidades com a Praia da Pinheira, Praia do Sonho e da Guarda do Embaú.

Promotor que atua na Serra do Tabuleiro fala sobre as investigações sobre as queimadas

Promotor que atua na Serra do Tabuleiro fala sobre as investigações sobre as queimadas

Segundo o promotor José Eduardo Cardoso, a cada um dos episódios são abertos inquéritos civis. Existe um inquérito policial no intuito de identificar responsável pelo incêndio e responsabilizá-los civil e criminalmente.

"É uma região onde os incêndios acontecem por ocasião de épocas de seca, ventos intensos e provocados pela ação humana. Os incêndios não têm causa natural, eles não são um fenômeno da natureza. É algo que acontece em decorrência da pressão antrópica, da presença de pessoas do ambiente do entorno do parque e, em alguns casos, até dentro do parque", explica.

A principal atenção que o MPSC tem incentivado são ações com foco na prevenção e no combate eficiente. "Sem essas duas providências, nós vamos ter episódios frequentes de incêndio ocorrendo nos momentos que eles são mais propícios [...] As atitudes em defesa do parque seguem e a esperança é que um dia nós tenhamos a condição ideal de enfrentar ou até eliminar esse tipo de problema", afirma.

Queimadas em vegetação

No auge das chamas, o trabalho exaustivo de combate envolve policiais militares, agentes de órgãos como Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, voluntários e outros órgãos.

Corpo de Bombeiros fala sobre as ações de combate ao incêndio na Serra do Tabuleiro

Corpo de Bombeiros fala sobre as ações de combate ao incêndio na Serra do Tabuleiro

Em Santa Catarina, até o dia 14 de outubro de 2020, foram registrados 4.945 casos de incêndio, sendo 824 na região da Grande Florianópolis e ao menos cinco no parque da Serra do Tabuleiro. (Confira tabela com dados abaixo)

Para o tenente-coronel Jefferson de Souza, do Corpo de Bombeiros, a ação humana é principal causa de incêndios florestais.

"A maioria dos incêndios têm como causa uma ação humana intencional, fogueiras mal apagadas, limpeza de terrenos, pontas de cigarro lançadas na vegetação, balões, entre outras. Especificamente no parque da Serra do Tabuleiro temos diversas invasões e uma maior frequência de pessoas transitando naquela área, ao que acreditamos ter relação direta com os constantes incêndio. É preciso uma maior conscientização, fiscalização e punição. Esse é um grande desafio", explica.

Incêndios no parque da Serra do Tabuleiro em 2020

Mês Casos
Janeiro 2
Março 1
Maio 1* (3 a 4 semanas de combate)
Agosto 1* (princípio de incêndio)

Incêndios Florestais em Santa Catarina

Ano Ocorrências
2020* até 14 de outubro 4945
2019 4373
2018 2949
2017 3884

Incêndios Florestais na Grande Florianópolis

Ano Ocorrências
2020* até 14 de outubro 824
2019 629
2018 391
2017 568

Bombeiros, PM e Defesa Civil atuaram no controle do fogo em julho de 2016 — Foto: Comunicação Social Ambiental/Divulgação

Prisões e investigações

A Polícia Civil passou a integrar o Plano de Contingência do parque em janeiro desde ano. Segundo a delegada Carolina Quintana Guedes, no primeiro semestre quatro pessoas foram indiciadas por causa de incêndio florestal, que provocaram danos avaliados em mais de R$ 2 milhões.

Delegada fala sobre investigações de incêndios criminosos no parque de SC

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"Os incêndios não têm ocorrido devido às causas naturais, mas por ação humana tratando-se de crimes ambientais. Muitas vezes, os autores acabam assumindo o risco de produzir o resultado e o dano à vegetação é ainda mais agravado em razão dos ventos constantes e fortes, do clima muito seco, o que propicia a dispersão das chamas", explica.

A Polícia Civil reforça que a queimada de lixo, entulhos, folhas e afins é proibida em meio à vegetação, em especial nas imediações do parque, por causa do risco à vegetação e em função dos impactos ambientais. As denúncias de desrespeito podem ser feitas pelo telefone 181.

As buscas de respostas e explicações nas cinzas envolvem varreduras, mapeamentos com drones, utilização de programas de geoprocessamento, entre outros recursos de perícia para materializar as provas realizadas pelas equipes do Instituto Geral de Perícias (IGP).

