Estudante da UFRGS morta a tiros em Porto Alegre é homenageada em formatura
O barrete em cima de uma cadeira sem ninguém marcava o lugar que seria de Sarah Silva Domingues, assassinada a tiros enquanto fazia uma pesquisa para o trabalho de conclusão de curso em janeiro. A jovem de 28 anos deveria receber o canudo em mãos nesta sexta-feira (28), na colação de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre.
O nome de Sarah foi recebido sob aplausos da plateia e dos formandos, que se levantaram para a homenagem. No entanto, quem recebeu o diploma foi a mãe da vítima, simbolizando a outorga póstuma do grau à estudante.
Mãe de Sarah Domingues recebeu o canudo na formatura de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS — Foto: Everaldo Oliveira/ Jornal A Verdade
Militante do movimento estudantil, a jovem lutava por justiça social. Ela foi coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) e integrou o Conselho Universitário da UFRGS.
Após a morte de Sarah, o Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura (DAFA) da universidade foi renomeado para "DAFA Sarah Domingues - UFRGS".
Sarah Domingues, assassinada em Porto Alegre, estudava o curso de Arquitetura e Urbanismo, na UFRGS — Foto: Everaldo Oliveira/ Jornal A Verdade
O crime
De acordo com o 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM), no dia 23 de janeiro Sarah estava em frente a um mercado na região da Ilha das Flores, enquanto fazia uma pesquisa acadêmica, quando o crime aconteceu.
Moradores relataram à polícia que dois homens em uma motocicleta chegaram ao local, desceram do veículo e atiraram com armas de fogo contra a estudante, que conversava com o proprietário do estabelecimento.
Sarah Silva Domingues fazia TCC na região da Ilha das Flores — Foto: Arquivo Pessoal
Ele e Sarah morreram na hora, informou a Brigada Militar (BM). Foram disparados pelo menos 15 tiros. Sarah foi atingida no peito e também em um dos braços.
O alvo dos criminosos seria o dono do estabelecimento. A polícia acredita que ele estaria incomodado com o tráfico de drogas na região.
Prisões
No dia 6 de fevereiro, a Polícia Civil prendeu temporariamente cinco pessoas suspeitas de envolvimento no assassinato da jovem de 28 anos.
Os presos seriam o mandante do assassinato, dois executores e outras duas pessoas que teriam envolvimento com o crime. Eles foram alvo de mandados judiciais cumpridos em diferentes endereços de Porto Alegre e Região Metropolitana.
Já na noite de 21 de fevereiro, a Polícia Civil prendeu preventivamente o traficante Maicon Donizete Pires dos Santos, conhecido como "Red Nose", que teria cedido os homens que participado do ataque. Ele estava foragido e foi capturado em Garopaba, Santa Catarina.
Homem preso por envolvimento em grupo criminoso com ação na Zona Norte de Porto Alegre — Foto: RBSTV/Reprodução
Conforme Mario Souza, diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Porto Alegre, as investigações apontam que a morte de Sarah Domingues pode ter sido realizada por um grupo criminoso, da Zona Norte da Capital, com o qual Maicon tem envolvimento.
"É uma pessoa inocente que morreu devido a essa violência. Esse grupo criminoso faz parte do criminoso que foi preso em Garopaba. Então, a morte da estudante da UFRGS, existe indícios fortes, de que está ligada a esse grupo criminoso da Zona Norte, que resultou em várias outras mortes durante o ano de 2023", salienta Souza.
Investigação
Polícia investiga grupos criminosos que estariam envolvidas em morte de estudante
A Polícia Civil cedeu, à reportagem da RBS TV, imagens que mostram a conduta dos criminosos (veja acima).
No vídeo, é possível ver que os criminosos descem de um carro branco no meio da rua, à luz do dia, e se revezam atirando. Um homem é atingido várias vezes e morre. Um dos envolvidos nos atos de violência, segundo a polícia, foi preso dentro de um shopping de Porto Alegre.
O conflito entre os criminosos de diferentes grupos foi registrado pela polícia. Nas imagens, um homem efetua diversos disparos, sendo possível ver cartuchos de balas caindo.
A Brigada Militar e a Polícia Civil, em operação realizada no ano passado, prenderam 28 pessoas e 25 armas.