Preço do ovo subiu 12% em 12 meses, acima da inflação (10,54%)
O preço do ovo registrou alta gradual e sem recuo nos últimos 12 meses. Durante o período, o preço subiu 12%, mais que a inflação que foi 10,54%. O aumento é reflexo das geadas e estiagem nas regiões produtoras de grãos, principalmente o milho.
Entre as capitais, Belo Horizonte foi quem teve a maior alta na variação do período, de 22%, segundo o IPCA/IBGE, de fevereiro. Na Ceasa de Santa Catarina, que abastece cidades da Grande Florianópolis e outras regiões, a dúzia de ovos ficou 36,9% mais cara desde dezembro.
"A gente vendia a R$ 17, passou para R$ 18, hoje tá saindo R$ 20, trinta ovos. A duzia tá saindo a R$ 10", disse a feirante Rafaela Petry.
"Eu uso ovo. Omelete todo mundo come de manhã e à noite. Em todos os alimentos, faz um pão, faz uma massa, macarrão. Agora cortamos um pouco o ovo", disse a professora aposentada Maines Ozelane.
A alta do preço do ovo tem relação direta com o preço do milho, um dos principais ingredientes da ração usada para alimentar as galinhas nas granjas.
"O milho está operando a quase R$ 100, a saca de 60 quilos, sendo que se a gente for pegar há dois anos, esse mesmo saco de milho estava em R$ 38", explica Felipe Serigati, que é pesquisador da FGV Agro.
Consequência de fatores climáticos como as geadas registradas em 2021 e a estiagem, que ainda castiga algumas regiões.
"O problema é que no mercado interno aqui no Brasil, a inflação está alta, está corroendo o poder de compra, logo o espaço pra que você faça o reajuste no preço dos produtos infelizmente, do ponto de vista do produtor, do ponto de vista do varejista, é limitado", afirma o pesquisador.
Preço do ovo tem alta gradual e sem recuo — Foto: Reprodução/ NSC TV
Em Blumenau, no Vale do Itajaí, Márcio Godinho que é dono de uma granja disse que apesar da sequência de aumentos com a alta dos insumos, não consegue repassar o custo para o preço dos ovos.
"Até pouco tempo a gente estava trabalhando abaixo do custo. E agora ainda está se pagando o custo de produção. Não estamos tendo lucro", afirma.
Além dos problemas internos, o conflito na Ucrânia também pode impactar na produção deste ano.
"Tínhamos a expectativa de ter um ano mais próximo da normalidade, só que, agora, estamos sendo surpreendido principalmente por esse conflito lá no Leste europeu que vai tanto manter preço de grãos bastante pressionados, como também deve encarecer preço de combustível e aí, independente de qual seja a cadeia, esse é um choque de custos que todos vão sentir. Do produtor agrícola, do produtor de proteína animal, do produtor de ovos e, naturalmente o consumidor final também", analisa Serigati.
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