Por Gustavo Chagas, g1 RS


Estudantes em escola cívico-militar da rede estadual em Alvorada (RS) — Foto: Escola Cívico-Militar Carlos Drummond de Andrade/Divulgação

A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou, na terça-feira (13), um parecer contrário à lei que regulamenta o funcionamento de escolas cívico-militares no Rio Grande do Sul. O documento, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirma que a norma é inconstitucional.

No parecer, a AGU aponta que a implementação da medida gera conflitos com a Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional e que o tema é de competência da União, e não dos estados.

"Verifica-se uma flagrante infração às normas promulgadas pela União, no exercício de sua competência constitucional privativa para legislar sobre 'diretrizes e bases da educação nacional'", diz o documento.

Após o parecer da AGU, o processo foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR) para manifestação.

O projeto foi aprovado e promulgado pela Assembleia Legislativa em abril de 2024. Em julho, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS Sindicato) ingressaram com a ação no STF.

A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) afirmou que ainda não foi intimada da ação e que apresentará uma manifestação oportunamente.

Modelo cívico-militar no RS

O Rio Grande do Sul tem 69 escolas cívico-militares, segundo a Secretaria Estadual da Educação (Seduc). Desse total, 46 instituições municipais participam de um programa estadual, em que policiais militares da reserva atuam como monitores. As outras 23 (13 estaduais e 10 municipais) participaram do Programa de Escolas Cívico-Militares (Pecim), encerrado pelo governo federal.

As escolas cívico-militares são diferentes dos colégios militares, onde as forças têm autonomia para montar a estrutura pedagógica das instituições.

Projeto de escolas cívico-militares é aprovado no RS

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Entenda o que diz a lei

Segundo o texto, a lei "tem a finalidade de promover a melhoria da qualidade da educação ofertada no Ensino Fundamental e no Ensino Médio".

As escolas que aderirem ao modelo não poderão fazer qualquer tipo de teste seletivo de alunos. O estado também poderá firmar parcerias com as prefeituras "visando à implantação de escolas cívico-militares na rede pública de ensino municipal".

Qualquer escola pública, seja estadual ou municipal, pode manifestar interesse em aderir ao modelo cívico-militar. A seleção das instituições pelo governo deve obedecer os seguintes critérios:

  • atendimento de estudantes em vulnerabilidade social
  • baixos índices de fluxo ou rendimento escolar
  • aprovação da comunidade por meio de consulta pública

O programa será avaliado continuamente, por meio de metas e metodologias definidas pela Seduc.

As secretarias da Educação e da Segurança Pública (SSP) serão responsáveis pelo processo seletivo dos militares na reserva (aposentados) que atuariam nas escolas cívico-militares. Os militares que atuarem nas escolas cívico-militares não serão considerados como profissionais da educação básica.

A Seduc disponibilizará o corpo docente e os demais profissionais necessários. Já a SSP fará a seleção dos monitores cívico-militares.

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