Valtemir Paulo de Godoy tinha uma esposa e três filhos — Foto: Arquivo pessoal
Ana Paula Godoy, gestora em uma rede de farmácias, descreve o pai como alguém que deu a vida para salvar os outros: "ele foi como um herói". Ela se refere a Valtemir Paulo de Godoy, de 54 anos, uma das vítimas da enchente que assolou o Rio Grande do Sul.
Paulo, como era chamado pela família e amigos próximos, "era uma pessoa alegre, sorridente e estava sempre fazendo uma gracinha", segundo a filha de 27 anos. Ele era um pintor autônomo.
"Tinha muitos amigos, conhecidos. Era uma pessoa do bem, sempre ajudava os outros", conta Ana Paula.
Nos últimos dias, Paulo tinha uma motivação extra para sorrir. "Ele estava muito feliz e contava para todos que iria ser avô", revela a filha mais velha, que está grávida.
Paulo, que era casado com Soraia, deixou mais dois filhos além da primogênita: Pyetro, de 15 anos, e João Paulo, de seis.
Morador do bairro Harmonia, em Canoas, uma das cidades mais atingidas pelas chuvas no estado, Paulo abrigou alguns vizinhos no segundo andar de sua casa.
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Conforme Ana Paula, o pai insistia que crianças, mulheres e outros vizinhos fossem resgatados primeiro nas operações.
No dia 5 de maio, por volta das 4h, Paulo foi o último a ser resgatado.
"Durante o resgate, quando estavam quase chegando em solo seco, o bote virou e foi a última informação que tivemos", relembra a gestora.
No entanto, no dia 8 de maio, a família encontrou o corpo do artista no Instituto Médico Legal (IML) de Porto Alegre.
Chegou a 163 o número de mortes em razão dos temporais e cheias que atingem o Rio Grande do Sul desde 29 de abril. Em boletim divulgado às 9h desta quinta-feira (23), a Defesa Civil do estado ainda informou que 72 pessoas estão desaparecidas.
Canoas é o município com mais registro de óbitos, contabilizando 24 mortes. Dez pessoas seguem desaparecidas na cidade.
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