Quase metade dos assaltos a empresas de valores em todo o país ocorreu no estado de São Paulo, informou o SPTV. De acordo com levantamento da Associação das Empresas de Transporte de Valores, São Paulo representa 46% do total de ataques no Brasil desde 2009. Neste ano, ocorreram dois roubos a bases no estado: em Campinas, interior, e em Santos, no litoral.
"Entendemos que as forças de segurança pública têm que atuar no sentido de coibir a ação desses criminosos, especialmente evitar que eles tenham acesso a armamentos de grosso calibre e a explosivos que são utilizados nesses assaltos", afirmou Rubens Sheechter, advogado de empresas de transporte de valores.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, a polícia prendeu três suspeitos do roubo em Campinas e procura os criminosos que participaram do ataque em Santos.
Para o delegado Fábio Pinheiro Lopes, que comanda a delegacia de combate a roubos a bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais de São Paulo (Deic), os criminosos que antes atacavam carros-fortes passaram a roubar as empresas de valores.
"Eles [assaltantes] partiram para as empresas, primeiro por causa do montante de dinheiro que tem lá. Hoje o comercio está sem dinheiro, a sociedade está sem dinheiro. Onde tem dinheiro são nos bancos e nas empresas de valores", afirmou o delegado.
De acordo com Lopes, também ocorreu uma migração da criminalidade para o interior do estado. "Aqui [na capital] tem vários grupos policiais. Nós temos aqui Polícia Civil, Polícia Militar, os grupos especiais da Polícia Civil, grupo especial da Polícia Militar. No interior, por questão de logística, geralmente o efetivo no periodo noturno, ele é baixo. Então, por isso que os ladrões optaram em migrar pro interior." Os roubos ocorridos em Santos e Campinas são investigados pelas polícias dessas cidades.
Santos
Imagens obtidas com exclusividade pelo SPTV mostram a ação da quadrilha que assaltou uma empresa de valores em Santos na última segunda-feira (4). Três pessoas morreram durante a troca de tiros entre criminosos e policiais.
O assalto ocorreu no bairro do Macuco por volta das 4h, quando criminosos armados invadiram a empresa. A Polícia Militar foi acionada e, em poucos minutos, chegou ao local.
Policiais e criminosos trocaram tiros e houve perseguição. Todos os bandidos conseguiram fugir após passarem por avenidas movimentadas da cidade e entrarem na via Anchieta, em direção a São Paulo. Dois policiais e um morador de rua morreram durante a ação.
Os criminosos utilizaram, como rota de fuga, a via Anchieta. A Polícia Militar Rodoviária realizou um bloqueio e mais dois policiais foram feridos. De acordo com a PM, os criminosos fugiram em direção a São Bernardo do Campo.
Nas imagens, é possível ver o caminhão utilizado pelos criminosos derrubando o portão da empresa e empurrando um carro forte, que fica parado para impedir invasões. Logo depois,os assaltantes começaram a atirar na guarita onde estavam os seguranças da empresa.
Dois assaltantes entram no local, carregando uma placa, espécie de escudo protetor, que foi utilizada durante as explosões logo em seguida. Toda a ação durou cerca de 50 minutos.
durante assalto (Foto: Nina Barbosa/TV Tribuna)
Encontrados
Após o assalto, a polícia encontrou parte do dinheiro roubado em carros abandonados pela quadrilha.
No total, R$ 8,9 milhões foram encontrados dentro de carros abandonados na Rodovia Anchieta. A empresa não divulgou o valor total roubado pelos assaltantes.
Vídeos
Moradores de três bairros de Santos registraram imagens do tiroteio. No vídeo, é possível ouvir os tiros do confronto entre criminosos e policiais durante a madrugada desta segunda-feira. De acordo com a polícia, os bandidos utilizavam metralhadoras e fuzis durante o assalto. (veja vídeo abaixo)
A Prosegur confirmou que houve um assalto na madrugada desta segunda na sua base em Santos. A companhia informa que nenhum de seus funcionários foi ferido e que está à disposição das autoridades e colaborando para o andamento das investigações. A empresa informou que grande parte do dinheiro foi recuperado.
Campinas
Na madrugada de 14 de março, uma quadrilha cercou e invadiu a sede da Protege em Campinas, no interior de São Paulo. O grupo conseguiu acessar o interior da empresa e levar dinheiro de um dos cofres após uso de explosivos. O imóvel, localizado no bairro São Bernardo, ficou parcialmente destruído.
Para evitar abordagem de policiais militares, o grupo espalhou pedaços de ferro no chão para furar pneus e fez disparos. Os tiros atingiram até prédios ao redor da empresa, mas ninguém se feriu. O grupo ateou fogo ainda em dois caminhões para bloquear o acesso de quem chegava pela Rodovia Anhanguera. Informações extraoficiais conseguidas pela EPTV, afiliada da TV Globo na região, apontam que R$ 50 milhões foram levados pelos criminosos.
Três suspeitos foram presos. O primeiro foi detido no dia 15 de março. A segunda prisão ocorreu no dia 17, em um barracão. A terceira prisão ocorreu logo depois. Segundo a PM, na casa do suspeito foram encontradas munições de fuzil 762 e 556, além de uma quantia em dinheiro que ainda será contabilizada.
Nota da SSP
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que não comenta estatísticas das quais desconhece a metodologia. O órgão afirma que a ocorrência desse tipo de crime é percentualmente menor em São Paulo do que em outros estados, já que 65% das sedes e 80% dos valores guardados por esse tipo de empresa encontram-se no estado.
Ainda no texto, a Secretaria afirma que foram presos 20 suspeitos de roubos a carros fortes e a empresas de transporte de valores desde 2014. Neste ano, o órgão informou que foram presos três suspeitos pelo roubo à empresa Protege, em Campinas, e quatro suspeitos foram presos em Santos, suspeitos de participarem do latrocínio de dois policiais militares rodoviários e roubarem a empresa de transporte de valores Prossegur.