Elaborado ao longo dos dois últimos anos, o planejamento da Polícia Federal (PF) para a Copa do Mundo está pronto para ser colocado em prática. De acordo com o superintendente no Rio Grande do Sul, delegado Sandro Caron, o número total de agentes e delegados que estarão envolvidos nas operações de segurança do evento no estado é confidencial e não pode ser divulgado, mas gira em torno de mil servidores.
Ao todo, 75% do efetivo da PF no estado será mobilizado exclusivamente para atuar em ações da Copa. A corporação contará ainda com o reforço de agentes deslocados de outros estados. E para garantir maior número de policiais disponíveis, foram suspensos todos os pedidos de férias e licenças entre os meses de junho e julho, na época do evento.
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“Nosso objetivo é fazer um trabalho eficiente para que o evento ocorra dentro da normalidade e para que apareça o que realmente tem que aparecer, que é o evento futebolístico”, resumiu o delegado Caron em entrevista ao G1. “Tudo já foi objeto de planejamento para que se tenha um aumento de efetivo e estrutura adequada para que a gente consiga atender essa alta de demanda que já é esperada”, acrescentou.
A equipe será dividida para cumprir atribuições que já fazem parte da rotina da corporação, como segurança de chefes de Estado, fiscalização no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, e nas fronteiras com Uruguai e Argentina. No entanto, outras ações foram incorporadas em função do Mundial.
“Não se criaram atribuições novas para a Copa do Mundo. As atribuições seguem as mesmas, mas algumas determinadas áreas foram mapeadas de forma diferenciada. São áreas que terão aumento de demanda e atenção especial. Por isso, estamos direcionando todos os esforços para que a gente atenda a essas áreas”, explicou o superintendente.
O Estádio Beira-Rio, palco das cinco partidas na capital gaúcha, estará entre as áreas de atuação da PF e receberá vistorias especiais em dias de jogos. Os “stewards”, como são conhecidos os profissionais contratados pela Fifa para fazer a segurança interna das arenas durante a Copa do Mundo, também serão inspecionados antes de cada partida. O esquema já foi aplicado no evento-teste do Comitê Organizador Local (COL) no jogo entre Inter e Atlético-PR, no dia 10 de maio.
Autoridades também estarão no radar da PF. O rei da Holanda, Willem-Alexander, e a rainha Máxima, que confirmaram presença no jogo da seleção do país contra a Austrália, no dia 18 de junho, serão vigiados de perto pelos agentes da PF e de outras forças de segurança.
no Beira-Rio (Foto: Polícia Federal/Divulgação)
“Haverá um comboio a ser integrado pela Brigada Militar, Polícia Rodoviária Federal e pelo Exército. Essas autoridades contarão com a segurança aproximada da Polícia Federal”, detalha Caron. “Ainda compete a nós vistoriar as áreas VIPs dentro do Beira-Rio, onde ficarão as autoridades durante as partidas. Em outras áreas do estádio, a vistoria será feita pela Brigada Militar”, destaca Caron.
Para auxiliar no trabalho, foram investidos cerca de R$ 8,2 milhões em equipamentos para o efetivo do estado. Entre os materiais estão dois robôs antibomba e escudos balísticos, além de novos veículos. Do Ministério da Justiça, serão cedidos dois veículos blindados, que serão usados na segurança de autoridades estrangeiras e nacionais. A maior parte dos equipamentos, conforme Caron, ficará no estado após a Copa.
“O legado que fica, é claro, são os equipamentos adquiridos, mas também a capacitação dos nossos agentes, com a experiência que eles vão ter na Copa do Mundo”, analisa o superintendente.
Alerta nas cidades de fronteira
As seis delegacias da PF nas cidades de fronteira com a Argentina e com o Uruguai estarão em alerta máximo muito antes do pontapé inicial da Copa. Os postos serão reforçados em razão do controle migratório, atribuição da corporação. Chuí, Jaguarão, Bagé, Santana do Livramento, Uruguaiana e São Borja receberão reforço no efetivo e atenção especial.
Como Porto Alegre receberá um jogo da Argentina na Copa, no dia 25 de junho contra a Nigéria, milhares de torcedores argentinos devem cruzar a fronteira para acompanhar a seleção de Messi e companhia. Por isso, o delegado promete agilidade no controle dos turistas nos postos de fronteira e também no aeroporto.
“Não é possível prever o número de pessoas que entrarão no estado pelas fronteiras. O que se procura fazer é montar uma estrutura adequada para que não haja filas ou demora no atendimento para imigração. O primeiro contato do cidadão de outro país que entra no Brasil é com a Polícia Federal”, destaca Caron.
As autoridades acreditam que a principal porta de entrada dos argentinos no estado deve ser Uruguaiana. A estratégia de segurança elaborada para a cidade também é mantida em sigilo, mas haverá reforço na fiscalização e a continuidade da Operação Sentinela, parte do Plano Estratégico de Fronteiras do Ministério da Justiça.
“Essa é uma peculiaridade da área de segurança: você nunca pode antecipar publicamente uma estratégia. Mas nós prevemos situações de risco. Há bastante tempo nós mapeamos o que é considerado de risco para que nenhum problema chegue a acontecer”, conclui o superintendente, confiante no trabalho desenvolvido.