04/03/2016 13h45 - Atualizado em 04/03/2016 15h48

Tesoureiro de Dilma em 2010 e diretor do Instituto Lula depõem em SP

Além de Lula, mais 6 pessoas prestaram depoimento na Lava Jato.
José de Filippi Júnior participou de campanha e é ex-prefeito de Diadema.

Márcio Pinho, Tatiana Santiago, Kleber Tomaz e Tahiane StocheroDo G1 São Paulo

O deputado José de Filippi Júnior (PT-SP) (Foto: Agência Câmara)O deputado José de Filippi Júnior
(PT-SP) (Foto: Arquivo/Agência Câmara)

Sete pessoas prestaram depoimento durante a 24ª fase da Lava Jato na manhã desta sexta-feira (4) em São Paulo. Além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais seis pessoas cumpriram mandado de condução coercitiva na capital paulista.

Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, e José de Filippi Júnior, tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, prestaram depoimento na sede da Polícia Federal, na Lapa, Zona Oeste de São Paulo. Filippi Júnior também é ex-prefeito de Diadema, na Grande São Paulo, e secretário da Saúde de São Paulo na gestão Fernando Haddad.

Fillipi Júnior prestou depoimento durante cerca de 4 horas. Ele deixou a sede da Polícia Federal sem conversar com a imprensa.

O ex-presidente do Sebrae Paulo Okamotto (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula) Paulo Okamotto (Foto: Arquivo/Ricardo Stuckert/
Instituto Lula)

João Henrique Worn, taxista que teria levado dinheiro da UTC para Filippi Júnior em 2010. Rogério Aurélio Pimentel, que seria assessor da família de Lula, e teria recebido a mudança do ex-presidente Lula para o sítio de Atibaia em 2010, também prestaram depoimento na sede da PF.  Paulo Marcelino Coelho também depôs de manhã.

No total, foram dez os mandados de condução coercitiva, mas só sete foram cumpridos. As outras três pessoas, cujos nomes não foram divulgados pela PF, não foram encontrados em suas casas

O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas terminou por volta das 11h40 desta sexta-feira. As mesmo tempo, quatro carros da Polícia Federal e um da Receita Federal deixaram o prédio de Lula em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Lula depôs no pavilhão das autoridades do aeroporto por mais de três horas. Lula seguiu para a sede do diretório do Partido dos Trabalhadores, no Centro de São Paulo.

 

(O G1 acompanha a 24ª fase da Lava Jato em tempo real; siga aqui)

A notícia que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi conduzido coercitivamente por policiais federais para prestar depoimento pela 24ª fase da Operação Lava Jato na manhã desta sexta-feira (4) se espalhou rapidamente e movimentou a frente do prédio onde reside o petista, em São Bernardo do Campo, no ABC, e o saguão do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, onde Lula prestou depoimento.

Após o fim do depoimento, uma grande confusão se instalou na frente do aeroporto. Um grupo de manifestantes pró-Lula gritava frases como "Não vai ter golpe" e "Lula guerreiro do povo brasileiro". Grupos contra o governo levaram bonecos com a figura de Lula como presidiário ao aeroporto.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou uma nota no início da tarde na qual diz que a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um "ataque à democracia e à Constituição".

Vários manifestantes pró e contra Lula se reuniram no edifício na Avenida Prestes Maia desde cedo e houve diversos momentos de confusão. Enquanto a vizinhança gritava "Fora Lula" e "Fora PT", carros passavam buzinando em apoio à manifestação. A via está totalmente bloqueada, nos dois sentidos. Por volta das 7h30, um grupo de sindicalistas que apoiam o ex-presidente agrediu um fotógrafo que apoiou o protesto. "Levei socos, tapas e chutes", contou o fotógrafo independente, de 50 anos, que não quis se identificar.

Com a chegada da Polícia Militar, Guarda Civil Municipal e Polícia Federal os ânimos se acalmaram um pouco. Mas a tranquilidade não durou muito tempo. Até as 9h, o G1 acompanhou pelo menos 10 tumultos. A todo instante policiais precisam intervir nas discussões.

Militantes do PT fazem protesto no aeroporto de Congonhas, em São Paulo (Foto: Tahiane Stochero/G1)Militantes do PT fazem protesto no aeroporto de Congonhas, em São Paulo (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Manifestante exibe faixa contra Lula no aeroporto de Congonhas (Foto: Tahiane Stochero/G1)Manifestante exibe faixa contra Lula no aeroporto de Congonhas (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Uma mulher que passava pelo local de carro teve o veículo atingido por arranjo de flores, jogado por um grupo pró Lula. Os manifestantes contrários ao ex-presidente reagiram e ocorreu mais uma briga.

