Por G1 SC


Estudantes desocupam prédio da reitoria da UFFS, em Chapecó — Foto: UFFS/Divulgação

Os estudantes que ocupavam o prédio da reitoria da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Chapecó, no Oeste catarinense, deixaram totalmente o local por volta das 10h desta sexta-feira (20), segundo alunos que participam do movimento. A reitoria da universidade informou que o reitor foi na tarde desta sexta para o prédio e que já atua no gabinete.

Os alunos começaram a sair do local no final da noite de quarta (18), quando houve uma assembleia do movimento que decidiu pela desocupação. Os estudantes estavam no prédio da reitoria desde 30 de agosto. Eles protestam contra a nomeação de Marcelo Recktenvald para reitor da universidade.

De acordo com os estudantes, foi entregue para os trabalhadores terceirizados o controle do portão do prédio. O tempo até a manhã desta sexta foi usado para a retirada de colchões, barracas e alimentos, além da realização da limpeza do local.

Saída

Recktenvald foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para reitor mesmo sendo o terceiro colocado dos votos para o cargo. Os estudantes disseram à NSC TV que a manifestação é por considerar a postura do presidente antidemocrática.

Reitor Marcelo Recktenvald (segundo da esquerda para a direita) conversa com servidores da reitoria da UFFS, em Chapecó, na tarde desta sexta-feira (20) — Foto: UFFS/Divulgação

A assembleia em que os alunos decidiram sair da reitoria ocorreu após a reunião ordinária do Conselho Universitário (Consuni) da UFFS. Nesse encontro, os conselheiros aprovaram os pedidos feitos pelos estudantes que estavam na ocupação. Por isso, os alunos aceitaram deixar o prédio da reitoria.

No domingo (15), integrantes do Consuni apresentaram uma carta com pedido de renúncia a Marcelo Recktenvald do cargo de reitor da instituição.

Os conselheiros, entre titulares e suplentes, exigem a renúncia por entenderem que "sua nomeação, feita pelo Presidente da República, por meio de Decreto publicado no Diário Oficial da União em 30 de agosto de 2019, representa clara violação à autonomia da UFFS e desrespeito para com a comunidade universitária".

Recktenvald tomou posse como reitor em cerimônia em Brasília ocorrida em 4 de setembro.

Lista tríplice

Recktenvald assumiu o lugar de Jaime Giolo, que ocupava o cargo de reitor eleito da UFFS desde 2015, quando ocorreu o primeiro processo de consulta previa à comunidade universitária e a votação do Consuni. Antes disso, desde 2009, o próprio Giolo estava à frente do cargo como reitor pro tempore, ou seja, que foi designado temporariamente pelo Ministério da Educação (MEC).

Estudantes ocupam a reitoria da UFFS após posse de reitor — Foto: Fernanda Moro/NSC TV

O processo de escolha de composição da lista tríplice para reitoria da universidade - o segundo em sua história - teve o primeiro turno realizado em 29 de abril deste ano. O processo de consulta prévia contou com quatro chapas inscritas e participação de mais de 6 mil pessoas. Recktenvald teve 21,40% do total de votantes, ficando em terceiro lugar.

O reitor nomeado por Bolsonaro não chegou a participar do segundo turno do processo, realizado em 28 de maio. Participaram as duas chapas mais votadas. O resultado foi Anderson André Genro Alves Ribeiro em primeiro lugar, com 54,1%; e Antônio Inácio Andrioli, com 45,9%.

Segundo a UFFS, não há hierarquia na lista tríplice, ou seja, qualquer um dos três indicados pelo Conselho Universitário pode ser nomeado. Conforme a legislação vigente, “o reitor e o vice-reitor de universidade federal serão nomeados pelo Presidente da República e escolhidos entre professores dos dois níveis mais elevados da carreira ou que possuam título de doutor, cujos nomes figurem em listas tríplices organizadas pelo respectivo colegiado máximo, ou outro colegiado que o englobe, instituído especificamente para este fim, sendo a votação uninominal”. O reitor recém-empossado da UFFS foi nomeado por meio do Decreto de 29 de agosto de 2019.

A UFFS atualmente tem campi em seis cidades, entre os três estados do Sul. Em Santa Catarina está o maior deles, em Chapecó. No Rio Grande do Sul, são três campi, em Passo Fundo, Erechim e Cerro Largo. Há dois também no Paraná, em Laranjeiras do Sul e Realeza.

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