Larvas de mosquito nas folhas de bananeira em Dom Pedro de Alcântara — Foto: Reprodução/RBS TV
A presença do mosquito-pólvora no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, além de deixar a população em alerta, tem chamado a atenção do Departamento de Defesa Vegetal, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, que já está monitorando o comportamento e proliferação do inseto nos bananais da região. Desequilíbrio ambiental está entre as hipóteses avaliadas pelo órgão para a elevada presença do mosquito.
Alonso Duarte de Andrade, fiscal estadual agropecuário, comenta hipóteses da proliferação do inseto — Foto: RBSTV/ Reprodução
"A gente tem feito monitoramento das pragas de bananais. É uma atividade constante. Comecei a perceber uma flutuação de curva ascendente desses mosquitos nos últimos três anos. E no último mês recebi relatos de moradores e produtores", diz Alonso Duarte de Andrade, fiscal estadual agropecuário.
Com a proliferação do mosquito-pólvora, uma análise foi iniciada para compreender a realidade que favorece o ciclo reprodutivo dele no local. Além do bananal ser um espaço de bastante matéria orgânica e umidade, em um contexto macro, a Defesa Vegetal tem avaliado três possibilidades desse cenário.
"Desequilíbrio ambiental, mudança climática e manejo incorreto de químicos", destaca Andrade.
Há, segundo o fiscal agropecuário, aspectos a serem avaliados para apresentar uma resposta conclusiva. No entanto, já estão sendo realizados testes de soluções para reduzir a presença do inseto.
Entre as ações previstas para o manejo de praga estão drenagem, uso de armadilhas, controle de bactérias e, em último caso, controle químico.
De acordo com Andrade, o controle químico não seria a primeira opção devido à característica do cultivo ecológico, "pois pode afetar os bananais e ter impacto na cadeia produtiva" dos agricultores.
O uso de inseticidas também não é recomendado, uma vez que os maruins podem se adaptar e criar resistência aos produtos.
Quebra do ciclo e equilíbrio
Fiscal mostra locais onde há larvas do mosquito-pólvora em bananais — Foto: RBSTV/Reprodução
Esse inseto, que mede até 4 milímetros, costuma buscar locais com umidade e temperaturas elevadas. A presença do mosquito-pólvora é maior no verão, conforme explica o fiscal estadual agropecuário.
Com as ferramentas de controle de praga, segundo Andrade, a intenção está em "quebrar o ciclo de reprodução do mosquito, para que em setembro, período que deve se manifestar novamente, ele esteja equilibrado com o meio ambiente".
Culicoides paraensis
Mosquito-pólvora na perna de homem no RS — Foto: Reprodução/RBS TV
Conhecido ainda como maruim, este mosquito é uma espécie de inseto transmissor de viroses. A praga está sendo chamada de mosquito-pólvora por ser tão pequena e de coloração preta, como um grão da substância explosiva.
Uma das análises que está sendo realizada no Rio Grande do Sul pela Defesa Vegetal é a identificação da espécie desse mosquito, a fim de confirmar se esses que estão presentes no Litoral Norte do RS são os Culicoides paraensis, conhecidos como vetores da Febre Oropoche.
Onde há registro de proliferação
Ainda não há casos de Febre Oropoche confirmados no RS.
Mosquito-pólvora do pé de homem no RS — Foto: Reprodução/RBS TV
Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da doença são parecidos com os da dengue e da chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia.
O diagnóstico clínico e laboratorial deve ser notificado de forma imediata, em razão do risco epidemiológico e da capacidade de mutação do vírus que provoca a doença.
O Ministério da Saúde afirma que não existe tratamento específico contra a doença.