Fogos de artifício também foram soltos em frente ao prédio de Lula. Segundo os manifestantes, foi um ato em comemoração à condução coercitiva do ex-presidente para prestar depoimento à PF. Por volta das 9h50, houve um tumulto generalizado e mais briga. Policiais militares usaram cassetetes e pelo menos um homem foi ferido.

De acordo com o major da PM Fábio, dois homens também foram detidos. Um deles por racismo, por ter chamado um petista de "macaco", e outros dois por agressão - um por ter batido em manifestante e outro por ter agredido um policial. Os três detidos foram levados para a delegacia.

Homem fica ferido após tumulto em frente à casa de Lula (Foto: Tatiana Santiago/G1)Homem fica ferido após tumulto em frente à casa de Lula (Foto: Tatiana Santiago/G1)
Grupo pró-Lula protesta em frente da casa do ex-presidente em São Bernardo do Campo (Foto: Tatiana Santiago/G1)Grupo pró-Lula protesta em frente da casa do ex-presidente em São Bernardo (Foto: Tatiana Santiago/G1)

Confusão em Congonhas
Cerca de 50 pessoas se reúnem em frente à delegacia da Polícia Federal, no Aeroporto de Congonhas, na manhã desta sexta-feira fazendo fotos e gritando frases contra o PT, como "ladrão", "algema" e "a bandeira nunca será vermelha". Um homem começou a fazer um "L" com as mãos e começou a bater no peito, demonstrando orgulho por ter votado em Lula.

Em seguida, ele começou a ser criticado e trocar insultos com pessoas que se manifestavam contra o ex-presidente. Houve um tumulto e seguranças da PF separaram os grupos. A PM  informou ao G1 que está com 50 policiais militares no aeroporto, incluindo os que estão no prédio das autoridades.

O vereador do PSDB Jamil Murad foi até a frente da delegacia e começou a ser chamado de "vagabundo" e "bandido" pelos manifestantes. "O Brasil está entrando em um regime de golpe, isso aqui é um golpe, um golpe jurídico contra quem foi eleito legitimamente presidente. Eles querem interromper o mandato da presidente e querer cassar aqueles que defendem o Brasil", disse ele.

O político filiado ao PT Devanir Ribeiro esteve na delegacia e também saiu protegido por policiais, porque as pessoas começaram a gritar contra ele. Dois grupos fazem protestos no local, contra o ex-presidente Lula. Um deles no saguão, e outro em frente ao prédio onde autoridades são recebidas e onde o petista é ouvido pela PF.

24ª Lava Jato
A Operação Lava Jato, que começou em março de 2014 e investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, chegou à 24ª fase nesta sexta-feira. Segundo a PF, a operação ocorreu na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo, e em outros pontos em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Bahia. O Instituto Lula também é alvo da ação da PF.

O ex-presidente é alvo de um dos mandados de condução coercitiva e foi levado para prestar esclarecimentos no posto da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas, na Zona Azul da capital. Às 8h41, ele foi levado para depor à PF em um carro descaracterizado. O Instituto Lula disse que vai divulgar uma nota ao longo do dia sobre a operação desta sexta. O Instituto também afirmou que a entidade e o presidente Lula "sempre prestaram todas as informações solicitadas pelas autoridades".

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, também é alvo de outro mandado de condução. A PF também cumpre mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente Lula, na casa e empresa dos filhos dele e no sítio que era constantemente frequentado por Lula, em Atibaia.

Ao todo, foram expedidos 44 mandados judiciais, sendo 33 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva - quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. Duzentos policiais federais e 30 auditores da Receita Federal participam da ação, que foi batizada de “Aletheia”. O termo é uma é uma referência a uma expressão grega que significa “busca da verdade”.

No Rio de Janeiro, os mandados estão sendo cumpridos na capital, assim como na Bahia. Já em São Paulo, os municípios em que a operação é realizada são: São Paulo, São Bernardo do Campo, Atibaia, Guarujá, Diadema, Santo André e Manduri.

Confusão envolvendo apoiadores e pessoas contrárias ao governo do PT em frente ao prédio onde mora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista (Foto: Reprodução/GloboNews)Confusão envolvendo apoiadores e pessoas contrárias ao governo do PT em frente ao prédio onde mora o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Bernardo do Campo (Foto: Reprodução/GloboNews)

Investigações
De acordo com o Ministério Público Federal (PMF), a ação foi deflagrada para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao Lula e pessoas associadas.

Há evidências de que o ex-presidente recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e do sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-Presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras.

No dia 29 de fevereiro, o procurador da República Deltan Dallagnol enviou uma manifestação à ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendendo que uma investigação em curso sobre propriedades atribuídas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja mantida dentro da Operação Lava Jato, a cargo do Ministério Público Federal no Paraná.

Coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, Dallagnol destacou que possíveis vantagens supostamente recebidas por Lula de empreiteiras teriam sido repassadas durante o mandato presidencial do petista.
 

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