A ciclovia da Avenida Paulista será inaugurada na manhã deste domingo (28) em uma cerimônia que contará com a presença do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e do secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. Por volta das 10h, a via foi interditada ao trânsito nos dois sentidos. Os bloqueios podem ir até as 17h.
Veja as fotos da inauguração da ciclovia da Avenida Paulista
Um pouco antes da inauguração, por volta das 9h, ciclistas já pedalavam na ciclovia. Grupos chegavam à avenida para acompanhar a abertura e algumas pessoas carregavam balões brancos. Bicicletas foram colocadas em alguns pontos da via para lembrar os ciclistas mortos.
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No mesmo horário, funcionários da Prefeitura limpavam um trecho da pista, na altura do prédio da Fiesp, porque tinta azul foi jogada na ciclovia.
O secretário municipal de Educação, Gabriel Chalita, foi até a Avenida Paulista para a inauguração. Ele acredita que a ciclovia é uma iniciativa que demora até as pessoas se acostumarem, até por isso há muitas críticas. “A juventude olha com bons olhos essas novidades e quer se apropriar dos espaços da cidade. Os jovens nem querem ter carro.”
Com 2,7 km de extensão e construída no canteiro central, a pista exclusiva está entre a Praça Oswaldo Cruz e a Avenida Angélica. A ciclovia tem quatro metros de largura e fica a uma altura de 18 cm em relação às faixas de rolamento ao seu lado.
Devido ao alargamento do canteiro central, as faixas das duas pistas, tanto no sentido Consolação quanto no sentido Brigadeiro, precisaram ser reajustadas e diminuíram a largura de 3 metros para 2,8 metros. Já a faixa de ônibus, à direita da pista, perdeu 20 centímetros, passando de 3,5 metros para 3,3 metros.
A obra, que durou quase cerca de seis meses, custou R$ 12,2 milhões aos cofres públicos, no trecho entre as avenidas Paulista e Bernardino de Campos, incluindo a instalação de dutos para a passagem de fibra ótica sob a pista. Diferentemente da maioria das ciclovias, que são pintadas com tinta vermelha, a da Paulista é feita com concreto pigmentado com coloração.
Com a implantação da ciclovia, foram retiradas as floreiras e relógios do canteiro central. Alguns relógios devem ser realocados posteriormente nas calçadas. Os pedestres ficarão na ilha de segurança durante a travessia.
“Nós aumentamos o espaço de pedestres no canteiro central. O pedestre tem o tempo semafórico. Se ele ficar no canteiro central, tem uma ilha de segurança que nós aumentamos”, afirmou o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. “Fizemos o recuo para pedestre, para o ciclista, tiramos os relógios por questão de segurança”, disse.
Apesar da inauguração da ciclovia, a ciclofaixa de lazer da Avenida Paulista, que funciona aos domingos e feriados, não será desativada. “Eu acho melhor deixar segregado (ciclofaixa de lazer). Se tiver muita gente, acaba um transtorno danado. A ideia é manter a ciclofaixa de lazer e o pedestre fica ao lado”, disse o secretário de Transportes.
A construção de ciclovias é uma das principais marcas da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), que pretende entregar 400 km de vias exclusivas para ciclistas até o fim deste ano. Atualmente, a cidade possui 298,6 km de ciclovias, sendo 238,3 km somente da gestão do prefeito Haddad. Na próximo domingo, São Paulo terá 307,4 km de ciclovias.
“A ciclovia é uma obra viária importante para nós e que vai ligar o corredor norte-sul, muitos ciclistas usam a Paulista como passagem. Ela também é importante pela possibilidade da bicicleta transitar em segurança”, afirmou o ciclista Odir Züge Junior, que também é membro do Conselho Municipal de Trânsito.
Apesar de elogiar a infraestrutura da ciclovia, Züge Junior acredita que a via já está saturada. “Eu acho que ela poderia ser mais larga, porque essa estrutura cicloviária da Paulista vai nascer subdimensionada. Eu acredito que daqui a alguns anos vai precisar ser alargada.”
Aumento dos ciclistas
Segundo uma pesquisa do volume de bicicletas que circulam pela Paulista realizado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o número de ciclistas que passou a circular na Avenida Paulista durante a realização das obras da ciclovia subiu 51% no período da manhã, entre 7h e 10h. O estudo mostra que aumentou de 85 para 129 o número de ciclistas que passaram em ambos os sentidos no período de três horas antes e depois do início das obras.
Segundo Jilmar Tatto, a diminuição da velocidade dos veículos incentivou o uso da via. “Claro que eles [ciclistas] não usavam a ciclovia, que ainda estava em obra, mas as faixas de rolamento. Na medida em que a obra foi acontecendo, reduziu a velocidade dos carros, o que estimulou e encorajou os ciclistas a usarem a Paulista”, afirmou.
A pesquisa engloba três medições, realizadas nos horários da manhã e tarde. A primeira contagem foi anterior ao dia 9 de setembro do ano passado entre a Alameda Ministro Rocha Azevedo e Rua Padre João Manuel. A segunda medição ocorreu no dia 6 de maio. Já a terceira foi realizada em 10 de junho.
No período da manhã, a primeira medição mostra que o número de ciclistas aumentou em 35,29%, passando de 85 para 115.
Acidentes
Nos últimos anos, a Avenida Paulista registrou pelo menos duas mortes e um grave acidente envolvendo ciclistas. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), 39 ciclistas foram atropelados na Paulista entre 2005 e 2014.
Em outubro do ano passado, o ciclista Marlon Moreira, de 35 anos, morreu após ser atropelado por um ônibus na Avenida Paulista. Testemunhas relataram à polícia que o ônibus seguia no sentido bairro do corredor exclusivo para ônibus quando o ciclista atravessou na frente do veículo, realizando uma manobra proibida de conversão. A vítima foi socorrida ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu aos ferimentos.
Em março de 2013, o operador de rapel David Santos Sousa, perdeu o braço direito ao ser atropelado na via (veja no vídeo acima). O motorista, o estudante de psicologia Alex Kosloff Siwek, jogou o braço de David em um córrego. Um exame clínico feito após o acidente apontou vestígios de álcool no motorista, mas concluiu que ele não estava embriagado no momento da colisão.
Uma ano antes, em março de 2012, uma ciclista profissional de 33 anos também morreu após ser atropelada por um ônibus na Paulista.