Agronegócio registra aumento da presença de mulheres em Santa Catarina — Foto: Montagem/ g1 SC
A busca por curso de técnicas de produção rural e empreendedorismo vem aumentado a cada ano entre as mulheres de Santa Catarina até mesmo durante a pandemia. Para marcar o Dia das Mulheres, celebrado nesta terça-feira, 8 de março, o g1 SC traz as histórias de mulheres que atuam no agronegócio em diferentes regiões do estado (veja abaixo).
Conforme o último censo agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 501.811 pessoas trabalhavam em estabelecimentos agropecuários do estado em 2017.
Dessas, 328.327 homens e 173.484 mulheres. Já em relação à gerência das propriedades, apenas 10% eram gerenciadas pelo público feminino. O cenário, entretanto, tem mudado nos últimos anos.
Agronegócio registra aumento da presença de mulheres em SC
Segundo a Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf-SC), cerca de 20 mil mulheres trabalhavam no setor antes da pandemia, entre chefes de propriedade, esposas, filhas e netas.
A federação aponta que, apesar de não ter um levantamento recente oficial, observou um crescimento significativo de mulheres agricultoras que abriram novos negócios durante a pandemia, e estima que esse número tenha aumentado em, pelo menos, 5%, nos últimos dois anos.
"É uma realidade que tem mudado ao longo do tempo, mas ainda não é uma realidade ideal que a gente gostaria que fosse […] Acredito que seja um contexto desde histórico, do machismo que vem das épocas remotas, mas o papel da própria mulher em se colocar à frente dos processos, por isso que a gente trabalha com meninas e mulher para que elas possam se empoderar e se colocar à frente dos processos. Desde 2012, trabalhamos com cursos de protagonistas de jovens homens e mulheres, que possam crescer na propriedade e ser lideranças na propriedade e também nas suas comunidades", afirma a presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Edilene Steinwandter.
LEIA MAIS:
Cláudia Hess, produção de bananas, no Litoral Norte
Cláudia Hess trabalha com produção de bananas em Balneário Piçarras — Foto: Sicoob/ Divulgação
Aos 32 anos, viúva e com um filho pequeno, a Cláudia Hess precisou assumir a produção de bananas na propriedade que fica no interior de Balneário Piçarras, no Litoral Norte catarinense.
“Arregacei as mangas e trabalhei porque eu tinha um filho pra sustentar. Trabalhava até a meia-noite e às 4h eu já estava acordada", disse.
Ela explica que após 14 anos enfrentando a nova rotina passou a ser conhecida como “Cláudia das Bananas”. Atualmente, o produto é vendido para outros estados e até para para o Uruguai.
"Quando a pessoa quer, independente se for mulher ou homem, sei que vai conseguir ainda mais, mas eu não consegui nada de graça, tem que ir a luta, não tem que depender do marido, tem que ir a luta. Se precisar ir pra roça ou vou, eu dirijo o caminhão, eu ajudo na carga sou uma funcionário na carga, corto penca, não tem serviço ruim", afirma Cláudia.
Rosi Effting, tecnologia para produção leiteira, Sul catarinense
Em Braço do Norte, no Sul catarinense, a produtora rural Rosi Effting, de 61 anos, é referência na área de tecnologia para a produção leiteira. Ela investiu pesado na propriedade em estrutura modelo.
“Quando eu comecei era muito difícil aceitarem o nosso trabalho de mulher, as dificuldades eram maiores, hoje o mundo já evoluiu muito, mulheres estão a frente ou do lado, antes só aparecia os homens e hoje vão os dois juntos”, explica.
Márcia Stuelp, granja de suínos, Oeste catarinense
Assim como elas, Márcia Stuelp, de 47 anos, também comanda sozinha a gestão de uma das maiores granjas de suínos no Oeste do Estado, que fica em São João do Oeste.
Ela explica que precisou enfrentar situações de preconceito. "Sou extremamente exigente […] As pessoas olham pra mim e dizem: 'aquela lá é a minha patroa, ela é a chefe'. E eu tenho certeza que eles sentem orgulho disso".
Tatiana da Gama Cunha, cultivo de algas, Grande Florianópolis
Tatiana da Gama Cunha buscou se especializar no cultivo de algas — Foto: Tiago Ghizoni/ NSC
A presidente da Associação dos Maricultores do Ribeirão da Ilha em Florianópolis, Tatiana da Gama Cunha, de 44 anos, já era uma liderança antes da pandemia, mas foi nos últimos 2 anos que começou o cultivo de algas marinhas, que foi liberado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2020.
"Com as minhas pesquisas, eu vi que a alga poderia ser utilizada para os cosméticos. Até então eu não sabia. A gente não tem noção que os produtos que a gente usa já tem alga […] Então eu comecei a pesquisar e achei um grupo de mulheres no Nordeste, e eu quis ir pra lá pra ver se eu conseguia fazer com a alga o que elas fazem lá com outra espécie", relata Tatiana.
Após os experimentos, Tatiana passou a produzir cosméticos, como shampoo, condicionador, sabonete, hidratante e também começou a produção de biofertilizantes.
VÍDEOS: Reveja reportagens do Dia Internacional da Mulher
Veja mais notícias do estado no g1 SC