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  • Repórter do G1 faz resumo de dois dias vivendo com pouca água

    5 dias de pouca água


    O repórter do G1 Glauco Araújo passará 5 dias morando em casas que já enfrentam falta de água em São Paulo. Ele vai narrar as dificuldades vividas pelos paulistanos e quais soluções criativas estão aparecendo diante dos desafios do dia a dia sem água. Leia mais.

    Desde quarta-feira (4) estou circulando por regiões de São Paulo que vivem um clima de apreensão com a falta de água. Muitos paulistanos estão sentindo alguns dos efeitos das restrições no abastecimento, outros ainda seguem com a rotina normal.

    Eu estou dormindo na casa de pessoas que moram em alguns desses bairros mais impactados. A ideia é mostrar quais são as dificuldades vividas pelos moradores e quais soluções que encontraram para o dia a dia sem água.

    No primeiro dia eu morei na casa de Vanessa Moraes e Marcelo Oliveira. Eles recebem água com pouca pressão por apenas oito horas do dia. O abastecimento não é suficiente para que a família, que também tem três filhos consiga passar o dia com tranquilidade. Eles fazem revezamento para tomar banho.

    Eu experimentei a dificuldade da família dividindo com eles a pouca água que armazenaram. A rotina de falta de água ocorre desde dezembro de 2013.

    Também na Zona Norte, o mecânico José Luiz Apis passou a usar mais gel para limpar as mãos depois de um dia de trabalho.

    Sem água, um restaurante na Casa Verde passou a fechar três horas antes do normal. É quando começa a faltar água.

    No segundo dia, passei a morar na casa do serralheiro Natanael Silva, que montou uma engenhoca para armazenar água da chuva. Ele consegue guardar cerca de 460 litros, o que é suficiente para o consumo de 15 dias em sua casa.

    Ainda na Casa Verde, um grupo de moradores e comerciantes usaram a irreverência e o bom humor para chamar a atenção para um vazamento ocorrido na última terça-feira (3) na região. Eles simularam uma pescaria no rombo que o vazamento provocou na rua.

    Perto dali, o cabeleireiro Maurílio Silva precisou se adaptar para continuar com o salão aberto durante a escassez de água. Ele não tem caixa d’água e passou a pedir para as clientes virem de casa com a cabeça molhada.

    Já o casal Ronny Marques e Camila Marques compraram uma caixa d’água para guardar água da chuva. Eles acumulam roupa para lavar de uma vez só e reaproveitam água da máquina. A família fez uma gambiarra para ligar uma mangueira do tanque ao chuveiro.

  • Professora faz poema musical sobre a seca no Cantareira

    5 dias de pouca água


    O repórter do G1 Glauco Araújo passará 5 dias morando em casas que já enfrentam falta de água em São Paulo. Ele vai narrar as dificuldades vividas pelos paulistanos e quais soluções criativas estão aparecendo diante dos desafios do dia a dia sem água. Leia mais.

    Dona Teresa Prudêncio da Silva é uma daquelas imigrantes portuguesas que praticamente já incorporou o DNA brasileiro. Veio ao Brasil com 6 anos e já fez de tudo na vida.

    Foi auxiliar de enfermagem, culinarista, caminhoneira e trabalhou na roça, mas sempre nutriu um sonho, o de aprender a tocar piano.

    Foi aprender a tocar aos 50 anos e conseguiu dominar o instrumento, contrariando a lógica de quem só toca o instrumento se começar desde cedo.

    A professora de música Teresa Prudência do Silva
    Hoje, aos 63 anos, dá aula de música para netos e vizinhos em sua casa. Tem dois pianos armário com a inscrição Brasil na frente e uma sanfona, que ainda diz estar aprendendo a tocar. Quando sobra tempo, pinta quadros e faz reparos elétricos e hidráulicos em sua casa, prática que lhe rendeu o apelido de “Pereirão”, referência ao personagem de Lilian Cabral na novela Fina Estampa.

    Conheci a professora no domingo (1º) quando a visitei para saber se concordaria em me hospedar por um dia e me mostrar a rotina dela com a escassez de água. Bem humorada, ela disse que concordava, pois enquanto conversávamos começou a chover. “Você é pé quente e trouxe chuva. Venha e fique à vontade.”
    Abusando da hospitalidade, pedi que ela fizesse uma música sobre a falta d’água. “Não vou dormir para fazer essa composição”, confidenciou.

