10/07/2013 17h56 - Atualizado em 10/07/2013 17h56

Polícia investiga tentativa de coação de depoente no processo da Kiss

Vítima no processo teria sido abordada na rua por funcionário da boate.
Suspeito de coação teria dito que reprovou depoimento, segundo a polícia.

Felipe TrudaDo G1 RS, em Santa Maria

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Depoimentos audiência Kiss Santa Maria (Foto: Felipe Truda/G1)Sobrevivente presta depoimento na quarta audiência
da Kiss em Santa Maria (Foto: Felipe Truda/G1)

A Polícia Civil de Santa Maria investiga uma tentativa de coação de um depoente no processo do incêndio na boate Kiss. Segundo o delegado Marcos Vianna, uma pessoa ligada à administração da casa noturna teria dito que reprovou o depoimento concedido por uma pessoa que foi arrolada como vítima no processo criminal.

“Esta pessoa foi abordada em via pública, segundo o que consta em boletim de ocorrência. Quem abordou disse que reprovou o depoimento dado na fase da investigação policial”, disse Vianna ao G1.

Durante a audiência com as vítimas, uma ocorrência policial chegou ao poder do juiz Ulysses Louzada, responsável pelo caso, encaminhada pela defesa de Elissandro Spohr, o Kiko. Ele é um dos sócios da boate e também um dos quatro réus acusados de homicídio doloso no processo.

O advogado da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Jonas Stecca, disse que se tratava de uma ocorrência feita pelo suspeito da tentativa de coação, com sua versão dos fatos. O documento diz que o funcionário da boate se sente ofendido com a afirmação do autor da ocorrência.

Nesta quarta-feira (10), a Justiça de Santa Maria realizada o quinta dia de audiências com as pessoas arroladas como vítimas no processo. Seis pessoas que estavam na casa noturna no momento da tragédia que causou 242 mortes estão previstas para prestar depoimento no Salão do Júri, no Fórum da cidade. No total, 60 pessoas devem prestar depoimento.

São acusados de homicídio doloso, na modalidade dolo eventual, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, o produtor do grupo, Luciano Bonilha Leão, e os sócios da boate, Kiko Spohr e Mauro Hoffmann. Assim como nas audiência do final do mês passado, os dois primeiros compareceram à sessão de terça-feira (9) e também nesta quarta (10). A participação dos réus é facultativa.

Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro, resultou em 242 mortes. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco.

O inquérito policial indiciou 16 pessoas criminalmente e responsabilizou outras 12. Já o MP denunciou oito pessoas, sendo quatro por homicídio, duas por fraude processual e duas por falso testemunho. A Justiça aceitou a denúncia. Com isso, os envolvidos no caso viram réus e serão julgados. Dois proprietários da casa noturna e dois integrantes da banda foram presos nos dias seguintes à tragédia, mas a Justiça concedeu liberdade provisória aos quatro em 29 de maio.

As primeiras audiências do processo criminal foram marcadas para o fim de junho. Paralelamente, outras investigações apuram o caso. Na Câmara dos Vereadores da Santa Maria, uma CPI analisa o papel da prefeitura e tem prazo para ser concluída até 1º de julho. O Ministério Público ainda realiza um inquérito civil para verificar se houve improbidade administrativa na concessão de alvará e na fiscalização da boate Kiss.

Veja as conclusões da investigação
- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso no palco
- As faíscas atingiram a espuma do teto e deram início ao fogo
- O extintor de incêndio do lado do palco não funcionou
- A Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás
- Havia superlotação no dia da tragédia, com no mínimo 864 pessoas
- A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular
- As grades de contenção (guarda-corpos) obstruíram a saída de vítimas
- A casa noturna tinha apenas uma porta de entrada e saída
- Não havia rotas adequadas e sinalizadas de saída em casos de emergência
- As portas tinham menos unidades de passagem do que o necessário
- Não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas

 

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