Por Pedro Trindade, g1 RS


Imagem aérea mostra cidade de Porto Alegre alagada no dia 6 de maio de 2024 — Foto: Duda FORTES / AGENCIA RBS / AFP

O lago Guaíba deve levar ao menos 30 dias para voltar ao nível abaixo da cota de inundação (3 metros), aponta uma projeção do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS. Apesar da trégua na chuva, o patamar segue estabilizado em quase 2,30 metros acima da cota de inundação.

Em medição realizada às 9h15 desta terça-feira (7), o patamar estava em 5,25 metros. A elevação é consequência dos temporais que atingem o RS desde 29 de abril e que deixaram mais de 90 mortos no estado.

"A projeção, com base nos dados observados na enchente de 1941, é de que demore 30 dias ou mais para voltar a um patamar abaixo de 3 metros", explica o professor Fernando Fan, do IPH da UFRGS.

Na cheia histórica de 1941, levou 32 dias até o Guaíba voltar aos parâmetros abaixo da cota de inundação. Naquela ocasião, a água atingiu 4,76 metros. Segundo os órgãos oficiais, o maior nível registrado foi de 5,33 metros, no dia 5 de maio.

O Rio Grande do Sul enfrenta fortes temporais e cheias desde 29 de abril. Em todo o estado são mais de 90 mortos. O boletim divulgado nesta terça-feira (7) ainda aponta que são mais de 130 desaparecidos e 361 feridos. Há 203,8 mil pessoas fora de casa. Desse total, são 48,1 mil em abrigos e 155,7 mil desalojados (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos). O RS tem 388 dos seus 497 municípios com algum relato de problema relacionado ao temporal, com 1,3 milhão de pessoas afetadas.

Porto Alegre inundada depois de cheia histórica do rio Guaíba — Foto: Renan Mattos/Reuters

Entenda, em dois pontos, por que as águas não baixam:

  • Bacias formam "funil": água em grande quantidade que escoa das bacias dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Gravataí, Sinos. Essas bacias "jogam" suas águas para o Guaíba, na Capital, formando uma espécie de funil que retém as enchentes e atrapalha a saída para o mar.
  • Ventos: ventos que sopram no sentido sul do litoral para o continente, empurram a água da Lagoa dos Patos no sentido contrário, o que contribui com as inundações no Guaíba.

Infográfico mostra geografia de Porto Alegre — Foto: Arte/g1

O avanço das águas do Guaíba causou uma série de transtornos. A rodoviária da capital ficou inundada e todas as viagens de chegada e saída da cidade foram canceladas. Já o Aeroporto Salgado Filho foi fechado por tempo indeterminado "devido ao elevado volume de chuvas".

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), recomendou que moradores dos bairros Cidade Baixa e Menino Deus deixem a região. O aviso foi feito na tarde de segunda-feira (6), após a água começar a subir no local.

A prefeitura também decretou racionamento de água na Capital. O município estima que 85% da população deve ficar sem abastecimento. Cinco das seis estações de tratamento de água estão paradas, porque alagaram e estavam sob risco de provocar descargas elétricas.

Enchentes no RS

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Rua de Porto Alegre alagada — Foto: Diego Vara/Reuters

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Enchentes no Rio Grande do Sul: imagem aérea da cidade de Canoas no dia 7 de maio de 2024 — Foto: Nelson ALMEIDA / AFP

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Viaturas e barcos são enviados para auxílio no policiamento no Rio Grande do Sul — Foto: Larissa Bernardes/TV Globo

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Ruas alagadas em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre (RS), na noite desta nesta segunda-feira (6) — Foto: Reuters/Amanda Perobelli

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Lagoa dos Patos transborda e alaga Praia do Laranjal em Pelotas — Foto: Isa Severo/RBS TV

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Homens dobram um cobertor enquanto acampam na estrada perto de uma rua inundada em Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul, Brasil, 6 de maio de 2024. — Foto: Reuters/Amanda Perobelli

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Imagem de drone feita no dia 4 de maio mostra centro de Porto Alegre alagado devido às enchentes no Rio Grande do Sul — Foto: REUTERS/Renan Mattos

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Imagem de drone mostra voluntários procurando por moradores isolados em Canoas, no Rio Grande do Sul, em 5 de maio de 2024 — Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

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Tempestades deixam rastro de destruição no Rio Grande do Sul — Foto: Reprodução/TV Globo

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Moradores aguardam resgate no telhado de casa em Canos, no Rio Grande do Sul, no dia 4 de maio de 2024 — Foto: REUTERS/Renan Mattos

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São Leopoldo inundada durante enchentes no Rio Grande do Sul — Foto: Prefeitura de São Leopoldo/Divulgação

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Homem carrega colchão em meio a rua inundada em Canoas, Rio Grande do Sul — Foto: Carlos Macedo/AP

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Imagem aérea mostra área de enchente em Lajeado, Rio Grande do Sul — Foto: Jeff Botega/Agencia RBS via REUTERS

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Imagens de drone mostram casa tomada por lama em Jacarezinho, no Rio Grande do Sul — Foto: Diego Vara/Reuters

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Moradores são resgatados de enchente em Canoas, no Rio Grande do Sul — Foto: Reuters/Amanda Perobelli

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Pessoas são resgatadas de uma área inundada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, em 4 de maio de 2024. — Foto: Carlos Fabal / AFP

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Imagem aérea mostra cidade de Porto Alegre alagada no dia 6 de maio de 2024 — Foto: Duda FORTES / AGENCIA RBS / AFP

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Quadra esportiva alagada em Porto Alegre, em 6 de maio de 2024. — Foto: Carlos Macedo/ AP

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Temporal no RS: alagamento em rua do bairro Menino Deus, em Porto Alegre — Foto: Reprodução/RBS TV
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