A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo lança um pacote de medidas para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, chikungunya e zika vírus. O SPTV antecipou o conteúdo deste pacote.
Todos os casos de microcefalia detectados serão analisados para ver se há relação com o zika vírus. As amostras de soro colhidas de pacientes com suspeita de dengue que derem negativo vão ser testadas para o zika.
Segundo o secretário David Uip, o Instituto Adolfo Lutz vai oferecer o teste pelo método Elisa, que detectada a presença de anticorpos. O exame, tradicionalmente usado para dengue, ainda não tem resultados 100% fiéis para o zika vírus, já que os resultados para esta doença se confundem com os de dengue e chukungunya.
O exame será aplicado prioritariamente para casos suspeitos da doença, mulheres grávidas no pré-natal, bancos de sangue e pacientes que passarão por transplantes.
A ação anunciada pelo governo inclui ainda a participação de policiais militares e agentes da Defesa Civil destacados para fazer vistoriais e remover criadouros.
Segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), a intenção é criar uma espécie de Operação Delegada, programa da Prefeitura de São Paulo em que os policiais fazem hora extra para combater o comércio ilegal. Na nova força-tarefa contra Aedes aegypti, eles trabalhariam depois do horário no combate aos criadouros.
O Exército também poderá ser acionado para dar maior segurança à população em relação à entrada de agentes de combate à doença, em especial em bairros com grandes índices de criminalidade.
Profissionais de saúde serão treinados para diagnosticar e tratar as doenças transmitidas pelo mosquito. Segundo a secretaria, 80% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti estão dentro de casa.
Neste ano em todo o estado foram mais de 630 mil casos de dengue, com 451 mortes. Na capital foram 23 óbitos.
Gravidez
O secretário David Uip afirmou as mulheres do estado podem engravidar normalmente. Contudo, devem evitar viajar para áreas epidêmicas.
Ele disse que há dois casos confirmados de zika no estado, mas nenhuma confirmação de microcefalia ligada à doença. Isso, porém, deverá ocorrer com o tempo. “Eu posso afirmar que sim, nós teremos microcefalia causada por zika vírus em São Paulo”, disse.
Ainda segundo o secretário, os 45 casos de microcefalia detectados neste ano estão na média histórica do estado.
Verba
Outro ponto do anúncio feito pelo governo de São Paulo é a criação do fundo de combate às arboviroses, como são conhecidos os vírus zika e da dengue, entre outros. O governo vai destinar novos R$ 50 milhões, totalizando com outros investimentos já aplicados em outros anos um total de R$ 112 milhões contra a transmissão desses vírus.
Zika
As cidades de Guarulhos, na Grande São Paulo, e Campinas, no interior, investigam se casos de bebês que nasceram com microcefalia foram provocados pelo zika vírus.
Em Guarulhos, a Secretaria da Saúde aguarda o resultado do exame de sangue feito no bebê que nasceu no mês passado.
Em Campinas, a vigilância epidemiológica analisa se dez casos de microcefalia que surgiram na cidade nos últimos três meses têm relação com o zika.
A Sociedade Brasileira de neurologia infantil diz que na maioria das vezes a constatação é clínica, feita pelo médico e através de imagens. A constatação por exame é mais difícil pois o vírus só circula no sangue por cinco dias.
“É grande a probabilidade, eu tenho que ser honesto e sincero. Nós estamos em frente a um grave problema de saúde pública. Nós esperamos que ocorram muitos casos, mas esperamos que a população colabore”, afirmou Carlos Dernam, secretário municipal da Saúde de Guarulhos. A partir do próximo ano, as grávidas farão o teste do zika vírus durante o pré-natal.