"Os nossos principais objetivos neste tipo de perícias são identificar o local de origem do fogo, apontar as possíveis causas e eventuais vestígios que auxiliem a investigação a encontrar o autor, verificar riscos que o incêndio tenha oferecido a propriedades próximas e avaliar os danos ambientais resultantes", afirma a perita Bettina Tomio Heckert.

Ainda de acordo com ela, entre as características comuns observadas nos incêndios florestais mais recentes está a proximidade do ambiente queimado com o meio antrópico, ou seja, com locais habitados ou no mínimo frequentados por pessoas.

"Por exemplo, regiões próximas a comunidade de moradores, áreas de trilhas, ou mesmo áreas rurais próximas a atividades agropecuárias. Então, mesmo nos casos em que não se encontram vestígios de ação humana, é muito provável que o incêndio tenha se originado desta maneira, pela ação humana, que pode ser intencional ou não. É comum também que os incêndios florestais estejam relacionados aos desmatamentos, pois esse é um método que com frequência é usado para limpeza no terreno depois do corte de vegetação", disse.

Ela explica que as perícias acabam envolvendo atendimentos complexos. "Uma equipe capacitada e experiente consegue fazer a diferença, com vestígios escassos ou até imperceptíveis a olhos destreinados. A perícia criminal pode ser fundamental para a elucidação da verdade", disse Bettina.

Imagem aérea mostra área queimada no Parque Serra do Tabuleiro, na Grande Florianópolis — Foto: IGP/ Divulgação

Qual o plano para o futuro do parque?

A eliminação dos pinus, o trabalho envolvendo órgãos de segurança e proteção estão previstas no Plano de Contingência aos Incêndios Florestais na Baixada do Maciambú, que começou a ser elaborado em 2019. Também faz parte o Plano de Restauração Ecológica e de Manejo, para tentar reverter o declínio da natureza.

Na área onde haverá a derrubada, estão sendo plantadas mudas de árvores nativas. No local, também será implantada uma trilha para contemplação e que também servirá para o acesso de veículos quando houver incêndios. As ações ocorrem com investimento público e envolvem projetos com a iniciativa privada.

São feitas ações paralelas envolvendo a Defesa Civil, bombeiros, polícia, voluntários e principalmente envolvendo a comunidade.

"São realizados trabalhos com escolas e de conscientização para não descartar lixo e restos de construção no parque. Também estamos em andamento na abertura de uma trilha de 7 quilômetros que vai facilitar o acesso de pedestres e também servirá de apoio em casos de combate aos incêndios", afirma Cassini, coordenador do parque.

Para Pimenta, se algo pode ser tirado de bom em meio à tragédia ambiental, é a mobilização da comunidade em torno do parque. Ele conta que - com o incêndio - foi despertado um sentimento de pertencimento nas pessoas que vivem nos arredores da unidade de conservação.

Começa trabalho de perícia de área atingida por incêndio no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro em Palhoça — Foto: IGP/Divulgação

Parque Estadual Serra do Tabuleiro

O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro é a maior unidade de conservação de Santa Catarina, segundo a Fundação do Meio Ambiente (Fatma). O local ocupa aproximadamente 1% do território do estado, com uma extensão de 84.130 hectares.

Criado pelo Decreto n° 1.260/75, o parque abrange áreas de oito municípios: Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí e Paulo Lopes. Envolve também as ilhas de Fortaleza/Araçatuba, Ilha do Andrade, Papagaio Pequeno, Três Irmãs, Moleques do Sul, Siriú, Coral, dos Cardos e a ponta Sul da Ilha de Santa Catarina.

A sede fica às margens da BR-101, a 40 quilômetros ao Sul de Florianópolis. São cinco serras protegidas pelo parque, a Serra do Tabuleiro, Capivari, Santa Albertina, Morretes e a Serra do Cambirela, onde está localizado o pico culminante do parque, com 1.288 metros de altitude.

O parque tem variada vegetação, com restinga e manguezal, floresta pluvial da encosta Atlântica, floresta de araucárias e, nas partes mais altas, encontram-se os campos de altitude. Na região, formam-se os rios e córregos responsáveis pelo fornecimento da água utilizada pelos moradores da Grande Florianópolis. O local abriga a bacia do Maciambú.

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