    Na manhã desta sexta-feira (6), como combinado, toquei a campainha da casa dela às 6h. Em menos de uma hora ela se sentou ao piano e recitou o poema. O filho Andryus, que também está aprendendo a tocar sanfona com a mãe, encerrou o recital fazendo menção a São Paulo estar virando sertão e tocou Asa Branca, de Luiz Gonzaga.

    “Você realmente nos trouxe chuva no domingo e durante a semana. E voltou a chover hoje. Só queria ter menos sotaque português para falar como os brasileiros”, disse ela.

    Leia abaixo o poema musical feito por dona Teresa:

    Domingo à tarde, a chuva

    Oh, Cantareira querida, tu foste orgulho meu
    Mataste a sede de tantos seres, mas só o ser humano a esqueceu
    Hoje, vazia e suja, viraste um pasto para boi
    Aos olhos de tanta gente, jamais será o orgulho que foi
     
    Não fiques triste, pois tudo passa na vida
    Um dia direi novamente “és meu orgulho, Cantareira querida”.

  • Professora diz que sonhava com água e calamidade, mas nunca imaginou a falta

    5 dias de pouca água


    O repórter do G1 Glauco Araújo passará 5 dias morando em casas que já enfrentam falta de água em São Paulo. Ele vai narrar as dificuldades vividas pelos paulistanos e quais soluções criativas estão aparecendo diante dos desafios do dia a dia sem água. Leia mais.

    A relação da professora de música Teresa Prudêncio da Silva com a água começou na infância, aos 6 anos, quando ela veio de navio com os avós, saindo da Ilha da Madeira, que pertence a Portugal, para o Brasil. Durante muito tempo ela teve sonhos com água e todos traduziam cenas de algum tipo de calamidade. “Isso é curioso, porque os sonhos mostravam cenas de enchentes, mas nunca de falta de água, como está acontecendo agora.”

    Ela mora com o filho Andryus no Bairro do Limão, na Zona Norte de São Paulo, região que também está com problemas de abastecimento de água. “Aqui está faltando água desde março do ano passado. Já chegamos a ficar quatro dias consecutivos sem uma gota de água, sequer para matar a sede”, disse a professora.

    Quando a encontrei pela primeira vez, no domingo (1º), ela estava com pouca água na caixa e bastante preocupada, mas começou a ficar aliviada com a chuva que caiu naquela tarde. Ao retornar à casa dela, na manhã desta sexta-feira (6), dona Teresa estava bastante aliviada e sorridente porque a chuva dos últimos dois dias foi suficiente para melhorar a quantidade de água que sai pela torneira da cozinha.

    Ela armazena a água quem vem do céu em várias garrafas, galões e tambores que tem espalhado pela cozinha e quintal. “Tenho três cachorros e muitas plantas. Todos precisam de cuidados especiais e por isso guardo água para não faltar mais. Também deixo água para os pássaros, que costumam vir cedinho tomar água no meu jardim.”

  • Serralheiro monta sistema de tambores para guardar água da chuva

    5 dias de pouca água

    O repórter do G1 Glauco Araújo passará 5 dias morando em casas que já enfrentam falta de água em São Paulo. Ele vai narrar as dificuldades vividas pelos paulistanos e quais soluções criativas estão aparecendo diante dos desafios do dia a dia sem água. Leia mais.

    Captando água de chuva, o serralheiro Natanael Silva consegue o suficiente para seu consumo doméstico durante 15 dias. Ele mora no Bairro Casa Verde, na Zona Norte de São Paulo.

    Este foi o meu segundo ponto de parada na região que está sofrendo com a escassez de água. Fiquei 24 horas no local, e a situação está bem melhor do que na primeira casa onde fiquei, do casal Vanessa Moraes e Marcelo Oliveira.

    Natanael é viúvo e mora sozinho. Ele afirma que consome menos do que os 10m³ de água, que a Sabesp cobra como valor mínimo em sua conta mensal. “O objetivo é tentar zerar o uso de água da Sabesp. Temos água da chuva, basta coletar e armazená-la. Espero que essa cobrança mínima mude”, disse ele.

    Natanael Silva, serralheiro que capta água da chuva para economizar
    Ele montou um sistema que usa dois tambores plásticos e um encanamento que liga o duto da calha aos recipientes. A engenhoca permite guardar mais de 400 litros de água. Com as chuvas de quarta (4) e quinta-feira (5), ele está tranquilo, pois os dois tambores estão cheios.

