Por Madu Brito, g1 RS


Cerro da Alemoa, sítio paleontológico onde foram encontrados fósseis de dinossauros

Cerro da Alemoa, sítio paleontológico onde foram encontrados fósseis de dinossauros

🦕 Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) revelaram a verdadeira face do Saturnalia tupiniquim, um dos dinossauros mais antigos já conhecidos no mundo, com cerca de 230 milhões de anos, segundo estudo. A pesquisa, que envolveu fósseis escavados em 2018 no sítio fossilífero Cerro da Alemoa, em Santa Maria, atestou um crânio quase completo do animal. Veja imagens do local no vídeo acima.

Os fósseis pertenciam a três indivíduos da espécie. Um deles, apelidado carinhosamente de "Gracinha" pelos pesquisadores, devido à sua morfologia delicada, preservou o crânio em excelente estado. Essa peça-chave trouxe detalhes inéditos sobre o Saturnalia tupiniquim, como:

  • crânio curto e afunilado;
  • dentes em forma de punhal e serrilhas.

As características indicam uma dieta carnívora.

Saturnalia tupiniquim, um dos dinossauros mais antigos do mundo — Foto: Divulgação/ Johnny "Mingau" Pauly Vieira

Apesar de pertencer à linhagem dos dinossauros gigantes, conhecidos pelo pescoço longo e pela dieta herbívora, o Saturnalia tupiniquim apresenta traços primitivos. Com aproximadamente 1,5 metro de comprimento, ele manteve o tamanho corporal reduzido e os hábitos carnívoros de seus ancestrais.

Saturnalia tupiniquim, um dos dinossauros mais antigos do mundo — Foto: Divulgação/ Rodrigo Temp Müller

Crânio de Saturnalia tupiniquim, um dos dinossauros mais antigos do mundo — Foto: Divulgação/ Rodrigo Temp Müller

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O estudo foi realizado por Lísie Damke durante seu Mestrado em Biodiversidade Animal na UFSM, sob a orientação do Dr. Rodrigo Temp Müller, do CAPPA/UFSM. A pesquisa também contou com a colaboração dos cientistas Dr. Max Cardoso Langer (USP) e Dr. Átila Augusto Stock Da-Rosa (UFSM).

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Fim de um debate de 25 anos

A análise detalhada do crânio também resolve uma discussão científica que se arrastava desde 1999, quando os primeiros ossos cranianos da espécie foram descritos. Na época, os pesquisadores sugeriram que o Saturnalia tupiniquim possuía um crânio pequeno em comparação a outros dinossauros da mesma época.

Em 2019, tomografias de materiais antigos deram mais suporte a essa ideia, mas faltava uma evidência definitiva.

Com o novo fóssil, os cientistas confirmaram que o Saturnalia realmente tinha um crânio pequeno, adaptado para movimentos rápidos que facilitavam a captura de presas. Esses dados oferecem novas pistas sobre como se deu a transição de pequenos carnívoros para os colossais herbívoros que surgiram milhões de anos depois.

A descoberta abre novas possibilidades para compreender a vida na Região Central do Rio Grande do Sul há mais de 200 milhões de anos.

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