A Polícia Militar desocupou ao menos três diretorias de ensino e uma Escola Técnica (Etesp) na Avenida Tiradentes, no Centro de São Paulo, na manhã desta sexta-feira (13). Estudantes que ocupavam os prédios, entre eles adolescentes, foram levados para três delegacias.
Dezessete alunos que ocupavam a Etesp Tiradentes foram levados de ônibus da PM para o 3º Distrito Policial porque houve resistência, segundo a polícia. Os alunos estão sendo ouvidos acompanhados por um defensor público.
A Procuradoria Geral do Estado orientou as secretarias do governo Geraldo Alckmin (PSDB) a desocupar os prédios públicos do estado sem decisão judicial.
Estudantes que ocupavam diretoria de ensino são levado em ônibus da PM para o 23º DP, em Perdizes, Zona Oeste de São Paulo (Foto: Chello Fotógrafo/Futura Press/Estadão Conteúdo)O parecer do procurador geral do estado, Elival Ramos, foi dado após consulta do ex-secretário da segurança Alexandre de Moraes, baseado no conceito de autotutela, em que o estado é responsável pelos seus bens. Nesta quinta-feira (12), ele foi empossado como novo ministro da Justiça pelo presidente em exercício Michel Temer.
Os estudantes que ocupavam a Diretoria de Ensino Centro-Oeste foram levados para a delegacia de Perdizes (23º DP).
As Diretorias de Ensino Norte e Sul-Guarulhos também foram desocupadas, com a polícia retirando os estudantes que ocupavam os prédios.
Quinze alunos que estavam na diretoria Norte foram levados aos 7º DP. Uma das advogadas dos alunos afirma que não havia mandado para a desocupação. Os jovens, que preferiram não se identificar, afirmam que a polícia entrou no local nesta manhã. De acordo com um deles, houve intimidação verbal e xingamentos - mas sem uso de força física.
Um dos alunos diz que um funcionário sem farda entrou no local, tirou fotos e gravou os rostos dos jovens com celular privado. Até agora, não descobriram quem era
De acordo com a PM, por volta das 23h40 desta quinta-feira (12), cerca de 30 alunos dormiram na Etesp Tiradentes e foram retirados pela manhã.
Luisa Giovana Tronollane, 52, bancária, mãe de aluna da de 17 anos, não sabe por qual motivo a filha foi levada à delegacia.
"O que eu sei é que eles estavam dormindo e foram acordados pelos policiais para se enfileirar e foram conduzidos para o ônibus e trazidos para cá. Eu não sei qual é a acusação, o quê eles fizeram de errado. A ocupação deles é muito organizada, legitima, eu tenho certeza que nao houve depredação de patrimônio", disse.
Luisa viu a filha em uma sala do 23º DP. "Eles estão bem, estao tranquilos. Estão aguardando lá. O espaço é pequeno, alguns estão sentados no chão, outros na cadeira. Nós fomos autorizados a levar cafe da manhã para eles. E a gente queria entender o por que eles estão aqui. Qual é a acusação. A nossa preocupação é que haja quebra-quebra dentro da escola e que seja imputado a eles essa ação, o que nao ocorreu", disse.
Na página da organização política "Mal Educado" no Facebook, há relatos de que a PM teria entrado em outras Etecs que estavam ocupadas. Na mesma página, em outra publicação, há informações de que, no total, 50 estudantes foram levados à delegacia.
Por meio de nota, a Secretaria da Segurança informou que "desocupou pacificamente" as quatro unidades e que não houve confronto com os manifestantes. "Dois suspeitos foram presos por furto à Diretoria de Ensino de Guarulhos. Outros manifestantes foram conduzidos às delegacias de cada região para serem identificados e prestarem esclarecimentos. A PM agiu a pedido dos órgãos que administram os espaços públicos e sob recomendação de parecer da PGE", diz a nota.
Ocupações
O Centro Paula Souza informou na manhã desta sexta-feira que 11 escolas técnicas estaduais (Etecs) seguiam ocupadas por estudantes em São Paulo. Os alunos protestam contra a precarização das Etecs, os cortes na educação, o baixo salário de professores, a falta de refeições nas escolas e o desvio da verba destinada para a compra de merenda.
Além das Etecs, a Secretaria de Educação informou que estão ocupadas as unidades: Escola Estadual Professor Emygdio de Barros, no Jardim Bonfiglioli, e a Escola Estadual Virgília Rodrigues Alves de Carvalho Pinto, no Jardim Previdência, e a Diretoria de Ensino Região Centro-Oeste, no Sumaré. A Secretaria não confirma a ocupação da Diretoria Norte 1.
Segundo os alunos, estão ocupadas também: a Escola Estadual Dário de Queiróz e a Escola Estadual Brigadeiro Gavião Peixoto. Em pauta divulgada pelos estudantes da Escola Estadual Brigadeiro Gavião Peixoto, eles reivindicam a apresentação de contas da Associação de Pais e Mestres desde 2011, o funcionamento da sala de informática e do anfiteatro, o fornecimento de materiais esportivos para os alunos, suprimentos para a cozinha da escola, suporte psicológico a funcionários, entre outras reivindicações.
Policiais bloqueiam a entrada da Fatec/Etec da Avenida Tiradentes para impedir a entrada de alunos que deixaram a ocupação Centro Paula Souza (Foto: Tatiana Santiago/G1)