    O próximo passo, segundo Natanael, é ligar o sistema com o vaso sanitário do banheiro. "Farei essa mudança no próximo final de semana", contou.

    Na quarta-feira, por causa de uma obra de reparo de vazamento em tubulação da Sabespperto da casa dele, Natanael disse que a água da torneira começou a sair na cor marrom, cheia de barro, durante dois dias desta semana (assista ao vídeo abaixo). “Por ter o meu sistema de água, não fiquei preocupado, mas a água estava bem suja”, disse ele.

    Veja um passo a passo para captar água da chuva


    Foto: Glauco Araújo/G1
  • Sem caixa d’água, cabeleireiro pede para clientes lavarem a cabeça em casa

    5 dias de pouca água


    O repórter do G1 Glauco Araújo passará 5 dias morando em casas que já enfrentam falta de água em São Paulo. Ele vai narrar as dificuldades vividas pelos paulistanos e quais soluções criativas estão aparecendo diante dos desafios do dia a dia sem água. Leia mais.

    O cabeleireiro Maurílio Silva precisou se adaptar para continuar com o salão aberto durante a escassez de água no bairro de Casa Verde, na Zona Norte de São Paulo. Ele não tem caixa d’água e passou a pedir para as clientes virem de casa com a cabeça molhada. “Quando alguma cliente chega de última hora ou esquece de vir com o cabelo molhado, uso um borrifador ou improviso um balde para lavar.”

    A orientadora Viviane Bernardo é cliente de Maurílio e já se acostumou com o pedido do cabeleireiro. Ela disse que para conseguir cortar o cabelo ela precisou planejar o dia. “Acordei às 6h da manhã para guardar água e lavar o cabelo, pois às 10h a gente já fica sem água até o dia seguinte.”

    Maurílio também reduziu os dias de atendimento. O salão está funcionando apenas no período de quinta-feira até sábado.

  • Família compra caixa d’água para armazenar água da chuva em SP

    5 dias de pouca água


    O repórter do G1 Glauco Araújo passará 5 dias morando em casas que já enfrentam falta de água em São Paulo. Ele vai narrar as dificuldades vividas pelos paulistanos e quais soluções criativas estão aparecendo diante dos desafios do dia a dia sem água. Leia mais.

    O engenheiro Ronny Marques, 32 anos, e a assistente administrativa Camila Silva Marques, 30 anos, usaram a criatividade para driblar a falta d’água. Eles moram no bairro de Casa Verde, na Zona Norte de São Paulo, e compraram uma caixa para coletar água da chuva, além de fazer uma gambiarra com mangueira para levar água da rua (quando há) até o chuveiro. Antes, só a da caixa ia para o banheiro, mas, com a crise, nem sempre dá para enchê-la.

    Camila Silva Marques comprou caixa para armazenar água da chuva
    Ela explica que a fuligem vinda da rua praticamente a obriga a lavar constantemente o quintal e a fachada da casa com certa constância.

    “Tem um ponto de ônibus na frente de casa e a gente sofre com a fumaça do escapamento dos ônibus, que incomoda muito. Quando eles dão aquela acelerada, para sair e subir a rua, vai tudo para o nosso quarto”, disse Camila.

    “As crianças sofrem muito com problemas respiratórios. A minha mais nova já teve duas pneumonias por isso. Quando eu fiquei grávida, eu não podia sentir o cheiro do óleo diesel. Eu deitava no quarto e sentia o cheiro do escapamento dos ônibus. A gente tem de ficar com a janela fechada todo o tempo. A caixa d’água vai ajudar para a gente conseguir lavar o quintal com tranquilidade e com a água da chuva”, afirmou Camila.

    Os dois também reutilizam a roupa da máquina de lavar e acumulam roupa suja para lavar tudo de uma vez.Camila Silva Marques faz gambiarra para levar água da rua para o chuveiro
    Fotos: Glauco Araújo/G1

Autores

  • Isabela Leite

  • Isabela Leite

  • G1

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G1 reúne dicas sobre como reduzir o consumo em tempos de crise de abastecimento. As melhores sugestões de especialistas serão apresentadas em vídeos, fotos e textos. O leitor também poderá participar enviando sugestões criativas e compartilhando o conteúdo.