Integrantes do Grupo Palmares durante congresso do movimento negro — Foto: Arquivo pessoal
Sancionado nesta quinta-feira (21) como feriado nacional, o Dia da Consciência Negra foi idealizado pela mobilização de um grupo de jovens estudantes negros do Rio Grande do Sul, que em 1971 iniciou o debate para criar uma data de celebração da luta e resistência negra.
Era o Grupo Palmares, que mobilizava o movimento negro na época e propôs o dia da morte de Zumbi dos Palmares como marco.
Um dos fundadores do grupo, Antônio Carlos Côrtes, contou, em entrevista ao g1, que teve a ideia após ler um livro sobre Zumbi dos Palmares e não conseguir encontrar a data de nascimento do líder quilombola, apenas o dia de sua morte (justamente o 20 de novembro).
Antônio Carlos Côrtes, integrante da Academia Rio-Grandense de Letras — Foto: RBS TV/Reprodução
"Quisemos lançar uma semente para reescrever a história do Brasil. Não é uma luta contra os brancos, mas a favor dos negros. É uma luta para diminuir o fosso da desigualdade social, que começou com nossos ancestrais que chegaram ao Brasil a bordo de campos de concentração flutuantes e encharcaram o solo com suor e sangue. Hoje é uma data de reflexão. Como remanescente do grupo, vejo isso como êxito", afirma.
Junto de Côrtes, integravam o grupo o poeta Oliveira Silveira, falecido em 2009 e laureado como doutor honoris pela UFRGS esse ano. Também participavam do Grupo Palmares Ilmo Silva, Vilmar Nunes, José Antônio dos Santos e Luiz Paulo Assis Santos.
Oliveira Silveira — Foto: Tânia Meinertz/Divulgação
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O Grupo Palmares propôs a data como alternativa ao 13 de maio, data em que a Lei Áurea pôs fim à escravidão, mas sem prever políticas públicas que garantissem educação e trabalho aos recém-libertados.
O grupo queria um dia para a sociedade refletir sobre a situação a que os africanos foram submetidos ao serem retirados de sua terra para servirem aos brancos nas Américas – e as consequências na vida de seus descendentes. Inspiraram-se na morte de Zumbi dos Palmares, líder quilombola e símbolo de resistência, e o 20 de novembro passou a ser nacionalmente conhecido como o Dia da Consciência Negra.
Há 12 anos, o 20 de novembro foi oficializado como Dia da Consciência Negra. Já era reconhecida como feriado em seis estados e em aproximadamente 1,2 mil cidades. Por exemplo, os estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo e a cidade de Boa Vista, em Roraima. Agora, torna-se feriado.