Casas são destruídas por enchente no Rio Grande do Sul — Foto: Arquivo pessoal
Histórias de reconstrução começam a ser cada vez mais frequentes entre gaúchos que perderam tudo o que haviam construído ao longo de suas vidas. As águas das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul durante o mês de maio subiram rapidamente, invadindo casas e arrastando pertences pessoais, móveis e eletrodomésticos.
'Lembranças que tu não recupera mais'
Tatiana Maino, comissária de bordo de 40 anos, mora em São Sebastião do Caí. Ela conta que na casa dela, a água chegou a 1,70 metro.
Casa foi tomada pela enchente em São Sebastião do Caí
"Nunca tinha chegado nem próximo. Compramos a casa justamente porque nunca teve indícios de que poderia entrar água", lamenta Tatiana.
A inundação destruiu móveis sob medida e eletrodomésticos, além de colocar em risco a vida de seus quatro cachorros.
Cachorros de Tatiana também saíram de casa — Foto: Arquivo pessoal/ Tatiana Maio
"Foi bem impactante. São economias. Sonhei a vida inteira em ter a minha casinha. Não é só o material, são as lembranças que tu não recupera mais", desabafa.
'Perdemos toda a parte de baixo dos móveis'
Em Garibaldi, os relatos não são diferentes. Debora Cavalheiro, administradora de 26 anos, viu o sonho de uma nova vida se transformar em um pesadelo na noite de 30 de abril.
Casa foi tomada pela enchente em Garibaldi
Ela e o namorado tinham se mudado para a casa nova em dezembro, mas a enchente que atingiu a região inundou a residência com mais de um metro de água.
"A gente perdeu toda a parte de baixo dos nossos móveis, como o sofá, a cama e o roupeiro", relata Debora.
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O casal teve que se abrigar na casa de parentes. Eles só conseguiram entrar na residência apenas um mês depois, no dia 30 de maio.
'Cozinha foi toda fora'
Isabella Haupenthal, médica veterinária de 24 anos, enfrentou uma situação semelhante em Canoas, no bairro Harmonia. A casa dela foi atingida no dia 4 de maio, com a água subindo até 1,35 metros.
Casa foi tomada pela enchente em Canoas
"Tivemos que destruir o sofá que estava cheio de fungo ou mofo. Toda a cozinha foi fora. Utensílios, panelas, talheres a gente está conseguindo reutilizar com muita limpeza", conta Isabella.
Ela e a família conseguiram entrar novamente em casa apenas 15 dias depois de ser alagada. Eles esperam poder voltar para a residência ainda nesta semana, mas, por enquanto, estão em casas de parentes.
A cheia afetou 2,3 milhões de pessoas em todo o estado, com impactos em 476 dos 497 municípios gaúchos, segundo boletim divulgado pela Defesa Civil Estadual nesta terça-feira (4). Além disso, o estado registra 610,2 mil pessoas fora de casa, somando quem está em abrigos e quem está desalojado, ou seja, está na casa de parentes ou amigos.