Vereadores acompanham votação na Câmara de Porto Alegre — Foto: Fernando Antunes/CMPA
A Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou, na sessão de quarta-feira (11), o projeto de lei inspirado no conceito "escola sem partido" na rede municipal de ensino. O texto estabelece "abstenção da emissão de opiniões de cunho pessoal que possam induzir ou angariar simpatia a determinada corrente político-partidária-ideológica" por parte de funcionários, professores e corpo docente.
A assessoria de comunicação da Câmara Municipal informou que está sendo feita a redação final e que o projeto deverá chegar ao Executivo, para sanção ou veto do prefeito Sebastião Melo (MDB), na próxima semana.
Foram 17 votos favoráveis à proposta, 10 contrários e duas abstenções. (Veja abaixo como cada vereador votou)
A iniciativa prevê "responsabilização do professor, administrador ou representante de estabelecimentos de ensino público municipal" que "desrespeite os princípios estabelecidos no projeto".
Câmara Municipal de Porto Alegre — Foto: Ederson Nunes/CMPA
A autoria é do então vereador Valter Nagelstein, em 2016. A matéria chegou a ser aprovada pelo plenário, em 2019, mas uma decisão judicial impediu a continuidade da tramitação do projeto. A proposta foi desarquivada neste ano por solicitação da vereadora Fernanda Barth (PL).
Procurado pelo g1 na manhã desta quinta-feira (12), Nagelstein reafirmou que repudia "qualquer tentativa de doutrinação ideológica do ensino por profissionais cuja filiação político-partidária possa ser colocada a serviço de uma causa menor que a própria educação em si".
Momentos após a votação, a vereadora Fernanda Barth (PL) publicou um vídeo nas redes sociais, celebrando o resultado. Ela disse que crianças "têm a vida inteira para ter uma posição política ideológica formada" e que "não é o lugar do professor, em sala de aula, fazer isso".
A oposição afirma que a iniciativa viola a Constituição Federal. O vereador Aldacir Oliboni (PT) avaliou a pauta como "demagogia".
"Uma lei municipal, não é federal nem estadual, quer estabelecer o que o educador, professor tem que dizer na escola. Muitas pessoas pensam que isso é constitucional. Não é. Isso aqui não passa de uma demagogia, de uma inconstitucionalidade tamanha que não vai pegar", sustentou.
Em 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou inconstitucional uma lei estadual de Alagoas vinculada a uma ideia semelhante. Foram nove votos contra a lei e um a favor.
Como votou cada vereador
- Cláudio Conceição (União Brasil): Sim
- Claudio Janta(Solidariedade): Ausente
- Alvoni Medina (Republicanos): Sim
- José Freitas (Republicanos): Sim
- Mari Pimentel(Republicanos): Abstenção
- Jonas Reis (PT): Não
- Aldacir Oliboni (PT): Não
- Adeli Sell(PT): Não
- Engº Comassetto (PT): Ausente
- Prof. Alex Fraga (PSOL): Não
- Roberto Robaina (PSOL): Não
- Pedro Ruas (PSOL): Não
- Karen Santos(PSOL): Não
- Gilson Padeiro (PSDB): Sim
- Moisés Barboza (PSDB): Não votou
- Conselheiro Marcelo (PSDB): Ausente
- Cláudia Araújo (PSD): Sim
- Airto Ferronato (PSB): Não
- Mauro Pinheiro (PP): Não votou
- Monica Leal (PP): Sim
- Giovane Byl (Podemos): Ausente
- Hamilton Sossmeier (Podemos): Sim
- Fernanda Barth (PL): Sim
- Jesse Sangalli (PL): Sim
- Comandante Nádia (PL): Sim
- João Bosco Vaz (PDT): Abstenção
- Márcio Bins Ely (PDT): Ausente
- Giovani Culau e Coletivo (PCdoB): Não
- Vitória Cabreira (PCdoB): Não
- Tiago Albrecht (Novo): Sim
- Ramiro Rosário (Novo): Sim
- Lourdes Sprenger (MDB): Sim
- Psicóloga Tanise Sabino (MDB): Sim
- Professor Vitorino (MDB): Sim
- Idenir Cecchim (MDB): Sim
- Cassiá Carpes (Cidadania): Sim
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