Amanhecer em São José dos Ausentes — Foto: Milena Velho Amaral/Arquivo Pessoal
O frio intenso e as baixas temperaturas do inverno no Rio Grande do Sul e no Centro-Sul do Brasil têm levantado uma questão sobre adequação das casas durante este período: afinal, os imóveis no RS estão preparados para enfrentar essas condições climáticas rigorosas?
Segundo o coordenador do curso de engenharia de climatização da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Bruno de Rosso, as construções no Brasil seguem um padrão típico, e a infraestrutura urbana não é projetada para enfrentar rigorosos invernos como ocorre em países da América do Norte e Europa.
"O Brasil, como país, ele é continental em termos de tamanho e, diferentemente do Canadá, que o inverno é inverno para todos da população, dos Estados Unidos e da Europa, onde grande parte é tudo inverno, aqui não. [No RS] pode estar 5ºC, e em Recife 25ºC. Então, é uma tradição geopoliticamente tão extensa que não há um plano nacional, por exemplo, de mitigação de frio nas regiões", explica Rosso.
Questionada pelo g1, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (SEMA) do Rio Grande do Sul confirma que não há um projeto no sentido de expansão de propriedades térmicas para melhor resistência no inverno.
O professor comenta que no exterior, sistemas de calefação urbana (entenda abaixo como funcionam) são comuns, permitindo que as casas mantenham uma temperatura interna confortável independentemente das condições externas.
No Rio Grande do Sul, especialmente fora da Serra, essa realidade é bem diferente. É usual que as residências dependam de ar-condicionado, lareiras e estufas, que nem sempre são suficientes para manter o conforto térmico. Além disso, algumas áreas do estado, como a Região da Campanha, na fronteira com o Uruguai, optam por casas de madeira devido à sua resistência térmica natural.
Como escolher o aquecedor certo para os dias frios
"Especialmente hoteleiras, já têm um preparo de caldeiraria. Ou seja, tem caldeiras que geram vapor ou água quente e vão lá para os calefatores. São equipamentos que passam água quente, por uma torneirinha, e vai projetando calor para o ambiente", explica, apontando que essas soluções são inspiradas em modelos europeus e são viáveis devido ao apelo turístico e ao investimento privado.
O professor enxerga dois possíveis cenários para a expansão da infraestrutura adaptada para o frio no restante do estado:
- Caso ocorra uma intensificação das condições climáticas;
- Poder aquisitivo da população, já que a instalação e a operação de sistemas são caras.
Arquitetura de inspiração europeia em Gramado — Foto: Reprodução/RBS TV
Calefação: o que é e como funciona
A calefação é um sistema de aquecimento utilizado para manter ambientes internos em temperaturas confortáveis, mesmo quando as condições externas são extremamente frias. Segundo o professor de engenharia, existem diferentes tipos de sistemas de calefação.
Ele explica que um sistema de calefação próprio em uma casa geralmente funciona da seguinte maneira: o ar é aquecido ao passar por uma resistência térmica e, em seguida, é conduzido por dutos até os ambientes internos. Esse método permite que o ar quente se espalhe pela casa, mantendo uma temperatura agradável e constante.
De acordo com Rosso, esses sistemas podem incluir fornalhas que aquecem a água ou resistências elétricas que mantêm os ambientes a entre 20ºC e 22ºC, níveis confortáveis no inverno, segundo a norma brasileira.
Além dos sistemas individuais, algumas regiões do mundo utilizam estruturas urbanas de calefação. Nessas áreas, as cidades são conectadas a sistemas de vapor que aquecem as casas. Segundo Rosso, o vapor quente passa por um trocador de calor, que aquece um tubo por onde o ar frio circula. Esse processo aquece o ar, que então é distribuído para os ambientes internos, sem que o vapor em si entre nas residências.
Saiba que cuidados tomar na hora de usar aquecedores