02/08/2014 18h42 - Atualizado em 02/08/2014 20h02

'Não comia, nem dormia. Só queria ir para casa', diz fazendeiro sequestrado

Homem, de 56 anos, estava há três dias em posse dos sequestradores.
Cinco pessoas foram presas e polícia acredita que há mais envolvidos.

Do G1 Rio Preto e Araçatuba

Fazendeiro passou três dias em poder de sequestradores (Foto: Reprodução / TV TEM)Fazendeiro passou três dias em poder de sequestradores (Foto: Reprodução / TV TEM)

O fazendeiro que passou três dias em poder de sequestradores essa semana em São José do Rio Preto (SP) conversou com exclusividade com uma equipe do Tem Notícias neste sábado (2). Ele contou como era a rotina no cativeiro, os momentos de medo que enfrentou e o alívio ao ser libertado. "Não conseguia dormir, nem comer. Eu só pensava em voltar para a minha casa, para a minha família. graças a Deus tudo deu certo", conta o homem, que já está em casa.

A vítima recebeu a equipe no apartamento onde mora com a família, no centro da cidade. O homem relembrou o momento em que foi rendido na terça-feira - 29 de julho - na entrada da fazenda dele. "Eu estava entrando na minha fazenda e eles tinha acorrentado a entrada. Quando eu parei a caminhonete, eles enconstaram e me renderam. Na hora colocaram uma blusa na minha cabeça e eu não vi nada. Eu achei que eles queriam a caminhonete, proque gritaram "perdeu, perdeu, perdeu. Eu desci e eles anunciaram o sequestro, falaram que eram de uma facção criminosa e queriam R$ 800 mil. Falei que não tinha dinheiro, e não adiantou", conta o fazendeiro.

A vítima conta que passou a maior parte do tempo sem dormir e não conseguia se alimentar. "Amarraram minha mão e vendaram meus olhos e a boca. Tinha um cochonete e uma cadeira lá, eu ficava ali o dia todo. Eles falaram para nao me mexer, não fazer barulho. Eu escutei barulho de uma criança, de mulheres conversando, de dois homens. Eu não consegui comer, eles me ofereciam, mas não conseguia engolir. Uma vez por dia me traziam um copo de água e eu bebia. Mas sono não tive. Ele era interrompido o dia todo", explica o fazendeiro.

Ainda debilitado e com o pé quebrado, o fazendeiro, que é diabético, não recebeu medicações durante o sequestro. Ele se emociona ao falar da chegada dos policiais. "Quando eles chegaram, fiquei nervoso, eu não assimilei o que acontecia lá fora, achei que eram os bandidos brigando entre si. Quando escutei que era a polícia, alguém gritou "você vai pra casa", não sei explicar o que senti, alívio, alegria, tudo. Foi a maior alegria da minha vida saber que ia reencontrar minha família e estava tudo bem", finaliza.

Prisões
Imagens divulgadas pelo Grupo Antissequestro mostram a prisão do mentor do sequestro. Elas mostram o momento em que os policiais perseguem o homem pela Avenida Philadelphio Gouveia Neto, na tarde de sexta-feira. O carro segue em alta velocidade e é seguido por carros do Grupo Antissequestro. Quando o sinal fecha, os agentes descem do carro armados e continuam a perseguição a pé. Em seguida abordam o carro do sequestrador, que tenta usar o celular, mas é impedido pelos policiais.

Segundo a polícia, ele encomendou o sequestro e já havia prestado serviços na casa da família como pintor.  Cerca de uma hora depois, eles encontram o cativeiro e libertam a vítima. Na casa, localizada no bairro Dom Lafaiete, foram presos em flagrante três mulheres que moravam no local, além de um rapaz que vigiava o fazendeiro e guardava a chave do cativeiro.

Sequestro
O fazendeiro foi abordado última terça feira, 29 de julho, quando chegava à fazenda dele, em Jaci. A vítima conta que achou que o roubo era apenas do carro e só soube do sequestro no interior do veículo. Os homens diziam ser de um grupo que atua dentro e fora das penitenciárias paulistas e fizeram ameaçadas.

Em todos os três contatos feitos por telefone os bandidos exigiam uma alta quantia em dinheiro para libertar o fazendeiro: R$ 800 mil. Durante as investigações a polícia conseguiu identificar o autor do sequestro.

Em todo tempo que ficou no cativeiro, o empresário foi vendado, amordaçado, foi amarrado e tinha algodões nos ouvidos. A casa tinha música e TV ligada o tempo todo, para que ele não ouvisse o que era conversado. A vítima é diabética, não recebeu medicamentos e não conseguiu comer durante os dias que ficou no local.

O fazendeiro passa bem e já está com familiares. A polícia procura e acredita que há outros envolvidos no crime.

Mentor (de vermelho), jovem que guardava cativeiro e donas da casa foram presos em flagrante (Foto: Reprodução / TV TEM)Mentor, jovem que guardava cativeiro e donas da casa foram presos em flagrante (Foto: Reprodução / TV TEM)
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Fazendeiro foi amparado por homens do Grupo Anti-Sequestro (Foto: Reprodução / TV TEM)Fazendeiro é amparado por homens do Grupo Antissequestro em cativeiro (Foto: Reprodução / TV TEM

 

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